Cap.1 - Investigação

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Pietra Sampaio

Acordei mais uma vez às 05:00 da manhã para conseguir cumprir minha jornada diária, fiz minha higiene, me alonguei e fui a luta, minha meia hora de caminhada matinal para manter o condicionamento físico. Me atrasei um pouco conversando com minha vizinha chata que adorava cuidar da minha vida

"- Olá Pietra, bom dia... Não devia se esforçar tanto_ela tinha que falar comigo todos os dias, parecia que ficava à espera de eu chegar da caminhada. Dona Florença até que era uma pessoa legal mas seu jeito intrometido me incomodava
- Bom dia Senhora Florença, estou sempre na correria da vida, obrigada pela preocupação_só que não! Eu disse aquilo já abrindo o portão da minha casa pra não dar muito papo
- Por que não vem jantar essa noite com a nossa família?"

Entrei em casa já era 05:45, fiz uns abdominais e fui direto pro banho, logo em seguida indo para o departamento.
Assim que cheguei, Erick me fitou no corredor, seus olhos pareciam dizer: "boa sorte".
Erick era um perito criminal, amigo meu desde da segunda semana que entrei pra polícia, sempre insistindo em uma amizade colorida, não minto que já demos uns amaços, ele era realmente lindo com aqueles cabelos loiros e olhos cor de mel, mas eu não queria me envolver.
Não demorei pra passar pela recepção, e ali mesmo fui chamada atenção pelo Delegado Arantes, meu superior. ( James Arantes)
- Agente Sampaio, por favor, na minha sala_ele disse e eu logo o segui, fiquei surpresa por ele não deixar nem eu ir trocar de roupa antes.
Não, por mais que eu fosse de carro para o departamento, eu não ia de farda, tentávamos ao máximo manter nossa identidade em sigilo.
Entrei na sala dele e o mesmo se encostou na grande mesa de madeira e eu me sentei em uma das cadeiras que tinha ali.
- Os agentes que trabalharam na madrugada prenderam um tal de Gael Morais, só que ele foi pego portando apenas uma faca no aeroporto, ele ia pegar o vôo São Paulo - Rio de Janeiro, é bem possível que seja solto, não podemos perder essa oportunidade e então quero que você o interrogue. Como você sabe, ele já é envolvido em algumas coisas_ ele disse olhando fixamente pra mim, sempre mantinha seu olhar firme, como delegado ele não podia deixar sua personalidade "amolecer", mas tínhamos uma bela relação, quase um pai pra mim.
Lembro-me de quando comecei de baixo, quando nos meus treinamentos uma voz gritava no meu ouvido pra continuar e não desistir, ele era inspirador involuntariamente.
- Não vou poder interrogar eu mesmo porque acabei de ser chamado na delegacia da PM pra vê se um sujeito tem relação com um caso, mas vou encarregar você porque sei que é a única capaz disso, esse sujeito não é fácil e é necessário que tire alguma coisa dele, Erick vai entrar lá com você, pra caso precise de alguma coisa, não o machuque, mas tire alguma informação_eu acenti com a cabeça e ele pegou um papel que tinha do seu lado na mesa e estendeu o braço me entregando_ Dê uma lida na ficha dele, pra caso tenha esquecido_ eu peguei o papel_Confio em você agente Sampaio
- Não vou te decepcionar_eu me levantei e ele se desencostou da mesa
- Não se esqueça de trocar a roupa antes de entrar lá_ele disse entre risos_ não quero que aconteça o mesmo que da outra vez_ eu ri também, me lembrei da cena vergonhosa que passei da outra vez
- Certo
Me despedi dele e fui direto para o meu armário, troquei de roupa, fechei o armário de metal e me encostei no mesmo olhando a ficha do tal de Gael.
Lá dizia que ele tinha uma suspeita de envolvimento no narcotráfico, dono de uma gangue em São Paulo, ele queria cresce-la e estava atrás de uma parceria. Tinha também algumas fotos dele se encontrando com pessoas diferentes, os caras que apareciam na maioria das vezes eram de gangues do Rio de Janeiro, esses encontros eram trocas de drogas, papéis e até apenas uma conversa.
Eu já tinha entendido tudo, lembrei-me de uma acontecimento do mês passado:

Lembranças
"Assim que paramos aquele avião cargueiro em uma área deserta qualquer, tratei de ir a cabine, em busca de alguma informação do piloto e do copiloto, o resto da equipe ficou lá atrás analisando a carga.
Abri com tudo aquela porta e dei de cara com o piloto apontando uma arma pro copiloto, já morto, com um tiro no meio da sua testa e outro no braço direito.
Me atentei e então apontei a arma pro que empunhava outra, piloto, o mesmo se tremia, estava todo sujo de sangue
- Calma, eu não vou te matar_eu disse tentando acalma-lo, aqueles olhos incrédulos e assustados pairavam sobre mim
- O que você quer?? Ele falava demais, tive que matar ele_disse se referindo ao morto do banco ao lado, ele estava fora de si
- Pra quem era o carregamento?
- Você vai me levar preso? Não me leva preso por favor, eu tenho família_ele ia se alterando
- Não, eu não vou te levar preso, se acalma, preciso que me diga quem mandou você fazer esse vôo
- e-eu-eu, eu não devia ter feito isso_vi lágrimas escorrerem pelo rosto dele, ele abaixou a arma e com a outra mão limpou as lágrimas_mas eles iam me dar um dinheiro bom
- quem?
- os traficantes de São Paulo, eu estava levando-levando... Pro Rio de Janeiro, pros Scorpions, pro.. André, André Luís..._ele disse tudo apavorado, tremendo e sem nem olhar pra mim
- André?
- o que? Ham?_ele me olhou sem acreditar_Eu falei demais, eles vão me matar! Não, não, eles vão me matar!!_gritou sem acreditar no que havia dito
Ele pegou a pistola em um movimento rápido e atirou abaixo do seu queixo, caindo pra trás.
Não demorou muito pra minha equipe chegar por causa do barulho do disparo."

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