CAPÍTULO 09. Final Feliz (Jørn)

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Quando Finn me convidou para ir a Londres com ele, eu não estava esperando, nunca, que ele falasse isso e precisei de uns segundos para analisar até responder algo para ele.

– É claro que sim! É lógico que eu vou, Finn – o abracei e dei vários beijos em sua boca até que cheguei perto do seu ouvido para cochichar – que pena que a gente não está na casa do seu pai, queria comemorar direito.

Ele deu uma risadinha e me puxou pelo pescoço para continuar com os beijos.

– E se a gente fosse para o quarto de Haakon? – ele disse, quando estávamos sem ar e precisávamos parar um pouco, olhando nos meus olhos e passando a mão no meu cabelo, do jeito que ele sempre fazia.

A ideia de fazer qualquer coisa no quarto do meu melhor amigo parecia errada demais, então eu só balancei a cabeça que não, fazendo com que ele desse uma risadinha.

– Tudo bem, amor. Quando a gente estiver em Londres nós poderemos comemorar. Vai ser ótimo ter você lá. Nós vamos nos divertir tanto, eu vou te apresentar meus amigos e levar você a todos os lugares bonitos! – Enquanto ele falava isso eu encostei a cabeça no seu ombro e sorri.

Parecia que enfim tudo estava se resolvendo para mim. Eu não precisava mais me preocupar com o que o pessoal do colégio falaria porque eu iria embora, e com certeza os amigos do Finn eram todos tão cabeça aberta quanto ele. É claro que eu sentiria saudade do Haakon, que fora o Finn, foi a única pessoa que sempre me apoiou, mesmo sem eu saber.

Lembrei de todas as vezes que Haakon esteve ao meu lado, me dando um lugar para dormir quando era insuportável ficar em casa, me animando com alguma história engraçada sobre o que a sua mãe tinha aprontado e me amando, do jeito dele. Depois que Finn apareceu, eu entendi que Haakon gostava de mim exatamente como eu era.

Entretanto, pensar em tudo isso fez com que eu focasse no meu primeiro problema. Eu não poderia apenas levantar, correr para os braços de Finn e ter o meu final feliz. Eu tinha que no mínimo avisar os meus pais que eu ia sair daquela casa.

Haakon chegou na cozinha e eu desencostei de Finn, ainda não estava acostumado com a possibilidade de ser abertamente gay perto do meu melhor amigo. Ele queria que Finn fizesse caipirinha para Noora e Agathe, ele se virou para a bancada e iniciou a mistura das bebidas com as frutas. Enquanto os dois conversavam eu continuei pensando na possibilidade de ir embora para Londres, de forma mais racional.

A primeira coisa a ser feita para que eu pudesse planejar a viagem, era, é claro, avisar meus pais. E esse era meu grande problema. Como eu iria falar de forma convincente para eles que eu ia para outro país com um menino que conheci a menos de um mês. E que essa viagem iria acontecer porque eu sabia que era gay desde sempre e tinha que ficar o mais longe possível deles para diminuir a quantidade de coisas feias que a minha cabeça criava por causa do que eles me ensinaram.

Eu ficava pensando em como começar a conversa. O que eu falaria? "Pai, mãe, eu vou embora estudar em Londres com um amigo novo que eu fiz." Podia falar que eu teria mais oportunidades para passar em uma faculdade boa, mas isso não faria sentido já que faltava tão pouco para eu terminar o colégio. E se eu explicasse que ia fazer faculdade em Londres e por isso já queria ir logo para conhecer a cidade?

Nada parecia convincente o suficiente e eu tinha certeza de que eles teriam mil perguntas para mim, as quais eu não conseguiria responder, porque a única coisa que eu sabia da vida Finn em Londres era que a sua mãe viajava muito. Nós tínhamos que conversar antes sobre os detalhes como: onde eu ficaria, eu e Finn dividiríamos o seu quarto, sua mãe queria que eu pagasse alguma coisa, ele tinha perguntado para ela se eu poderia ir e ela estava me esperando lá. A cada minuto uma dúvida nova aparecia. 

De mãos dadas em Tøyen (história gay) AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora