O Guardião

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Sona abre os olhos lentamente deixando a claridade adentrar suas pupilas e cegá-la momentaneamente. O branco toma tom azul, e aos poucos ela vai identificando o céu aberto, ensolarado. A brisa toca seu rosto suavemente, como uma carícia, ao longe ela escuta o farfalhar das folhas e o burburinho de água corrente. "Onde estou?" Foi seu primeiro pensamento. Talvez sua expressão estivesse muito clara, pois ao seu lado algo se moveu e um jato de água gelada caiu sobre o rosto de Sona.

"Acorda boneca!" Disse uma voz familiar, jovial e num tom que parecia se divertir.

Sona se sentou e percebeu que estava deitada em uma superfície escorregadia, mas sua atenção foi para a sereia dentro dágua ao seu lado. A sereia possuia longos cabelos loiros que faziam um contraste com suas escamas verdes brilhosas. Ela tinha um olhar convidativo e divertido, como quem vive de bom humor. Mas o mais chocante não era isso. O mais chocante foi Sona perceber que estava no meio de um oceano, e não importava qual direção ela olhasse, tudo era apenas céu e mar. Foi então que tateando o lugar onde estava sentada, Sona percebeu que se tratava de um golfinho, que se movia quase imperceptivelmente para não a derrubar na água.

"Então, você lembra de alguma coisa que aconteceu?" Indagou a sereia.

Sona balançou a cabeça negativamente. Sua memória estava bagunçada, e apenas feixes de imagens perpassa pela sua mente quando ela tentava lembrar do que acocnteceu.

"Acontece... Eu não quis te deixar abandonada na margem do rio, então chamei meu amigo e te trouxemos em nossa viagem." Explicou a Sereia acariciando a cabeça do golfinho. Sona sente o animal vibrar de alegria e emitir sons de aprovação. "Estou indo para Águas de Sentina, vamos passar por Piltover e Zaun, para onde você vai?"

Sona suspira tentando raciocinar um plano de ação rapidamente colocando sua mão sobre o peito, o que faz a Sereia emitir um som de compreensão.

"Ah, achei que você estivesse tentando sair de Demacia..."

Sona balança a cabeça negativamente e ergue o polegar da mão como quem diz que está tudo bem. A Sereia sorri de volta.

"Então onde você quer ficar?" Indaga a Sereia, Sona suspira e olha para o céu. "Tá, já que você não fala, vamos por advinhação ok? Piltover? " Sona nega. "Águas de Sentina?" Sona nega. "Ionia?" Sona sorri e acena positivamente. A sereia alegremente diz: "Partiu Ionia então minha cara mudinha, posso te chamar assim?"

Sona gesticula de uma maneira bem basica as letras do seu nome, e a Sereia estreita os olhos enquanto tenta decifrar os gestos.

"S... Isso é um O? Ah ta, S... O... N... A... Sona?" Indaga a criatura.

Sona sorri e balança a cabeça positivamente.

"O meu é Nami, sou do mar a Oeste de Targon, estou em busca de um artefato mítico chamado Pedra da Lua, já ouviu falar?"

Sona para pra pensar um pouco e depois nega ao perceber que não sabe do que se trata.

"Utilizamos a pedra para nos proteger das criaturas da escuridão, a cada 100 anos minha tribo costuma fazer o ritual de substituição da Pedra da Lua, mas esse ano o ultimo conjurador que desceu pela fenda obscura não voltou... " Sona percebe a voz de Nami estremecer um pouco de tristeza. "E então, eu desci na fenda..." Nami suspira. "Peguei a pérola para entregar a um ser no alto do Monte Targon... Mas ele não estava lá. Estou em busca do portador da Pedra da Lua para poder proteger minha tribo, os Marai."

Sona sente o pesar da sereia doer em seu coração e fecha os olhos. Ao abri-los novamente, ela encontra o olhar de Nami e o silêncio se instaura entre as duas. Ela sabia que havia uma dor muito grande no peito da jovem, e também reconhecia a força da pequena sereia, mas não havia muito o que fazer. Sona ergue suas mãos para tocar as cordas do seu Etwahl, mas só então percebe que ele havia sumido. Ela olha para os lados e não vê seu instrumento, e uma sensação de desespero invade seu peito. Nami percebe a mudança na expressão de Sona e olha para os lados também tentando procurar o que a outra estava procurando.

Os Acordes do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora