Conto Cinco - Parte 1

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Poucas coisas me irritavam profundamente, uma delas com certeza era ficar fazendo barulho com canudo quando a bebida já acabou.

— Vou matar você — informei Letícia enquanto ela continuava a chupar o copo de vodca mesmo não tendo mais bebida.

Ela sabia que eu não gostava, as vezes acho que faz para me irritar, mas na maioria deve ser só mal costume.

— Você reclama do meu mau humor, mas está azeda tem dias — falou desistindo de raspar o copo e deixando-o na mesinha de centro, descansando os pés em cima dela em seguida.

Estávamos relaxadas no sofá de casa, era domingo à tarde e nós estávamos esperando um grupo de amigos da faculdade da Let, mas como não éramos obrigadas já começamos o esquenta antes mesmo deles chegarem.

— É só você não ficar fazendo barulho irritante que eu não fico azeda —resmunguei rolando a tela do celular despreocupadamente, sem prestar muita atenção em nada.

— Credo, pelo menos meu humor melhora com cachaça, acho que você precisa de outra coisa mais gostosa — comentou mexendo na sua rede social.

Parei por um instante e me toquei que de fato era isso que eu precisava, tinha semanas que eu não saia com ninguém, a última vez tinha sigo aquela burrada imensa que eu ainda me culpava incansavelmente.

A primeira semana acabei não fazendo nada porque ainda havia resquícios da noite com o doutor na pele; na minha bunda tinha as marcas dos seus dedos, nos punhos as marcas das suas amarrações, fiquei sem virar para esquerda por mais de dias devido a dor no pescoço, meus seios então nem me fale, ainda mais sensíveis que o normal, até o roçar da blusa estava me incomodando.

E a cada passo que eu dava me lembrava do doutor, em seguida de Letícia, depois só me culpava por ser tão cega as vezes.

Seria eufemismo invocar a desculpa de que sou loira?

Ridículo, mas eu precisava culpar algo além da minha burrice e falta de bom senso. 

Na semana seguinte meu corpo já estava ótimo, mas com a promoção no trabalho acabou que os currículos que tínhamos recebido na assessoria já não serviam e fiquei duas semanas ocupando os dois cargos até acharmos uma nova recepcionista.

Em uma empresa consideravelmente grande como aquela, ocupar dois cargos era desgastante demais, ainda mais que eu não fazia ideia de como ser uma boa secretária, então fiz o possível durante o expediente, mas me vi saindo todos os dias depois das sete da noite para conseguir dar conta do serviço.

Pelo menos eu estava feliz por Martha estar satisfeita com meu desempenho, mais feliz ainda pelo que recebi de extra no final do mês.

De fato, meu humor azedo era por falta de uma pegada.

— Você está certa, acho que nem lembro mais o que é sexo — digo dramática e bem exagerada.

— Quem diria que minha amiga "sexo nem é tão bom assim" viraria essa viciada por macho — Let riu enquanto levantava para encher o seu copo, já estendi o meu para que enchesse também.

— Viciada por macho não, porque não corro atrás de ninguém — afirmei rindo, nem eu mesma diria que um dia gostaria tanto de sentir e dar prazer.

— Pois deveria, acho que estamos ficando velhas para essas coisas — no seu rosto tinha um meio sorriso enquanto me devolvia o copo cheio de bebida. — Pelo menos eu estou — acrescentou voltando a se sentar no sofá.

Olhei para ela desconfiada, o coração apertado por saber realmente o motivo do seu comentário e não poder lhe dizer como ou conversar sobre isso.

— Não quero pensar sobre isso agora, quero só meu dinheirinho na conta no final de mês e uns bons orgasmos no meio tempo — afirmei tomando mais um gole da bebida.

— Credo Angel — exclamou horrorizada.

— Falou a Virgem Maria, estou com vinte e um, não com quarenta anos e cinco gatos — comuniquei minha amiga enquanto ela se levantou para atender o interfone.

Letícia liberou os amigos para subirem e me ajeitei no sofá ficando com uma postura mais ereta.

Faz um tempo que Let vem querendo me apresentar seus novos amigos, mas acabou que fiquei adiando e adiando até hoje, que realmente não consegui fugir da social.

Nada contra eles, mas as vezes ser sociável me dava um pouco de preguiça, se é que me entende.

Divaguei rapidamente enquanto ela atendia a porta e era toda sorrisos e risadas, levantei para cumprimentar as visitas e quase cai de costas com as amizades.

Ou eu realmente estava precisando transar, ou Letícia tirou esses amigos de um filme pornô. Uma orgia pornô para ser mais exata.

Devo ter ficado um bom tempo embasbacada, parada igual uma idiota com a boca semiaberta e sentindo meu queixo ir ao chão.

Duas loiras me cumprimentaram primeiro, elas eram muito parecidas, ambas tinham o corpo bem magro com silicone nos seios, nariz arrebitado e queixo bem desenhado, olhos claros e se vestiam parecido, provavelmente eram irmãs, chutando alto diria que gêmeas, o que diferenciava uma da outra é que uma loira tinha cabelos escorridos até a bunda, enquanto a outra estava com o loiro cortado em um chanel clássico.

Atrás delas estava um moreno de parar o trânsito, vestia uma regata que fazia seus músculos saltarem para fora da vestimenta, a calça apertava os músculos da perna, cabelo bem curto raspado na máquina com dois riscos laterais, uma barba bem cheia e muito bem desenhada, seu rosto pintado a mão em traços fortes e marcantes, a boca carnuda e os olhos escuros como a noite só completava o pacote de menino malvado. Sentava numa boa.

Em seguida chegou um loiro de olhos claros, forte, porém uma linha mais slim que o moreno, também de regata, cabelos cacheados, boquinha fina em formato de coração, sua pele era toda tatuada e um sorriso extremamente branco e alinhado não saiu do seu rosto, parecia um tubarão pela quantidade de dentes que ele mostrava ao sorrir.

Como se não bastasse, para a orgia ficar completa tinha mais dois ruivos, provavelmente irmãos também, mas não eram tão parecidos quanto as loiras, um aparentava ser mais novo, com os cabelos penteados para trás, porte atlético como os outros e um ar brincalhão no rosto, enquanto o outro parecia ser um pouco mais velho, mais sério, os olhos verdes queimavam nos meus enquanto sentava-se a minha frente junto com uma long neck que Letícia entregou em algum momento do meu delírio.

Só podia ser sacanagem.

Da onde que ela me tirou esses amigos?

Ou foi da casa liberal ou de um pornô, não é possível que coincidentemente todas essas pessoas exageradamente bonitas estavam na minha sala sendo apresentadas como amigos da faculdade.

Amigos da faculdade uma ova, essa vaca quer me fazer participar de uma orgia, isso sim!

Papinho de sossegar o facho é nada, cara de pau!  






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