CAPÍTULO 13. Alex (Finn)

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– Finn, querido, você tem que dar tempo para ele. Mesmo porque você veio para cá para analisar se sentiria saudade o suficiente para voltar e deixar tudo isso para trás, não é mesmo? E você não vai conseguir fazer isso se você não sair do celular!

Minha mãe disse depois do meu surto com a última mensagem que Jørn tinha me enviado.

– Que tal se você ligar para o Alex e ver o que ele tá fazendo? Sai um pouco dessa casa, dá uma volta na rua, vai ver pessoas e ser jovem. – ela falou puxando a minha perna até eu quase cair da cama.

Eu me encontrei com Alex depois do almoço em uma livraria que ele gostava de ir. Ele era maluco por histórias em quadrinho, e aparentemente essa era a melhor livraria de HQ que tinha na cidade, com os livros mais desconhecidos e valiosos.

Assim que eu cheguei perto dele, ele me deu um abraço gigante e disse que estava morrendo de saudade de mim. Fiquei um pouco surpreso com isso, para falar a verdade. Eu e Alex somos amigos desde sempre, e eu posso contar nos dedos as vezes que ele me tratou de forma tão carinhosa, mas acabei deixando esse pensando de lado quando começamos a planejar o nosso dia.

Nós passamos o dia passeando e olhando livros.

Alex me contou o que eu tinha perdido, algumas fofocas na escola, quem ficou com quem e quais namoros terminaram. Depois de algum tempo paquerando uma versão antiga do x-men que Alex ainda não tinha, eu resolvi comprar para ele, o que fez com que me pagasse uma cerveja, como agradecimento, em um bar que a gente sabia que não certificava se o cliente tinha mais de 18 ou não.

Bebemos até o bar fechar e Alex achou que seria mais fácil se nós fossemos para a sua casa. Eu não entendi muito bem a sua lógica, mas estava bêbado demais para argumentar sobre o tópico, só sei que a próxima coisa que eu me lembro era uma cama quentinha embaixo de mim.

– Cara – Alex falou antes de dormirmos, ainda bem bêbado. – Que bom que você voltou, aqui não é tão divertido sem você. – poucos segundos depois ele já estava dormindo, e eu, é claro, comecei a pensar.

Eu não esperava que o dia fosse tão gostoso assim, na verdade, eu estava mais do que preparado para passar o dia inteiro pensando no Jørn e reclamando que ele não estava perto de mim, mas foi bom ouvir as novidades da escola e tudo o que eu perdi. Alex não fez nenhuma pergunta sobre o que aconteceu em Oslo e eu não contei, não sei porquê.

Entretanto, quando eu fechei os olhos a única coisa que eu vi era Jørn, seus olhos verdes, os cachinhos macios que eu adorava passar a mão, os lábios – o jeito que ele me beijava, mas principalmente como ele ria.

E, porque o meu cérebro não parava na hora que deveria, eu lembrei da primeira vez que ele estava deitado comigo na cama, não da parte animada de tudo, mas quando ele deitou no meu peito e só assistiu o filme.

Era gostoso sentir o peso do seu corpo no meu, no começo tenso e nervoso, mas com o tempo ele foi relaxando e ficando mais pesado ainda – estranhamente não foi desconfortável. Eu gostei, mesmo se nós não tivéssemos feito nada além de ficar deitados juntinhos assim, já estava bom.

Eu sabia que se eu não voltasse para Oslo eu iria encontrar outros rapazes e outras meninas e pessoas em geral. Estava apenas no último ano do colégio, eu tinha a minha vida inteira pela frente para conhecer outras pessoas. E, para falar a verdade, não tinha certeza se eu era o tipo de pessoa que acreditava em almas gêmeas, mas algo no Jørn me fazia questionar se eu não deveria largar tudo e ficar do seu lado.

Assim que pensei nisso, eu me lembrei que Rob e eu não namoramos porque eu queria curtir a vida, conhecer outras pessoas e outros corpos, e não ficar preso a alguém. Não sei se tinha sido uma escolha madura ou não, mas na época a única coisa que pensava era que ia começar o último ano do colégio e logo iria para faculdade e eu não poderia aproveitar se estivesse em um relacionamento.

De mãos dadas em Tøyen (história gay) AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora