I. Deságue (cap. 4)

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Yibo revirava-se no colchão macio.

Zhan brincava com o abajur, o acendendo e o desligando.

– Inferno! – Wang tampou o ouvido com o segundo travesseiro e jogou o corpo de mal jeito para um lado da cama.

Nada o fazia dormir, sua mente não parava de relembrá-lo de que havia flertado com um homem.

Em outro quarto, Xiao se levantou e calçou os sapatos decorados com tons vermelhos e brancos. Já havia se passado seis horas e não havia adormecido, nem ao menos havia cochilado.

Enquanto isso, do outro lado da parede, Yibo encontrava-se em pé e dobrando os cobertores que havia pegado para se cobrir durante a madrugada fria.

O rapaz de madeixas escuras destrancou a porta e recolheu o casaco azul do cabideiro. Passou pelo portal e girou novamente a chave para trancar o quarto. Quando fazia esses movimentos, alguém que havia domado suas ações na noite passada fechava a porta ao seu lado.

– Bom dia. – a voz profunda se fez presente no corredor.

Ao lado de fora do local, a neve caía em um ritmo mais lento, em uma quase dança.

– Bom dia. – sorriu coçando um dos olhos, na verdade estava tentando tirar discretamente uma sujeira.

Eles andaram pelos corredores em silêncio, indo até o restaurante da pousada. No local havia duas mesas compridas repletas de comida, Yibo foi na área onde encontrava-se os sucos naturais, Zhan o seguiu por ver que no meio daquela vastidão de cores e aromas havia jarras com refrigerantes.

Quando recolheu um copo de vidro e pegou a jarra com refrigerante, Wang lançou um olhar repreendedor.

– O que foi? – perguntou unindo as sobrancelhas escuras e bem delineadas.

– É isso que você toma de café da manhã? – arqueou o cenho e fez uma cara de desgosto.

– Sim, na maioria das vezes. – permaneceu segurando o recipiente, que transpirava por conta do gelo que boiava juntamente com as minúsculas bolhas.

– Mude seu hábito ou irá morrer cedo.  – saiu indo até a outra mesa farta, à procura de frutas e uma fatia de bolo.

– Nossa... – murmurou baixinho, sentido pela grosseria alheia – Talvez você morra também se não mudar esse humor de merda! – devolveu a bebida cancerígena para toalha bordada e pegou um suco de uva, o preferido de Fei.

Esperava que ela estivesse bem e que no final de tudo se encontrasse mais receptiva em relação a ele.

Deu licença para um casal inter-racial passar e grudou novamente em Yibo.

– Você também vai morrer cedo se não melhorar essa sua amargura matinal! – disse de modo infantil e pegou a maçã que Wang iria colocar no prato - Vou pegar uma mesa para nós.

Entre todas as reações que poderia ter, Yibo escolheu rir. Ainda pensava sobre o dia anterior. A imagem dos toques acidentais e das breves confissões não ditas, porém captadas pelo olhar.

Se assentou em uma mesa redonda que ficava grudada na parede e isolada do restante, sorriu ao notar que Zhan havia se lembrado que preferia se manter distante dos outros seres humanos, refletiu ainda mantendo a diversão nos lábios.

Começaram a realizar o desjejum em silêncio, entretanto era inevitável que pelo menos um mísero assunto nascesse. Em um dado momento iniciaram uma discussão fervorosa sobre um filme que havia alcançado muito sucesso no país de ambos, este era voltado para os gêneros: fantasia e ação. Wang defendia o vilão, no entanto Xiao batia no peito para dizer que o protagonista era o melhor.

Tons De Gelo {WY+XZ}Onde histórias criam vida. Descubra agora