Sublime, Hipnotizante e Imoral (cap.9)

232 34 29
                                    

Yibo observou a figura simples do outro, as roupas condizentes com um jovem que vagabundeava por Pequim. Os sapatos brancos, assim como a blusa; a calça e a jaqueta jeans em uma paleta azul clara. O cabelo curto e escuro, deixando o couro cabeludo visível. Talvez uma aparência muito fresca e vívida para um rosto tão apagado.

Parecia que os sapatos de Wang não eram comuns e sim alados, pois instantaneamente seus pés abandonaram a calçada e se firmaram na rua. Verificou se subia algum carro e confirmou que o local estava deserto e bastante silencioso, logo acabou atravessando.

Percebeu que sua aproximação deixou Xiao nervoso, pois o mesmo desviou o olhar e abaixou a cabeça. A cada passo que dava seu peito errava uma batida, mas no momento, o desejo de sentir o cheiro do outro era muito maior do que uma ligeira preocupação com um possível infarto.

Quando ficou de frente para outro agachou-se um pouco e mirou desengonçadamente a face alheia, consequentemente fornecendo uma breve intimidação. Foi apenas dessa maneira que conseguiu ver novamente os olhos castanhos escuros e atrativos. Zhan esfregou o nariz timidamente e arrumou a postura, agora encarando Wang da forma que deveria ter feito desde o início.

Aliás ele que havia o procurado, logo mostrar atitude se fazia necessário.

Ficaram parados, um com os lábios crispados e o outro piscando lentamente através das lentes limpas. Mas o ar, a situação e a vontade  empurraram e incentivaram os dois a quebrar a barreira que o tempo havia criado. Deste modo, Yibo envolveu os braços nas costas do mais velho e Zhan tomou a mesma ação.

Um abraço verdadeiro foi formado. Os dedos ansiosos de Xiao sentiram os ossos da coluna e a quentura que a estrutura emanava, era bom tocá-lo e até mesmo íntimo pelo tecido não ser tão grosso. As mãos trêmulas do mais novo se agarravam a jaqueta e o olfato foi agraciado pelas notas adocicadas e arrebatadoras do perfume alheio, se esquecendo que estava em um lugar público, acabou afundando o nariz no pescoço de Zhan.

Ao sentir a respiração ecoar por sua nuca e clavícula, Xiao arrepiou-se e aumentou o aperto na carne de Yibo. Com os olhos selados, se embriagou com o aroma dos fios de tonalidade mais clara. Um pouco de lascívia foi derramado em seu interior e de modo inconsequente levou a respiração precária até o ouvido do outro, e mais uma gota caiu, fazendo com que os lábios deixassem um beijo no local.

Aquilo havia feito Wang acordar do transe e se afastar dos toques com a tez rubra. Nenhum dos dois sabia o que falar, então um silêncio curto e constrangedor reinou entre eles, mas pela misericórdia de alguma força superior, Zhan disse:

– Como você está? – as mãos haviam retornado para o bolso do casaco.

– Bem. – mentiu para não se demonstrar frágil e que não ansiava por um reencontro – E você?

– Bem também. – sua língua queimou com a falácia. 

– Hm... – não aprofundou o assunto mesmo que enxergasse os olhos inchados e a face abatida.

Após um tempo pensando em uma pergunta, Wang proferiu:

– Como me encontrou?

– Pesquisei sobre você.

Yibo contorceu o cenho e houve uma breve pausa no diálogo.

– Achou coisas interessantes sobre mim? – os lumes brincaram com seu lado sedutor. 

– Muitas.

– E qual foi sua preferida? – ao escutar a frase, Xiao umedeceu a boca com a ponta da língua. 

– Sua última apresentação em Xangai, com uma pequena orquestra. – após ser sincero, analisou a fisionomia do mais novo, aguardando algum deslize.

Tons De Gelo {WY+XZ}Onde histórias criam vida. Descubra agora