A Chegada

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" Atenção senhores passageiros, apertem o cintos e se preparem para a aterrissagem."

A voz da aeromoça me despertou do sono profundo no banco. Pude ver pela janela que eu estava de volta. Assim que o avião aterrissou, peguei minha bolsa e desci com a maior ansiedade que existe. Meus pais estavam me esperando, pareciam tão ansiosos quanto eu:
- MAMÃE! PAPAI! EU ESTOU DE VOLTA!!! - Corri para abraçá-los.

- Meu Deus, minha querida, como você está mudada. - minha mãe me olhou de cima a baixo com muita ternura - Olha o seu cabelo, o seu rosto, o seu corpo...

- Eu que o diga - Agora foi a vez do papai me analisar - Saiu daqui a minha menininha e voltou uma mulher linda. Estamos muito felizes em te ver novamente.

- Nem me falem de saudade, eu estava louca para vê-los. Conversar por chamadas de vídeo não é a mesma coisa.

- E eu não sei? Sua mãe o tempo todo ficava te fazendo um carinho pelo computador achando que você sentia do outro lado da tela - nós caímos no riso e mamãe deu um tapinha leve no ombro dele.

- Essa viagem foi extremamente longa. Podemos ir embora para eu poder dormir numa cama decente? - assim que falei, soltei o maior bocejo que estava guardado.

- Sim, sim. Eu vou buscar suas malas. - meu pai saiu em direção à alfândega, enquanto eu e minha mãe o esperávamos.

- Sabe, Dani, eu não tive tempo de arrumar o seu quarto antes de você chegar, então bem... ele está do jeitinho que você deixou quando saiu...

- Tudo bem, mamãe, não precisaria fazer uma reforma nele agora. Além disso eu vou passar mais tempo no Campus do que em casa, o meu antigo quarto com certeza está perfeito para passar os finais de semana e feriados.

Ela me deu um sorriso com mais tranquilidade. Pouco tempo depois papai chegou, cheio de malas. Só conseguimos ver os olhinhos dele implorando por ajuda. Rapidamente mamãe e eu pegamos algumas bagagens para ajudá-lo à carregar: - Quantos tijolos você trouxe da Itália, Danielle? Venha, o carro está por aqui.

Guardamos as malas que cabiam no porta-malas e o resto enfiamos dentro do carro. Foi uma longa e apertada viagem até chegarmos em casa.

[...]
- Ela não mudou nada... - disse, admirando o loft pela janela do carro.

- Se eu fosse você eu entrava para ter certeza. - disse meu pai, me olhando pelo retrovisor do carro.
Sem pestanejar, eu saí do veículo e esperei minha mãe vir com a chaves abrir a porta. Quando entrei na sala vi que ainda estava igual quando eu parti.

- Ué, pai, mas eu estava certa, não mudou nada.

- Bem, mas agora que entrou você tem certeza. Espere só para ver a cozinha, você vai ficar surpresa quando vir que ela também continua a mesma. - ele caía na risada.

- Você é muito engraçadinho. Sabia que eu estava sentindo muita falta do seu humor?

- E eu da sua carinha de desaprovação depois de cada trocadilho que eu solto.

- Ora, Philippe, quem pode julgá-la? Seus trocadilhos são ridículos - papai encarou mamãe severamente depois desse comentário.

- Você gostava deles quando éramos jovens, acho até que foi esse meu jeito de comediante que te conquistou. - papai estava se achando estufando o peito, enquanto mamãe e eu caíamos na risada.

- Que saudade eu estava desses momentos com vocês, mas agora eu preciso realmente descansar. Vou levar as malas para o meu quarto.

- Deixa que eu te ajudo, querida. Phillippe, pegue o restante das malas no carro.
Papai assentiu e saiu para buscá-las, enquanto mamãe e eu subíamos com as malas que estavam na sala de estar.
[...] Quando cheguei no meu quarto, um sentimento de nostalgia tomou conta do meu peito. As lembranças do ensino médio, as imagens das aventuras que eu tive no auge da minha adolescência, e claro, a foto do Lysandre na minha cômoda. Eu me dirigi rapidamente na direção do porta-retrato. Eu passei delicadamente a minha mão sobre a foto para tirar os vestígios de poeira que estavam nele. Pude contemplar da forma mais singela o Lysandre... o meu Lysandre... quantas aventuras nós vivemos juntos, quantos momentos marcantes tivemos... Ele foi o único homem que eu disse que amava. Ainda me pergunto como ele deve estar hoje em dia, depois de tanto tempo.

- Querida? - minha mãe me acordou de meus pensamentos - Está nas nuvens olhando este retrato?

- Bem, digamos que sim. Você lembra dele? - Mostrei a foto para minha mãe.

- Ah, Lysandre, certo? - eu assenti sua resposta - ele era um rapaz incrível, eu tinha um carinho muito grande por ele.

- Eu também, e como tinha... - meu coração apertava no peito. Mas será verdade que, mesmo depois de tanto tempo, o meu sentimento pelo Lysandre continua vivo? Será que eu não dei brecha para mais nenhum outro entrar na minha vida por que eu ainda o amo?

- Foi realmente uma pena vocês terem se separado, ele parecia muito importante para você.

- Quem era importante para quem? - papai chegava com o restante das malas no quarto - Puxa vida, Dani, como você tem roupa. Minhas costas estão me matando.

- Ora, pare com isso, meu amor. - mamãe puxou meu pai para fora do meu quarto -Venha ,vou te fazer uma massagem bem interessante onde dói.

- Eu não precisava ouvir a última parte, Mãe!

- Você sabe muito bem como veio ao mundo, dona Danielle - ela gritava já descendo as escadas. - Bom descanso e não se incomode caso você escute alguns barulhos vindo do nosso quarto.

- MÃE! - pude ouvir a risada desgrenhada dela la embaixo. Puff, ela é maluquinha. Bom, hora de organizar algumas coisas e... acabei de me dar conta que ainda estou com a foto de Lysandre em mãos. Será que eu o verei em breve? Eu não faço ideia de como vou reagir quando ele aparecer na minha frente. Imagino se ele ainda está solteiro, ou se ainda mora aqui. Ai ai ai, por que eu estou pensando tanto assim no Lysandre? Eu conheço várias outras pessoas que eu gostaria de ver, como por exemp-

Vrrrrr vrrrrrr

É uma mensagem de um número desconhecido:
"COMO ASSIM VOCÊ VOLTOU PARA SWEET CITY?"

Um amor de Universidade Onde histórias criam vida. Descubra agora