Conto IV - Maktub

1.4K 249 191
                                    

Uriel Castro

Tiro uma das assadeiras de cupcake do forno e o cheiro de chocolate me deixa com água na boca, mas eu sou o chefe no momento e não posso comer. Deixo a assadeira em cima do balcão para esfriar e me concentro nos outros preparos. Mamãe também está concentrada nos preparos da ceia e trabalhamos em harmonia.

- Acha que Dylan vai gostar? - Pergunto a ela, enquanto recheio os bolos pequenos com creme de Nutella.

- Claro que vai, por que toda essa preocupação? - Minha questiona, e um suspiro escapa por meus lábios.

- É nosso primeiro Natal juntos, ainda mais depois de tudo. Só quero que tudo saia perfeito. - Respondo, e deixo meu trabalho por um momento, olhando para ela.

Minha mãe também para o que está fazendo e se aproxima de mim, sorrindo em minha direção.

- Vai dar tudo certo, meu amor. Não precisa se preocupar com nada. - Ela diz, e pega em minhas mãos, deixando um aperto suave.

- Eu realmente quero acreditar nisso, mamãe. Mas estou tão inseguro ultimamente, nós dois estamos, na verdade. - Falo, e me sinto triste por isso.

- Sei que vocês não passaram por coisas fáceis, mas estão juntos, não? O que importa agora é seguir em frente e os dois estão fazendo isso bem. O problema é que você ainda se culpa, mas deve deixar isso para trás, não te faz bem. O ano já está se acabando, anjo, deixe tudo de ruim com ele também.

Ouço suas palavras com atenção e tento me apegar nelas, deixando tudo de ruim de lado. Abraço minha mãe, sendo acolhido por seus braços e me sinto um pouco melhor.

Volto aos meus doces logo depois e me esqueço de tudo por um momento, me dedicando ao máximo a minha tarefa.

[...]

Olho para meu reflexo no espelho e solto uma risada de mim mesmo, já que esse ano meus pais insistiram que deveríamos usar roupas com a mesma estampa. Minha mãe tem o vestido, meu pai a camisa e eu consegui uma jardineira. Todos com os desenhos de renas felizes. Meu Deus!

Mas, deixando a breguice fofa da minha família de lado, termino de me arrumar e saio do meu quarto em seguida, trazendo comigo mais uma das peças combinadas. Sigo até o quarto em frente ao meu e deixo duas batidas na porta antes de entrar.

Me sinto um pouco acanhado em puxar conversa, mas sinto que devo fazer isso com ele.

Ícaro está deitado na cama e tem um livro em mãos. Ele não me olha, mas sei que sabe da minha presença.

- Você não vai se juntar a nós? - Pergunto a ele, e ainda me mantenho na porta do quarto.

- Minha presença não é importante e você sabe disso. Não precisa fingir que se importa. - Ele responde, e quase reviro meus olhos.

Por que as pessoas têm que ser tão difíceis?

- Para de ser idiota, você é da família agora. O único que se afasta de todos é você, Ícaro. Mas eu não vou insistir se não quer... Feliz Natal! - Falo, e deixo a camiseta em cima da cômoda, saindo em seguida.

Respiro fundo e deixo Ícaro de lado, já que ele não é uma responsabilidade minha.

Caminho em passos lentos até à sala de estar e sorrio ao ver meu namorado sentado no sofá, com o pai ao lado dele.

- Oi! - Falo, chamando a atenção para mim.

- Oi querido... Feliz Natal! - Meu sogro deseja e se levanta do sofá, me puxando para um abraço.

- Feliz Natal para você também. - Sorrio.

Me afasto de Marcos e sinto um pouco de frio na barriga ao ver Dylan parado ao meu lado, me esperando com os braços abertos. E eu não perco tempo em correr para os braços do meu namorado. É tão bom ser abraçado por ele, eu sinto que o mundo todo desaparece nesse momento.

Encontros de Natal - Contos LGBTQ+Onde histórias criam vida. Descubra agora