Sem respostas

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[Point of view Bright ]

*Aviso: contém palavrões e violência

– Acorda logo esse filho da puta, eu não tenho muito tempo.

A voz zumbia em meus ouvidos quando tentei abrir os olhos, mas eles estavam vendados e minha cabeça doía muito.

Senti quando água gelada foi jogada contra meu rosto, molhando a venda, entrando pelo meu nariz e me fazendo sufocar. Senti uma dor aguda nas costas e mordi os lábios para conter um gemido quando um chute me acertou.

– Quem está aí?

Perguntei tentando ver algo, mas tudo era escuro devido à venda em meus olhos.

O cheiro de sangue, metal, gasolina e o um odor forte de carniça entraram pelas minhas narinas me dando vontade de vomitar.

Alguns passos se aproximaram de mim e senti, ao tentar mexer meus pés, que eles estavam amarrados, assim como minhas mãos. Minhas costelas doíam muito quando tentei respirar profundamente e minha boca tinha gosto de sangue.

– Ele acordou.

– Quem está aí?

– Calado, seu puto. Quem faz as perguntas sou eu – me concentrei na voz e algo me dizia que já tinha escutado antes – onde está Mick Metawin?

Por dois segundos lembrei do dia em que Win e eu fomos atacados no beco atrás do Velence e a imagem de um dos homens surgiu em minha mente. Era aquele em quem eu havia atirado.

– De quem você está falando?

– Mas que porra! – o homem gritou e um chute acertou minhas costelas.

O gosto de sangue se acentuou na minha boca quando abri um corte no lábio tentando reprimir um grunhido de dor.

– Só responde a porra da pergunta. Cadê Mick Metawin, seu puto do caralho?

A voz que me questionava agora não era a do meu agressor. Esse estava mais impaciente, mas ainda soava elegante apesar do palavrão.

Escutei novamente passos se aproximando e senti cheiro de colônia cara misturada com tabaco.

– Eu não sei – respondi e recebi um tapa no rosto.

– Estou cansado disso, sabe? Esse desgraçado não pode ter desaparecido da face da terra – ele falou baixo, bem próximo ao meu rosto no chão.

Senti sua mão agarrar meu pescoço, levantando meu rosto para ficar na sua altura. Ele apertou os fios da minha nuca, expondo meu rosto para a claridade e por trás da venda pude ver o contorno da sua sombra. Seu cheiro também estava mais forte agora. Mas ele cheirava muito mais a dinheiro do que qualquer outra coisa. 

– Você acha que eu não sei que você está comendo o irmãozinho dele, hum? Acha que eu não vou acabar com a sua vida e deixar seu corpo pro irmão dele chorar, enquanto caço o filho da puta do Mick? Então fala logo, porra, meu tempo é precioso.

Recebi três tapinhas no rosto quando ele se afastou, me empurrando contea o chão.

– Faça o que quiser, eu não sei do que vocês estão falando.

A voz não saiu tão audível como eu gostaria, mas o suficiente para alguém escutar e agarrar meus cabelos e minha cabeça ser puxada para trás, me fazendo engasgar. Senti o couro cabeludo arder e soltei palavrões, tentando em vão soltar as mãos prezas atrás do corpo.

– Você acha que vai entender o que eu estou te perguntando se eu matar o irmão dele? Win Metawin vai estar morto antes mesmo de você sair daqui, então abra sua maldita boca e me fala onde Mick está!

Liberta-meOnde histórias criam vida. Descubra agora