CAPÍTULO 14 - CLARA ARAÚJO

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Não consigo mais chorar depois de uma longa noite mal dormida. Ainda não processei tudo o que a Srtª Peterson me falou. Quando ouvir aquelas palavras pareceu que nada mais fazia sentido pra mim. Não tenho mais forças para levantar da cama e seguir em frente...

Enquanto continuava a pensar, um raio de sol invadiu o quarto, me informando que um novo dia amanheceu, o primeiro dia de muitos que passarei sem a certeza de que os meus pais estarão lá para me acordar e tomar aquele café da manhã com eles, que só minha mãe sabe fazer...

- Acorda Liza. (Amy me chacoalha e só aí percebo que dei um pequeno cochilo.)

- Já são 9:00, e você tem que anotar o que perdeu. E explicar pra gente o que houve ontem.

- Posso contar só quando encontrarmos o Martín? Quero que ele saiba também.

- Tudo bem, agora levanta e tenta melhorar essa carinha triste e cansada.

Fui ao banheiro, e quando me observei no espelho percebi que estava cheia de olheiras, resultante da noite que passei acordada...

[...]

- Oi Martín!

- Liza, que desanimo é esse? O que houve?

- Vamos lá fora, eu explico tudo a vocês.

Eles anuam

- Bom ontem quando estava prestes a subir no ônibus, a professora me chama e diz que a Srtª Madalena estava me chamando. (Começo a dizer e percebo que suas feições não estão muito agradáveis)

- Quando entrei no quarto dela, a mesma me disse algo que mudou minha vida pra sempre... (Falo tentando controlar as lágrimas)

- Liza o que aconteceu? Me fala.

- Ela me falou que houve um acidente com meus pais e, e...

- E o que?

- E... Eles não resistiram... Foi um impacto muito forte... (Consigo falar a última frase em meio a tantas lágrimas que estão no meu rosto)

- Liza, eu sinto muito... Martín fala com a voz embargada e chorando muito.

- Eu também Liza. Não sei o que te dizer agora, eu não sei. Não consigo imaginar a dor que estas sentindo nesse momento. Mas de uma coisa tenha certeza: Seus amigos nunca irão te abandonar.

- Eu sei que não Amy, eu sei que não. Tenho medo do que poderá acontecer comigo? Para onde eu vou? Não posso viver sozinha sem a guarda de ninguém... E se... (Não consigo falar mais nada, apenas chorar)

Martín me abraça e sussurra no meu ouvido:

- Liza, nada de ruim irá acontecer. Seja forte, eu sei que você consegue, eu acredito em você. Eu te amo.

- Também te amo Martín, amo muito você e a Amy. Obrigada por estarem aqui comigo, não sei o que seria de mim sem vocês. (Falo e puxo Amélia por um abraço triplo)

[...]

- Alunos iremos embora daqui amanhã, portanto arrumem suas malas e se aprontem. Assim que o sol nascer estaremos de partida.

- Bom temos que nos arrumar. Vamos Liza! (Martín me chama puxando meu braço com delicadeza)

- Estou indo...

Eu, Martín e Amy nos direcionamos aos nossos quartos para arrumar as malas. Não sei o que me espera quando voltar, não sei o que será daqui pra frente. Mas apesar de tudo, irei ser forte e seguirei em frente por eles. O que sinto agora resumirei em uma palavra: SAUDADE.

Saudade de todos os momentos que passávamos juntos, dos deliciosos quitutes da mamãe, e principalmente saudade deles. O que mais me dói é saber que nunca mais poderei tê-los comigo, nunca mais sentirei aquele abraço caloroso em família, nunca mais ouvirei a risada dos dois pela casa, ou até as "pequenas brigas" que me faziam rir. A saudade dói...

"O destino une e separa. Mas nenhuma força é grande o suficiente para fazer esquecer pessoas que por algum motivo um dia nos fizeram felizes."

Continua...

Segredos dos Tatcher'sOnde histórias criam vida. Descubra agora