Dragão

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POV's DANIELLE

Lysandre saiu, acompanhado de mim. Caminhamos dormitórios à fora para chegarmos aos portões. Hoje o dia foi definitivamente exaustivo, mas eu diria que também foi... excepcional! Consegui transportar todas as minhas coisas para o meu quarto e ainda estou indo comer com o Lysandre. Sinceramente está sendo maravilhoso, embora eu tenha deixado uma "pequena" bagunça e a minha futura colega de quarto não vai gostar nada disso...
Bom, paciência.
Chegamos à saída da Anteros Academy. Meu pai já nos deixou há muito tempo, felizmente ele aprendeu a deixar de ser inconveniente com o tempo e também entendeu que eu já deixei de ser criança faz tempo. Lysandre me faz um sinal para segui-lo até o seu Jeep. Como o cavalheiro que é, ele abre a porta do passageiro para mim:

- Obrigada, mas não há necessidade. - finjo. É óbvio que tem necessidade sim, eu adoro isso.

- Imagina. - ele faz um gesto com a cabeça e da a volta até o lugar do motorista.

Com os cintos colocados, Lysandre dirige à caminho do Cosy Bear. Sinto que eu vou estar muito presente nesse lugar durante a minha estadia aqui.

- Em que está pensando? - Lysandre acaba com o silêncio da viagem.

- Nada de excepcional, só que eu tenho a impressão de que vou passar muito tempo no Cosy Bear.

- Evidentemente, você está trabalhando lá.

- Sim, mas agora, por exemplo, eu não estou no expediente e ainda sim vamos até lá. Acho que preciso conhecer outros lugares para não frequentar o mesmo toda vez.

- Bom, se você preferir nós podemos ir à outro lugar. Não posso te indicar alguma opção pois já faz um bom tempo que eu não saio para esse tipo de programa.

- Oh, mas eu me lembro de um que nós dois conhecemos muito bem. - disse me referindo ao restaurante que Lysandre e eu tínhamos o costume de ir quando namorávamos. Para a minha surpresa, Lysandre mergulhou o olhar inquieto na estrada e não me respondeu nada. Sinto o desconforto dele de longe e isso acaba comigo. Essa atitude quer dizer que não derrubamos barreiras o suficiente hoje. Que merda.

- ... se bem que eu ainda queria provar um doce novo que tem lá no Cosy, deveríamos ir lá mesmo. - disse, contornando a situação deprimente. Sem tirar os olhos da estrada, Lysandre assentiu com a cabeça.

Em poucos minutos chegamos à cafeteria. Ela estava quase vazia, haviam apenas duas mesas com clientes, uma delas já estava sendo desocupada inclusive. Hyun estava carregando sua bandeja de xícaras quando me viu sair do carro:

- Já está de volta? Puxa, que bom te ver de novo. - Hyun caminhou em minha direção, o rapaz sorrindo de forma extravagante.

- Olá Hyun, sentiu minha falta? - disse, brincalhona.

- E como! É ótimo que você tenha vindo agora, o meu expediente está quase acabando. Está tendo um show no Snake Room, talvez nós possamos... - ele imediatamente se interrompeu quando viu quem me acompanhava sair do carro - ah, ele também veio...

- Boa noite! - Lysandre cumprimentou, cordialmente. O Hyun murmurou uma espécie de boa noite e revirou os olhos. Qual é o problema dele?

- Hyun, você já está fechando? Não queremos atrapalhar seus planos, se já passou do seu horário nós vamos para outro lugar, certo Lys? - me atentei em chama-lo pelo nome, me recuso à perder o pouco de intimidade que lutei para alcançar hoje. Lysandre pareceu não se importar e me confirmou.

- Não se preocupe, eu faço questão que vocês dois fiquem bem aqui, onde eu posso ficar de olho... digo, servi-los. Por favor, acomodem-se.

- Sim, claro. Com licença. - Lysandre e eu caminhamos até uma mesa na varanda e começamos a folhear o cardápio. Em poucos minutos já sabíamos o que pedir.

- Está tarde para um café, eu gostaria de um chá por favor! - Lysandre dizia e Hyun anotava, sem muito interesse.

- Ah, eu também quero um chá.

- Com uma pitada de baunilha? Eu sei que você adora. - sugere Hyun.

- Como sabe disso? Não me lembro de ter te falado. - indaguei.

- Minha mãe sempre me disse que se você quiser conhecer alguém, basta observar o que ela come. Ontem nós tomamos café da manhã juntos aqui e eu notei o quanto você gosta de baunilha. - Hyun tirou os olhos de suas notas para me olhar por alguns instantes, me deixando um pouco sem graça. - e então, o que me diz: chá e baunilha?

- É, bom, pode ser. - Hyun se retirou para buscar nossos pedidos e eu virei a cabeça na direção direção de Lysandre, a fim de observar se ele demonstrava alguma coisa com relação à atitude do meu colega de trabalho. Comicamente ele estava mais uma vez fazendo um origami de guardanapo. Frustrante.

- pff, patético. - Lysandre murmurou algo que eu não entendi bem em meio à uma risadinha abafada.

- Hein? O que disse?

- Ele não perde tempo, esse Hyun, certo? Acho que você o encantou. - Falou Lysandre, centrado em sua nova dobradura.

- Ah, qual é. Eu conheço o Hyun há pouquíssimo tempo, não tem como eu tê-lo "encantado". - debocho ao pronunciar a última palavra. É óbvio que eu notei um comportamento estranho por parte do Hyun, mas não quero que o Lysandre pense que tem concorrência. Ele é o único homem que conta para mim.

- Eu o entendo, não é difícil se encantar por você. - ele me diz com naturalidade. Eu acho que vou derreter. Fico o observando discretamente, tentando adivinhar o que ele está fazendo com papel.

- É um pássaro? - indago.

- É um dragão.

- Eu adoro dragões. São criaturas místicas muito poderosas segundo lendas antigas... - expressei um pouco de empolgação.

- Sim, eu me lembro que você costumava falar sobre eles. Vejo que essa admiração ainda não passou.

- De modo algum, eu até tatuei um pequeno dragão perto do meu... - me calei subitamente quando me dei conta do que iria revelar. O Lysandre se contentou em rir, divertido com o meu constrangimento repentino.

- Normalmente eu não sou curioso, mas confesso que fiquei um pouco intrigado com o possível lugar que você tenha feito essa tatuagem...

- A-ah, eu...

Um amor de Universidade Onde histórias criam vida. Descubra agora