CAPÍTULO 01. Vivendo na Noruega, agora (Finn)

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Meus pais se separaram quando eu tinha apenas 5 anos de idade. Daquela época eu lembrava que eles sempre estavam discutindo e o meu pai saia do cômodo enquanto minha mãe ainda estava falando, o que a deixava muito mais brava. Depois que as brigas começaram passou pouco tempo para que o casamento acabasse.

Minha mãe me contou, depois, que tinha percebido que estava mais interessada em trabalhar e ser bem sucedida na sua profissão do que fazer janta para o meu pai toda noite enquanto ele ganhava dinheiro.

Então, ela saiu da nossa casa e começou a trabalhar cada vez mais e enviar currículos para inúmeros jornais, até que recebeu uma proposta em Londres e nós dois nos mudamos de Oslo para a nova cidade.

Ela dizia que a única coisa de tradicional que amou foi ter sido minha mãe, que nunca se arrependeria e nem me deixaria para trás. Às vezes eu acho que ela repetia isso para que eu não me sentisse como um peso ou um erro, igual ao seu casamento. Mas eu nunca pensei isso, eu achava o máximo minha mãe ter ido atrás dos seus sonhos. Não é todo mundo que tem coragem de abandonar os padrões da sociedade e ser feliz.

Eu tentava fazer o mesmo, sempre sendo corajoso com os meus sentimentos.

E é por causa disso que quando nós chegamos em Londres eu corria atrás de todas as oportunidades que eu achava que me fariam feliz. É claro que, como eu era criança ainda, ser corajoso com meus sentimentos significava mostrar um desenho novo para o meu coleguinha tentando não me preocupar com seu julgamento, ou pedindo para tia deixar eu responder uma pergunta, mesmo se eu não tivesse certeza se estava certo.

Quando fiquei mais velho eu encontrei coisas um pouco mais assustadoras para fazer, mas como o meu coração pedia eu sabia que eu tinha que tentar. Como a primeira menina que eu beijei ou a primeira vez que eu experimentei maconha e, acho que o meu maior ato de coragem, quando contei para minha mãe que eu não gostava só de meninas.

Assim que contei ela achou que eu era gay e estava com vergonha de falar, e para falar a verdade eu também tive minhas dúvidas, mas mesmo depois de ter ficado com o primeiro menino que me chamou atenção, eu continuava muito interessado nas meninas.

No começo do ano eu encontrei um cara em uma festa do pessoal do colégio. Eu não o conhecia e depois fiquei sabendo que ele era irmão do dono da casa e por isso que estava lá. Rob estava no primeiro ano da faculdade e era quase tão alto quanto eu, com cabelos escuros e vários músculos. Eu simplesmente não conseguia parar de olhar para o seu corpo.

Comecei, então, a flertar, pareceu algo instintivo para mim. Para falar a verdade, eu me divertia bastante dando em cima das meninas – de maneira educada e sem ultrapassar qualquer limite, é claro. E quando vi Rob eu sabia que tinha que tentar algo e queria testar minhas habilidades de paquera com esse menino maravilhoso.

Conversei um pouco com ele sem conseguir tirar os olhos daqueles braços, pensei que era melhor do que fixar nos seus lábios grossos, mas senti que deixei na cara minhas intenções porque em poucos minutos nós começamos a nos beijar. Ele empurrou seu corpo no meu, até me encostar na parede e eu pude passar a mão por todos aqueles músculos,  suspirando um pouco alto demais quando ele mordeu meu lábio.

Enquanto recuperava o fôlego ele me beijava no pescoço e passava a mão em meu tronco. Meu corpo inteiro sentia alguma parte dele e foi uma das experiências mais fascinantes que eu tive e não queria que nunca mais acabasse. Quando eu estava pronto para dar o segundo passo, pela primeira vez, com um menino, eu escutei meu amigo Alex me chamando e olhando assustado para mim.

– Você é gay, Finn?

Ele ficou alguns segundos me olhando e eu tive que deixar aquele cara extremamente gato e ir conversar com o meu amigo, que por sorte, mesmo estando assustado com a cena, não se importou com o fato de estar beijando um menino.

De mãos dadas em Tøyen (história gay) AMOSTRAOnde histórias criam vida. Descubra agora