Ordem e desordem (part. 2)

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Assim que Lysandre terminou o café, partiu em direção ao seu jeep. Ele planejava passar o dia com o irmão e a cunhada, como já havia sido combinado, mas o sentido cupido de Rosa deu-lhe um outro destino.
Enquanto um carro partia de um lado da cidade, outro carro partia na mesma direção. Malas e caixas, caixas e malas; só se era possível ver Danielle no banco passageiro e seu pai como motorista. Não levou muito tempo para Dani e Phillipe chegarem ao Campus da Anteros Academy. Para sua surpresa, nenhum de seus amigos aguardava sua chegada.

- Estranho. Será que eu cheguei cedo demais? - Dani verificava o horário em seu celular.

- Ou chegou tarde demais e eles já foram embora. Pontualidade não é o seu forte, docinho de coco.

- Não exagera, pai. Tome, entregue esses documentos lá dentro enquanto eu espero aqui fora. - Dani entregava um envelope para Phillipe, que em seguida adentrou os portões. Instantes depois, um Jeep estacionou à poucos metros de Danielle. A porta do carro se abriu e logo Lysandre saiu de dentro do veículo. Seria mentira dizer que Danielle não ficou surpresa com a chegada do amado, e também seria mentira dizer que ela não tinha gostado dessa surpresa.

- Ei! - chamou Dani enquanto acenava. Lysandre não respondeu seu aceno, se contentou apenas em se aproximar.

- Bom dia. Rosa não pode vir hoje e me pediu para vir no lugar dela. Espero que não seja um problema para você.

- Não, não, de modo algum. Que bom que você está aqui... digo, é um prazer revê-lo. -Um sorriso de orelha à orelha surgiu no rosto da garota. Seria perfeito para a sua reaproximação esse momento entre eles. ("Rosa, sua espertinha!") pensou. Mas, tinha um pequeno detalhe que fez seu enorme sorriso sumir instantaneamente.

- Mas é incrível, isso aqui parece a Sweet Amoris, não encontro ninguém. Como é possível reger uma Instituição de Ensino Superior e não estar nela? Que tipo de profissionais querem formar?

- Tudo bem Papai, eu entrego essa papelada em outra hora. - Sem tirar os olhos de Lysandre, Dani apanhava o envelope de cor amarela das mãos de seu pai que logo percebe a terceira presença entre eles. - Papai, se lembra do Lysandre? Ele veio nos ajudar.

- Oh, bom dia Rapaz! - disse Phillipe, num tom ameno.

- Bom dia, Senhor! - respondeu Lysandre, na mesma intensidade.

- Escute, já nos conhecemos, não? - perguntou o pai de Danielle.

- Sim, eu era bem... digamos, próximo de sua filha. - ao dizer essas palavras, o olhar de Lysandre deslizou para Dani.

- Quando você diz próximo, você quer dizer amigos próximos ou...

- Me admira você não se lembrar, nós namorávamos, pai. Agora vamos pegar as coisas no carro, sim? - Propõe Danielle, a fim de evitar uma conversa constrangedora. Sem acrescentar mais nada e ignorando o assunto(embora pesasse uma certa tensão), os três seguiram até o carro e começaram a transportar as bagagens, num silêncio ensurdecedor.
[...]
Alguns instantes depois, quase todas as malas e caixas estavam no quarto de Danielle. Ela já havia começado a colocar algumas peças de roupas em cabides para guardá-las em sua parte do closet. Ao tirar alguns tecidos de sua bagagem, o porta-retrato ficou amostra.

- Esta é a última mala. - Lysandre entra no quarto, segurando uma bolsa pela alça.

- Ah pode deixar ai, ao lado da estante.

Assim fez Lysandre.

- Seu quarto é realmente encantador. - Dizia o rapaz, passeando pelo espaço.

- Tenho que concordar, foi muita sorte ter ficado neste quarto. - Dizia Dani, enquanto dobrava algumas blusas.

- Depois que você colocar tudo em seu devido lugar ele vai ficar mais aconchegante ainda. - o olhar de Lysandre passeava todo canto do quarto, até parar subitamente no porta-retrato contendo sua foto.

- É, já me imagino decorando com pôsteres, fotos, retratos... - dizia Dani, tomada pela empolgação.

- Imagino que este seja um dos retratos que você vai colocar, não? - falou Lysandre, indicando com a cabeça sua foto na mala de Danielle.

- H-hein? Oh, é... - Sem jeito, a garota apanhou o objeto em suas mãos. - E-eu não sei nem o que te dizer... isso foi um presente que a Rosa me deu e eu não quis me desfazer, sabe? S-se você quiser pode levar embora, eu vou compreender. - Disse, estendendo o retrato na direção de Lysandre.

- Eu perguntaria como a Rosa conseguiu uma foto como esta, mas tenho medo da resposta... - Lysandre o pegou com delicadeza para olhar melhor - Sinto falta desses momentos, de cantar, de compor...

- Você não canta mais? Nem compõe? Por quê? - a garota expressava indignação.

- Muitas coisas aconteceram. Não tenho mais tempo para me dedicar à música, infelizmente.

- Eu não acho isso certo. Você é tão talentoso, tem a voz mais linda que eu já tive o prazer de ouvir, não pode desperdiçar um dom como esse!

- Fico verdadeiramente tocado com as suas palavras, mas não é tão simples. Eu perdi minha inspiração, motivação ou, sei lá, minha criatividade.

- Talvez você não tenha perdido sua inspiração, talvez você só tenha esquecido de onde ela vem.

- Não, te garanto que não esqueci de onde vem a minha inspiração. - Lysandre apertou seu olhar em Danielle, de modo que era impossível não saber a quem ele estava se referindo. - Acontece que depois de alguns anos ela deve ter cessado, sabe?

- Sua inspiração cessou? Eu tenho minhas dúvidas...

- Sabe, te olhando agora, desse jeito, eu acho que também tenho...

Os olhares persistiram, a aproximação entre os corpos acontecia lentamente. A química existia, ambos não podiam negar. Se apenas um deles cedesse já seria o suficiente para acontecer um beijo tão desejado. Lysandre se aproximava mais, mais, mais, até que...

- Tome, pode ficar com a foto. - o Rapaz entregou novamente o porta-retrato para Danielle. - Ficaria bem na estante.

Dani pegou com delicadeza o objeto. -Eu concordo. - A garota posicionou o porta-retrato sobre o móvel. - o que achou?

- Combinou bem com a bagunça do seu quarto haha.

- Haha, é verdade.

Num humor tranquilo e sereno, Dani e Lysandre deram continuidade na organização do quarto. Phillipe ficou a maior parte do tempo ausente, não queria atrapalhar a cumplicidade que acontecia entre os dois. Horas depois o sol já havia se posto, todos haviam feito grandes progressos no ambiente.

- Acho que já fizemos muito por hoje. Lys, eu não sei como posso te agradecer pela ajuda.

- Não há de quê, admito que o dia foi surpreendente bom.

- Nem paramos para almoçar, poderíamos ter passado mal. Topa comer alguma coisa? Por minha conta, é o mínimo que eu posso fazer.

- Olha, eu acho que vou aceitar seu convite, mas essa parte de ser por "sua" conta vamos ter que conversar.

- Eu insisto. Vem, acho que o Cosy Bear ainda está aberto. - Danielle puxou o rapaz pelo braço e os dois saíram do quarto.

Um amor de Universidade Onde histórias criam vida. Descubra agora