Conto III - Um Novo Olhar

1.5K 262 105
                                    

Rafael Ferraz Fontenelle

24/12... Véspera de Natal. Pelos cristãos é a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Já pelo capitalismo, é o dia em que o papai Noel passa pelas incontáveis casas no mundo todo entregando presentes. Eu já fui uma criança que acreditou nesse mentira, até os anos se passar e isso não fazer mais o menor sentido. E hoje, apenas compro presentes para não ser o único a não seguir essa tradição, pois eu acredito na primeira opção e não acho que seria necessário gastar tanto dinheiro assim, mas...

Aqui estou eu em uma loja no shopping, lugar que eu simplesmente odeio estar, escolhendo presentes para minha família e namorado. Olho mais uma vez para as araras cheias de camisas social, roupa que Nick ama, e solto um suspiro. Não faço a mínima ideia do que escolher.

Levo minha mão até meu pulso direito, tocando a pulseira que ele me deu há alguns anos e fecho meus olhos, buscando calma e paciência. Não gosto de situações assim, onde tenho que escolher algo para agradar alguém, é muita pressão.

Sinto uma mão em meu ombro e isso é o suficiente para que eu abra meus olhos rapidamente e me afaste da pessoa. Vejo Henrique quando me viro e suspiro em alívio, mas ele sabe que não gosto de sustos.

- Desculpa, só quero sua opinião. - Ele diz com um sorriso pequeno e se aproxima um passo. - O que você acha que Igor prefere? - Pergunta e levanta duas opções de presente, sendo uma coleção de livros em uma mão e uma coleção de bonecos da Marvel na outra.

- Isso é difícil, Henrique! Ele é apaixonado por tudo que Rick Riordan escreve, mas também é apaixonado por tudo o que a Marvel faz. - Falo, frustrado, e Henrique suspira também.

- Ok, vou levar os dois. Meu salário vai embora, mas vale a pena ver meu leãozinho sorrindo. - Ele diz e me das as costas.

- Bobos apaixonados. - Balanço a cabeça em negação e volto à prestar atenção nas opções de presente que eu tenho disponível.

E cinco minutos depois eu desisto. Pego meu celular no bolso da jardineira e sou rápido em ligar para Nick. A cada toque da ligação me sinto mais ansioso e é muito bom quando ouço sua voz do outro lado.

- Amor, você prefere uma camiseta social, mesmo tenho centenas delas, ou você prefere aquela coleção de discos de vinil de 1950? - Pergunto sem rodeios e não me importo mais em fazer surpresa. Eu não dou conta de algo assim.

- Bem, já que tenho o poder de escolher... Eu prefiro os discos, pequeno. - Nick responde e abro um sorriso.

- Ok, tchau! - Encerro a ligação em seguida e sigo até à sessão da loja onde está a coleção que vi mais cedo.

Com meu presente em mãos, sigo até o caixa da loja e vejo que Henrique já terminou sua compra. Entrego a caixa para a atendente, que me diz o valor e lhe entrego meu cartão de crédito. E, minutos depois, saímos da loja com nossas compras feitas, já que era só os presentes dos nossos namorados que faltavam.

- Quer tomar um lanche? Ainda temos tempo antes da apresentação. - Henrique pergunta, assim que nos aproximamos da praça de alimentação.

- Quero, mas podemos comer no carro? - Pergunto e ele assente.

Henrique me entrega seus presentes e segue até à praça de alimentação, após perguntar o que eu quero. Demora cerca de quinze minutos para ele voltar com nossos pedidos e então seguimos até meu carro. Pois é, depois de muito insistir, consegui tirar minha habilitação. Foi um dos dias mais feliz da minha vida, pois havia conseguido dar mais um passo importante.

Deixo nossos presentes no banco de trás do veículo e entro em seguida, assim como Henrique, que me entrega o lanche. É, nós somos amigos agora. Não que antes nos odiassemos, mas não tínhamos vínculos a não ser um parentesco. Henrique mudou muito e fico feliz, porque ele é legal e Igor merecia um namorado fofo e prestativo, igual Nick é comigo.

Encontros de Natal - Contos LGBTQ+Onde histórias criam vida. Descubra agora