Bohyuk Quebra o Guarda-Roupa

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Eu gosto quando você dorme, porque você é tão bonito, mas tão inconsciente disso...

Dizia o bilhete deixado por Mingyu.

Agora, eu acho que compreendo como as garotas se sentem após serem abandonadas por cafajestes como eu e Mingyu depois de uma noite daquelas.

Visto o meu uniforme, conto algumas moedas do meu bolso e saiu daquele motel barato à procura de um ponto de ônibus.

Vou direto para a casa de Seungkwan, e me surpreendo por ele estar lá. Era pouco mais de meio-dia e deveríamos estar na aula.

— Por que não foi para a escola? — questiono, enquanto Seungkwan trancava a porta de seu quarto.

— Desde quando o interrogatório é para mim? — ele se senta ao meu lado na cama. — Onde esteve ontem?

— Em casa... — minto.

— Me engana que eu gosto. — ele ri. — Bohyuk estava feito um louco te procurando.

— Não procurou nos lugares certos.

— Onde estava?

— Lugar nenhum.

— Certo... — Seungkwan cruza os braços. — Com quem esteve?

— Mingyu.

— Mingyu sumiu faz treze dias.

— Agora voltou e somos amigos, ou algo do tipo... — reviro os olhos. — Fomos para uma boate...

— E...?

— E ele pagou umas prostitutas para mim... — sorrio.

— Prostitutas são extremamente caras; ele não pagou.

— Talvez ele tenha pago... — disse eu. Seungkwan faz bico. — Eu tenho uma ótima fofoca para você! — falei, sorrindo.

— Diga-me! — ele estava animado.

— Você tem que jurar que tal coisa não será espalhada!

— Minha boca é um túmulo! — ele sorria.

— Tem que jurar de verdade... —  estendo meu dedo mindinho e Seungkwan aperta o seu com o meu. — Boatos que... Mingyu e Minghao, o transferido da China, já tiveram noites quentes...

Seu sorriso muda para uma cara de surpresa que nunca havia visto Seungkwan fazer.

— Isso é muito aleatório! Aposto mil wons que Minghao ia por baixo... — ele ri, enquanto eu olhava para o chão, vidrado, pensando se o que eu acabara de fazer estava certo. 

— Na verdade, Mingyu é bem manhoso quando vai por baixo... — disse eu, sem pensar; quando coloco os olhos em Seungkwan, ele me fitava. — O quê foi?

— Como sabe disso?! — eu não respondo. — Então as prostitutas que Mingyu pagou para você eram Mingyu, em questão? — ele ri. — Você é muito surpreendente! Não acredito que todos nessa cidade são gays, menos Hansol... — reclama. — Talvez Deus me odeie mesmo, deve ser verdade quando dizem que Ele odeia os gays.

— Ah... Tem um dedo de Wonwoo nisso, também... — sorrio amarelo.

— O quê você fez dessa vez? — questiona

— Antes disso tudo, eu disse para Hansol se fazer de difícil e, de repente, você apareceu com Soonyoung!

— Eu não acredito que você fez isso!

— Sem falar que nem eu nem Mingyu somos gays!

— Como não?

— Não somos e ponto-final!¹*

Depois de uma discussão exaltada sobre sentimentos e tudo mais, peço licença para Seungkwan pois eu estava com sono.

Acordo com Soonyoung aos beijos e gracejos com meu amigo anfitrião:

— Merda, Seungkwan! — disse eu, me sentando na cama e coçando os olhos.

— Desculpe, Wonwoo... — Soonyoung ria com seus olhos apertados sentado na beira da cama, enquanto Seungkwan se sentava em seu colo. — Bohyuk estava à sua procura hoje...!

— Ah, Bohyuk... — junto o máximo de roupas minhas possíveis, enquanto Seungkwan perguntando:

— Vai para onde?

— Lugar nenhum. — bato a porta, dizendo: — Amo vocês!

Vou o mais rápido possível para a minha casa. Ela estava muito silenciosa em comparação à última vez que eu a adentrei.

Bato a porta e escuto algo caindo no andar de cima.

Subo correndo para o quarto da minha mãe, onde o estrondo havia ecoado. Tudo estava normal, a cama estava arrumada, o pôr-do-Sol entrava pela janela, só o guarda-roupa que estava caído com as portas em direção o chão. Da parte de trás do guarda-roupa, Bohyuk quebra a madeira e sai de dentro do móvel.

— Olá. — disse ele.

— Você está bem, Bohyuk? — pergunto, ofegante por ter subido as escadas correndo e ter andando dois quarteirões até chegar ali.

— Sim.

— O que estava fazendo dentro do armário?

— Eu só estava... Vendo o que mamãe levou embora com ela.

— E o que ela levou?

— Meio que levou tudo. — ele sorri com lágrimas nos olhos.

— Você acha que ela se mandou?

Bohyuk abaixa os olhos.

Revirei a casa a procura de algum bilhete, alguma coisa que explicasse a saída repentina da mamãe, mas não encontrei nada.

Bohyuk passou o resto da tarde em seu quarto e, quando beirava oito horas da noite, eu fui até lá.

— Bohyuk... Abra a porta, por favor... — disse eu, encostado com a cabeça na mesma.

Ele a abre com os olhos vermelhos.

— Se você não tivesse ido, mamãe estaria aqui.

— Não diga isso...

— A culpa é sua! — ele se deita de bruços na cama. — É toda sua! — me sento ao seu lado, dizendo:

— A realidade é assim mesmo; as pessoas morrem, as pessoas mudam e vão embora...

— A realidade me machuca. — ele se senta, chorando.

— A realidade te machuca porque você é sensível.

— Você não pode dizer isso! Só porque a sua vida está ferrada, não tem direito de ferrar a dos outros! — me levanto e ando em direção à porta. — Vá em frente! Não enfrente isso mais uma vez, e vá embora! Como você sempre faz, você sempre foge! Vá! Me surpreenderia muito se você ficasse... Não acredito que alguém possa ficar...

— Olha só, — me viro a Bohyuk, furioso e gritando. — eu também sinto! Sinto pelos dois! Sinto como se errasse todos os dias depois da morte do papai! Sinto pela mamãe ter se mandando! Eu sei que está frágil mas eu também estou! — ele se encolhia na cama.

Bohyuk começou a chorar de soluçar e isso me surpreendeu muito. Ele não era de chorar deste tanto.

Me sento ao seu lado e digo baixinho:

— Agora, somos eu e você, Bohyuk... Preciso que seja forte. — enxugo suas lágrimas.

— É assustador como tudo pode dar errado tão rápido... — sibila entre soluços. — Eu sei que é tortura, Wonwoo, mas fique comigo... — eu o abraço forte. — É muita gente e ninguém ao mesmo tempo...

— Quer sair para comer alguma coisa?

— Estou muito deprimido para sair, porém com muita fome para ficar. — ele riu.

E, o que eu aprendi foi algo que eu já sabia: a vida continua.






NOTAS:
¹* Gente, não sei se vocês sabem mas bissexualidade é algo bem "atual", ou seja, nem nesse século algumas pessoas sabem lidar com tal assunto, imagine no século passado...

Nowhere BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora