CAPÍTULO 18 - CLARA ARAÚJO

33 4 13
                                    

Bom, depois daquele meu desmaio, a diretora do orfanato disse que chamou a ambulância para me levar ao hospital da cidade. Enfim, o que importa é que agora estou bem, bem na medida do possível. Não é porque que estou melhor, que significa que o meu interior estar curado... Às vezes é difícil respirar e existir, existir e viver, viver e prosseguir, prosseguir e continuar, continuar existindo...

Devido ao meu desmaio, Martín e Amy disse que viriam me ver. Quero buscar as forças que não tenho, para falar com eles pela última vez. Algo dentro de mim me impede que eu faça isso, mas eles têm uma vida sem mim, não quero atrapalhar. Isso dói muito...

[...]

- Martín, Amy. Que bom que vieram me ver! (Digo tentando demonstrar felicidade ao avistar os dois chegando na sala de visitas)

- Oiii Lizaaaa. Saudades de você. (Martín fala depois de me abraçar e dar um beijo na testa)

- Também estava com muita.

- Eai chata preferida. Como está?

- Bem na medida do possível.

- Cada um de nós queremos falar com você em particular. Eleonora disse que só teríamos 2 min pra isso, então...

- Tudo bem. Quem vai primeiro? Rsrs

- Euuu (Amy fala expulsando Martín da sala)

- Amiga, durante esse tempo que passei sem te ver, foi como se um buraco tivesse sido aberto em meu coração, um buraco tão fundo que jamais ninguém conseguirá tampar... Bom, estou muito triste com tudo o que aconteceu, foi tudo tão rápido. Tenho medo de te perder tão rápido também, tenho medo de ser a última vez que iremos nos encontrar... (Ela fala tentando controlar as lágrimas, mas sem obter sucesso, algumas atravessam o seu rosto, nesse momento eu estou toda vermelha de tanto chorar)

- Eu não sei o que te dizer Amy, saiba que se essa for a nossa última conversa... – Que vai ser – ... Eu nunca te esquecerei nunca... Talvez nós nunca mais nos veremos... – Talvez não, tenho certeza de que não nos veremos mais – ... Adeus Amy!

- Acabou o tempo Amy, agora é minha vez. (Atrapalhando nosso momento, Martín entra na sala)

[...]

- Liza eu preciso te falar algo que não posso guardar para mim pra sempre. Se essa for a última vez que te verei, quero que você saiba que...

Ele se aproxima mais de mim e sussurra:

- Que eu...

- O que Martín?

- Que eu... Eu te amo, não só como uma amiga, como uma outra coisa lá. Faz tempo que quero te contar isso, mas não conseguir. Você é uma garota única, especial e linda, sim muito linda. Qualquer garoto se apaixonaria por você à primeira vista. Se eu não for correspondido tudo bem, não vou lhe forçar a nada. Mas, saiba que esse sentimento não é de agora, desde garotinho eu...

- Olha, eu não esperava isso Martín. Mas, não posso negar que sinto algo por você além da amizade. Também tentei esconder de todos, até de mim, mas acho que não deu certo, eu tentei esconder e não pensar sobre isso, mas foi praticamente impossível. 

Nesse momento ele se aproxima mais de mim e eu sinto meu coração bater mais forte do que o normal.

- Só quero ouvir uma coisa de você

- O que?

- Que me ama também

- Eu te amo seu bobo

Ele rir e eu também

- Será que eu posso beijar essa linda donzela que está a poucos milímetros de distância? E realizar um sonho de um garotinho?

- Claro.

Nesse momento sabia que meu primeiro beijo iria acontecer e com ele.

Ele segura minha cintura de leve, e  sinto sua respiração próxima a minha, o que faz meu coração acelerar ainda mais, nossos narizes se tocam suavemente, e  então ele decide acabar o espaço que havia entre nós. Seus lábios se tocam de leve nos meus e depois mais intensamente. Estava ali agora beijando meu "melhor amigo" e me perguntando porque nunca tinha feito isso antes. (a: meu momento)

Nesse momento Amy invade o cômodo.

- Martín acabou seu temp... Jesus tô atrapalhando algo?

- Ooohh Amy, ta atrapalhando sim e muito. (Ele fala ainda olhando pra mim).

- Se quiser eu volto depois.

- Amy fique não precisa ir.

- Não eu vou deixar os pombinhos ai, tô afim de virar a tocha olímpica hoje não.

Ela sai da sala nos deixando sozinhos.

- Quero te dizer que esse foi o meu primeiro beijo. (Martín fala sem graça)

- O meu também.

- Ahh então quer dizer que foi o primeiro cara a beijar essa boquinha linda.

- Eeee sim.

- Que sorte a minha. Espero ter sido o único.

- Ciúmes?

- Talvez

Dessa vez foi eu que beijei ele. Sei lá, é tão bom a sensação de fazer isso, nunca achei que esse momento fosse chegar.

- Martín quero te dar adeus!

- Adeus como assim? Como vou conseguir viver sem você?

- Eu também não sei como. Não quero atrapalhar sua vida. Mas o tempo dirá quando haveremos de nos encontrar novamente. Se os nossos destinos forem traçados, a vida dará um jeito de nos unir outra vez, só que será pra sempre...

- Você nunca atrapalha nada em mim, pelo contrário você me preenche. Não quero te dar adeus meu amor.

- Fala de novo.

- O que?

- Me chama de amor de novo, quero ouvir isso pela última vez...

- Eu te amo meu amor

Ele me abraça e me beija de novo, e de novo, e mais uma vez para nunca mais acabar.

Continua...

Segredos dos Tatcher'sOnde histórias criam vida. Descubra agora