— Wonwoo! — chama Jeonghan, entrando no quarto de seus pais.
Eu estava sentando na varanda com Mingyu; infelizmente, Seungkwan estava certo, eu e Mingyu nos demos bem. Ele era uma pessoa fácil de gostar, gentil e ria de qualquer porcaria que lhe falasse.
— Bohyuk desmaiou em cima da mesa de jantar. — avisa Jeonghan.
Reviro os olhos e deixo meu copo de uísque nas mãos de Mingyu, que perguntava:
— Você conhece Bohyuk? — não respondi, apenas fui em direção à mesa de jantar.
Bohyuk tinha essa fama de bebe-e-cai, então, como um bom irmão mais velho, disse-lhe para não contar a ninguém que somos irmãos.
Ele estava de bruços, vomitando no chão, quase se deitando na poça de seu vômito; fiquei com tanto nojo que paralisei. Estava de pé, à dois metros, observando a cena caótica. De longe, Bohyuk cheirava a todos os tipos de bebidas que homem conhecia e desconhecia.
— Vem — passo seu braço direito pelo meu ombro com delicadeza e nojo; o ajudo a levantar e começamos a caminhar a passos lentos. —, vamos pra casa.
O meu lar não se parecia com a pacata casa da família Jeon; muito pelo contrário, tocava I've Got a Woman, de Ray Charles, de um modo tão alto que eu sentia que, a qualquer minuto, as janelas poderiam explodir em mil pedacinhos. Não sabia que uma vitrola poderia fazer um barulho tão alto e estrondoso como este.
Mamãe estava sentada no sofá com um copo de vinho tinto na mão, agindo como se esse barulho fosse apenas fruto da minha imaginação. Ela sibila alguma coisa ao ver-me. Claro que não escutei.
Jogo Bohyuk, que ria, ao seu lado e desligo rapidamente o aparelho; Mamãe estava com lágrimas nos olhos, já estava pronto para ouvir o pior, fico parado à sua frente no sofá e recebo a bomba:
— Ele morreu.
Você conhece aquela horrível sensação de estar subindo a escada, pensar ter mais um degrau e estar completamente errado? Quando você pisa em falso, pensando que algo estará ali para lhe salvar, mas não há nada... Foi exatamente o que eu senti. Meu coração se partira em dois.
Solto um riso tosco que parece ecoar na minha mente; mamãe me fita com seus olhos severos e decepcionados. Eu, realmente, não sabia de onde essa risada tinha saído.
— Você está rindo, Jeon Wonwoo? — ela não dá tempo para eu responder. — Você não tem coração mesmo... — então começou uma cena de que eu nunca tinha visto anteriormente, Jeon Seowon se derramando em lágrimas e soluços.
Era inacreditavelmente triste.
— Saia daqui, imediatamente. — disse ela, olhando para o chão.
Faço o que foi pedido.
Mesmo estando em um relacionamento nada saudável, ela estava triste ao ponto de chorar na frente dos filhos. Ela não deu a mínima para o fato de Bohyuk estar bêbado pela terceira vez essa semana.
Não sabia por quanto tempo as minhas pernas me aguentariam. Estava andando fazia alguns minutos em direção à casa de Jeonghan; acho que aquele era o caminho certo.
— Wonwoo — Seungkwan se senta ao meu lado, no grande gramado da escola. —, soube o que aconteceu... — não respondo. — Não deveria ter vindo... — continuo em pleno silêncio. — Eu achava que tinha medos, mas são comuns. Dor... Morte...
— Não eu. Temo a vida.
— Você está bem, Wonwoo? — ele franze o cenho, preocupado.
— Seria agradável para eu dizer que sim e fingir que eu sou um cara durão, mas eu não sou tão durão assim.
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Nowhere Boy
Teen FictionEm pleno anos 1963, Jeon Wonwoo, um amante de música, filmes e garotas, tem que lidar com a paixão-platônica-inexplicável de seu amigo homossexual, que esconde esse segredo de todos, e os problemas em casa, como o excesso de bebida que seu irmão mai...