"Don't forget that even Lucifer himself was once an angel"
Muitas vezes parei e pensei, minha vida teria sido diferente? Teria mudado algo se, naquele dia, não tivesse fugido? Claro que não.
Tudo começou com aquela mulher, a mulher de cabelos escarlates. Se ela não tivesse voltado, se ela continuasse no buraco onde ela estava escondida, eu nunca estaria aqui. Veja bem, eu não pedi em nenhum momento para nascer. Porém, ainda assim eu nasci.
Eram exatas seis da manhã quando aquela ruiva me concebia. Eu havia saído de dentro dela causando um "estrago", como ela diria. Meu pai não estava presente, aparentemente ele nem ao menos sabia da minha existência. Não que eu ligue, lidar apenas com a minha mãe já era um imenso problema e dor de cabeça.
Moramos por alguns anos na casa de um amigo que ela tinha, era um homem estranho que possuía dentes afiados semelhantes a de um tubarão e cabelos brancos. Aquela casa possuía regras demais para um rebelde como eu, o que sempre causava confusões entre minha mãe e esse homem.
Quando estava na faixa de idade dos sete anos, aquele homem atacou a minha mãe. Eu lembro ainda como se fosse ontem. Já era tarde e minha mãe estava na cozinha, preparava o jantar. O cheiro de macarrão com costelas de porco, meu prato favorito, imundava a cozinha. Eu sorria, enquanto ela falava comigo de forma doce. Eu sabia que eu era importante a ela, não era difícil de ver aquilo devido a forma que ela me olhava. Eu queria que meu pai um dia me olhasse assim, mas isso nunca iria acontecer.
Então, aquele homem entrou. Ele foi até ela por trás e puxou seus longos cabelos ruivos com uma mão, em outra segurava uma garrafa de bebida feita de vidro. Minha mãe gritou devido a dor que sentiu no couro cabeludo, ela tentou resistir. Aquele homem era forte demais e logo a encurralou contra a geladeira, eu podia ouvir seu choro e seu pedido de ajuda.
Ela me chamava, implorava. "Natsuki! Socorro!"
Porém, eu nada fiz. Fiquei parado apenas olhando, com meus punhos cerrados, enquanto ela era despida contra a sua vontade a minha frente. A comida queimava no fogão, enchendo a cozinha com um cheiro ruim. Os gritos dela haviam virado um choro histérico, mas meus olhos não se desviavam daquela cena. Se eu fechar os olhos, ainda hoje, consigo facilmente dizer o modelo da geladeira e a marca da bebida que aquele homem segurava.
"Natsuki... Você não ama a mamãe?" Aquela voz que eu havia escutado não era minha, não era de ninguém ali. Ainda assim eu a ouvi e devido a ela eu me movi.
Minhas mãos tremiam, mas elas não me impediram de avançar contra aquele homem. Foi fácil para ele me empurrar pra longe, meu corpo bateu contra o fogão e a panela quente caiu sobre mim. Minha mãe entrou em ação logo em seguida, ela se moveu contra o homem e correu até mim. Eu não sentia dor, apenas um formigamento estranho na face.
Aquela gritaria e comoção apenas irritou ainda mais o homem, que golpeou minha mãe na face. Ela caiu de maneira pesada sobre o chão, parecia ter desmaiado. O homem dirigiu seu ódio sobre mim e enquanto o mesmo me espancava, a dor junto a uma estranha sensação tomava conta de mim. Meu corpo não reagia.
Quando por fim vi o sangue, o meu sangue cobrindo os punhos daquele homem, foi quando me movi. Escapei de suas mãos e corri até onde ele havia deixado a garrafa de bebida, a quebrei sem exitar enquanto batia contra o braço daquele homem. Ele urrou devido a dor, porém ainda assim me agarrou pelo pescoço. Apertava com força, fazendo meu ar iniciar a faltar.
O vidro quebrado ainda estava em minhas mãos, foi quando mamãe ergueu seu rosto e moveu seus lábios. Li a palavra "garganta", devido ao movimento que ela havia feito com a boca. Aquela havia sido a primeira vez, a primeira vez que meus olhos viam o sangue jorrar. Eu havia enfiado o vidro diretamente na garganta do homem e puxado para o lado, havia cortado sua veia jugular.
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Worst Uchiha
FanfictionGritos ecoavam ao longe enquanto Natsuki olhava com atenção para suas mãos banhadas em sangue. - Como as coisas acabaram assim? - Ele se perguntou, porém sabia a resposta. Ele ergueu a cabeça, olhando em direção ao horizonte. O por do sol realçava a...