As Dobras

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Eu não acredito que estou revendo o Castiel na minha frente. Se bem que eu deveria esperar por isso, afinal quem mudou de cidade fui apenas eu. Ele está mais maduro, seus cabelos continuam vermelhos e agora seus braços são cobertos por tatuagens. Esse visual lhe caiu bem, um verdadeiro astro do rock eu diria. Mas ainda não faço ideia de como reagir, e no entanto foi tão fácil abraçar o Nathaniel quando ele chegou, não sei porque eu estou travada. Castiel coçou a garganta, me tirando dos meus questionamentos:

- Então você voltou da Itália... - O ruivo cruza os braços de uma forma que só ele sabe fazer. - Foi excitante a vida de universitária por lá?

Eu entendi o que o Castiel estava insinuando. Parece que o humor ácido e a nossa intimidade ainda prosseguem. Eu o conheço suficientemente bem para saber que a minha melhor opção ao receber uma frase ambígua vinda dele é concordar:
- Podemos se dizer que sim...

- Descobriu o silicone italiano também? - que cretino. Depois de todo esse tempo ele ainda faz piadinhas sobre os meus seios.

- ahaha, engraçadinho. - revirei os olhos- saiba que o único procedimento estético que eu fiz foi esperar a natureza agir. Eu bem te disse que tinha muito tempo para crescer ainda.

Nós sorrimos um para o outro, em sinal de cumplicidade. É inexplicável a minha relação com o Castiel, a nossa conexão é surreal. Sinto que a nossa amizade, é de longe, uma coisa muito preciosa que temos. Eu passei um bom tempo sem vê-lo, mas parece que nada mudou entre nós. Eu queria que tivesse sido assim com o Lysandre também...

- Eu não gostaria de incomoda-los, mas acredito que todos temos horários, não? - E falando no diabo...

- Ah, vocês ainda estão... - antes de Castiel terminar a frase, Lysandre o interrompe:

- Não estamos! Coincidentemente Danielle trabalha aqui.

- Sim, é o meu primeiro dia. -sorri e me coloquei à postos. - gostariam de pedir?

Castiel puxou uma cadeira e se sentou na frente de Lysandre. Eu adoraria perguntar sobre essa história de astro do rock que a Ambre me contou outro dia, mas acho que esse não é o momento adequado para falar sobre o assunto.

- Bom, vamos ver se eu adivinho o que vocês querem: Castiel café puro, sem creme e nem açúcar. O Lysandre normalmente gosta do mesmo quando está em casa, mas em cafeterias ele prefere o café mais simples com uma colher de mel. - Lysandre, que ainda dobrava aquele bendito guardanapo, parou na hora e me olhou surpreso com os olhos brilhantes.

- Você... se lembra? - eu poderia jurar que ele estava emocionado, mas eu não sei. De toda forma é um ponto para mim. Viva!

- Sabe, normalmente nós guardamos pequenos detalhes de quem gostamos na memória. E você, se lembra de como eu gosto do meu café? - ok, talvez eu tenha mandado muito bem ou muito mal ao perguntar isso.

- ...

Ele não me diz nada, se contenta apenas em voltar à sua eterna dobradura. Decididamente eu mandei mal com essa pergunta, perdi o ponto que tinha ganho mais cedo. Pigarreei a garganta, disfarçando o constrangimento. Eu sei que o Castiel não perdeu nada da cena, mas fingir que eu não levei um vácuo pode amenizar a vergonha.

- Er... Castiel, café puro está bom para você? - digo, sem desviar os olhos do Lysandre de cabeça baixa, concentrado em seu origami.

- Está perfeito!

- Com licença. - me retirei depois de anotar na caderneta os pedidos.

POV's LYSANDRE

- Cara, acho que ela se esqueceu que você não é bom da memória, né não? Haha - Disse Castiel, enquanto apoiava os cotovelos sobre a mesa.

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