Maria Eduarda Oliveira, ou Duda como gosta de ser chamada, sempre foi apaixonada por Leo.
Mas o que parece ser simples de se resolver, é um pesadelo para a garota. Não só pelo fato de Leo ter uma namorada e ser amigo íntimo da família. Mas por conta...
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(PRESENTE)
Não poderia ter acordado com uma notícia melhor. Depois de muita ansiedade o resultado do vestibular estava disponível. O resultado de todas as três provas (duas em faculdades particulares e uma na federal) que eu havia feito estavam me esperando.
Peguei o celular no criado mudo e abri os respectivos sites. A demora para carregar dizia muito da ansiedade dos vestibulandos. E comigo não era diferente, quase não havia dormido a noite.
Eu havia prestado vestibular para Ciências Biológicas. Era um curso relativamente concorrido, mas desde sempre sonhado por mim.
Resultados na tela. Fechei os olhos, prendi o ar e fiz uma prece silenciosa. Que Deus me ajudasse.
O primeiro que eu abri foi o mais esperado: federal, lógico. Como eu não tinha dinheiro pagar mil e quinhentos reais de mensalidade, essa era minha prioridade. Não que em uma universidade pública não gastasse dinheiro, mas não era nada comparado ao boleto que chegaria fielmente todo mês de uma particular.
Procurei meu nome na lista geral de aprovados e não encontrei. Procurei na lista por curso, também não encontrei. Procurei na página individual e veio a confirmação: NÃO APROVADO.
Meu mundo caiu. Fiquei tão abatida com esse não específico que a minha vontade de olhar as outras havia passado.
Engoli seco algumas vezes tentando não chorar e fui olhar os outros resultados.
Mais um não aprovado.
Droga, o que eu iria fazer da minha vida se não conseguisse entrar em uma faculdade? Teria que ficar presa para sempre em uma cidadezinha do interior, trabalhando em um emprego apenas por dinheiro, casada com um cara que eu não amo. Poderia enganar as outras pessoas fingindo que esse era o caminho que eu queria seguir, igual a muitas meninas que formaram antes de mim e não continuaram a estudar, mas eu não poderia acordar de manhã e encarar minhas mentiras pelo resto da vida.
Eu precisava de um sim. Um único sim. Algo que me desse esperança, que me dissesse que eu teria um futuro diferente daquelas garotas.
Fui abrir o último resultado. Era de uma faculdade na região central da capital, bem próxima a casa de Leo. Eu já não esperava nada de bom. Esperava mais um não. Já mentalizava os lugares onde eu deixaria meu currículo, lugares em que eu trabalharia apenas pelo dinheiro que chegaria na minha conta no final do mês.
E o que eu vi me surpreendeu. Uma única palavra apagou todo meu baixo astral e desespero. Aprovado.
Li e reli aquilo um milhão de vezes antes de começar a saltar pelo quarto quase desmaiando de felicidade.
Conferi as horas e corri até minha mãe que se preparava para ir trabalhar.
— Passei!!! – gritei entrando no quarto dela e olhando sobre a cama. – Eu passei!!!
Do Lena arregalou os olhos e se sentou com a mão no peito.
— Passou? – ela fez eco à minha à afirmação.
Assenti eufórica.
Minha mãe me abraçou apertado chorando e me levou junto num rio de lágrimas.
Depois de alguns minutos, eu mostrei a ela o resultado.
— Particular? – Lena piscou algumas vezes.
Assenti.
— Na federal e na outra faculdade eu não consegui. – falei meio triste. – Mas essa é perfeita. Eu vou conseguir estudar e trabalhar na parte da tarde num shopping, loja na capital. Vou de manhã cedo e volto a noite e... – olhei para minha mãe que me encarava meio resignada. – O quê?
— Duda... – ela balançou a cabeça lentamente. – Não sei se tudo vai ser tão perfeito assim como você está imaginado.
Engoli seco algumas vezes. Eu estava triste de novo.
— Mas mãe...
— Eu sei. – ela se levantou, me deu um beijo no topo da cabeça. – Eu tenho que ir trabalhar, meu amor. Quando eu chegar, a gente conversa direito.
Assenti.
Ela saiu me largando sozinha com meu sofrimento. Não a culpava, ela tinha que trabalhar para colocar comida na nossa mesa. Meu pai havia morrido quando eu tinha oito anos e deixado uma pensão para gente que era relativamente suficiente na época, mas nos dias de hoje, dona Lena tinha que trabalhar para complementar a renda e não deixar faltar nada em casa.
Me deitei em posição fetal tentando não chorar, mas era impossível devido ao turbilhão de sentimentos e pensamentos que me atingiam.
Me celular vibrou e eu fui ver o que era. Camila. Ela havia se candidatado às mesmas faculdades que eu. E havia passado em todas.
Parabenizei à minha amiga e contei pra ela que eu havia passado apenas em uma.
Camila como uma boa amiga que era, falou que ia se matricular na mesma que eu pata que pudéssemos, mesmo que em cursos diferentes, continuar juntas. Mandei um emoji de carinha feliz e deixei o telefone de lado. Ainda queria chorar de raiva, decepção, e mais um compilado de emoções, a maioria delas nada boas.
Me levantei, indo preparar alguma coisa para comer e em seguida fui tomar um banho para lavar toda aquela bad.
Catei o romance de época que eu já havia começado e me enrosquei no sofá, mergulhada numa história em que a mocinha é completamente apaixonada (e correspondida) pelo mocinho bruto, deixando aquilo tudo me consumir.
Tristeza e infelicidade eu deixava para a vida real.