Conto I - Meu Médico

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Benjamin Ferreira Fontenelle

Checo pela milésima vez todos os pacotes de presente, antes de entrar na sala de recreação do hospital, tendo Jonas ao meu lado, com sua mãozinha grudada na minha livre. Ariel também se encontra conosco, estando ao lado do meu pequeno. Esses dois, depois que viraram amigos, não se desfrutam mais. É realmente como unha e carne.

- Olá! - Falo em um tom mais alto, chamando a atenção de todas as crianças para mim.

- Tio Ben! - Eles dizem em coro e é impossível não sorrir com esse carinho.

Logo eu sou agarrado por vários bracinhos e vejo um pequeno bico nos lábios do meu filho, que é um ciumento nato. Mas isso dura pouco, pois logo Jonas e Ariel também se enturmam com as outras crianças. Acho fofo e um pouco engraçado em como Ariel virou a sensação por ter uma perna robótica, aquilo foi algo totalmente grandioso para as outras crianças.

Há um ano eu tenho o costume de na véspera de Natal visitar todas as crianças doentes do hospital, que não podem ir para casa. Fiquei muito feliz ao receber o apoio do meu marido, assim como de todos os funcionários do hospital. Então, desde o ano passado, eu compro presentes com bases nas cartinhas de Natal que elas me entregam. Lógico que há um papai Noel também, mas esse não sou eu, pois não passo nenhuma credibilidade, então me conformo em apenas ser o ajudante.

- Muito trabalho, senhor elfo? - Ouço a voz um pouco rouca ao pé do meu ouvido e sinto todos os pelinhos do meu corpo se arrepiar.

Não é preciso de muito para saber quem está atrás de mim, e o abraço apenas confirma todas as minhas suspeitas.

- Não, minhas crianças são anjos. - Falo e abro um sorriso, observando cada um dos pimpolhos.

Os presentes já foram distribuídos pelo papai Noel e todos agora estão se maravilhando com o que ganharam. Jonas e Ariel passa de um em um, checando e dando suas opiniões sobre o presente. E segundos depois se juntam para brincar todos juntos.

- Eu já disse que te amo hoje? Pois ver essa cena me confirma que eu escolhi o homem certo para amar e viver o resto dos meus dias. - Anthony diz e me derreto totalmente com suas palavras.

- Não seja bobo. - Falo, um pouco envergonhado.

Acho que podem se passar anos, podemos estar velhinhos juntos, Anthony nunca vai perder a capacidade de me envergonhar e me deixar sem fala.

- Só estou dizendo a verdade. - Ele diz e me vira para ele, sorrindo para mim.

Só consigo sentir ainda mais amor em meu peito, então apenas deixo um selinho rápido em seus lábios e volto a dar atenção as crianças.

E em meio à brincadeiras, abraços, beijos e muitas fotos, minha manhã se passa.

[...]

Saio do banheiro após meu banho quentinho e sigo até o closet, vendo minhas roupas já separadas em cima de uma das cômodas. Seco meu corpo e começo a me vestir com calma, mas paro assim que meus olhos encontram a grande cicatriz no espelho. Levo meus dedos até o local, do lado direito do meu abdômen.

É tão estranho pensar que essa cicatriz marca a continuação da minha vida. Eu já estava por um tris, mas então tudo mudou. Eu recebi uma doação da pessoa que menos esperava e isso salvou minha vida.

Deus, a vida é realmente louca e imprevisível.

- Obrigado por mais essa oportunidade. - Falo baixinho e fecho meus olhos por um momento, falando com aquele que realmente me deu vida novamente.

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