Capitulo 2

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Hanniel

- Promete que vai me ligar todos os dias ? - Brianna questionou.

Essa semana foi intensa. Eu não tive sonhos e de alguma forma, senti falta. Mas eu ainda sentia aquela presença me rondando. Tive que pedir transferência no colégio e arrumar tudo para morar com meu avô. Meus pais tinham bastante dinheiro, descobri isso recentemente quando leram o testamento. Mas eu só posso tomar posse dos meus bens quando for maior e idade.

- Prometo, Bri. Queria que você fosse comigo. Não quero ficar lá sozinho. - Choraminguei. Ela era minha melhor e única amiga desde sempre.

- Se você der sorte, talvez não esteja sozinho...- Eu a belisquei. - Aí! Hanniel!

- Não fale disso aqui. - Repreendi baixinho. - Meu tio pode ouvir.

- Desculpa. Você ainda não me prometeu. - Ela cruzou os braços.

- Tudo bem, vou ligar para você todos os dias. - Prometi. Beijei seu cabelo, com os fios agora coloridos e suspirei.

- Vou sentir sua falta. Eu não falo com mais ninguém naquela escola...

- Vai ser só por algum tempo. - garanti.

- Han, vamos? - Meu tio chamou. Me despedi da Brianna e entrei no carro.

Fomos em silêncio por um bom tempo. Eu só imaginava como seria minha vida daqui para frente. Meu avô nunca foi um homem muito carinhoso ou bondoso. Estava mais para frio e calculista. O único que me tratava bem era o meu tio.

- Hanniel? Está tudo bem ? - Ele perguntou.

- Sim, apenas pensando sobre como serão as coisas. - Expliquei.

- Eu sinto muito que você tenha que ficar lá. Seu avô não é um homem muito fácil. Mas definitivamente, não queria que você dormisse naquela casa ou ficasse naquele terreno. - Ele suspirou pesadamente, passou a mão pelo cabelo, tentando se acalmar e focar na estrada.

- O que tem de tão especial naquela casa ? É só uma casa velha, não? - Sondei.

- Existem coisas que você não entende ainda. Coisas sérias que envolvem a nossa família e especialmente você. Existe um motivo para seu avô não gostar de pessoas estranhas no terreno e por você estar proibido de ir naquela floresta. - Ele respondeu, visivelmente tenso.

- É mal assombrada ? - Brinquei.

- Pior, bem pior. Entrar naquela floresta faria seus piores pesadelos ganharem realidade. - Ele parecia apavorado.

- Você já entrou. - Concluí. - Você desobedeceu o vovô e entrou lá.

- Sim e foi um dos meus piores erros. Eu e seu pai nunca dormimos bem naquela casa; mas depois de entrar naquela floresta, eu me mudei no dia seguinte. - Eu franzi o cenho.

A criatura o assustava tanto assim ? Porque não tinha o mesmo efeito comigo? Porque meus pais quase nunca me traziam aqui? Eles disseram que era perigoso me ter ali, mas eu nunca entendi.

- Existe algo escondido na floresta ? - insisti. Eu precisava de informações.

- Nunca te contaram a história, não é? Ninguém nunca parou para te contar. Achavam que você estaria mais seguro assim. - Ele balançou a cabeça. - Todos tolos.

- Me explique. Temos tempo. Por favor...- Supliquei.

- Nossa família é dona daquela propriedade há séculos. Há muito tempo atrás, o primogênito do nosso ancestral que estava no comando, nasceu doente. Ele só tinha filhas e elas não poderiam assumir. Ele nunca abriria mão da propriedade, pois era o maior orgulho deles. Então dizem que ele pediu aos Deuses que curassem o pobre menino, implorou a todos os Deuses existentes e um deles atendeu seu pedido. - Ele mantinha os olhos focados na história, enquanto eu mantive meus ouvidos atentos a história. - Mas tudo tem um preço.

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