ps: não eh o sakusa.
Fazia dois dias que Aya não pregava os olhos. A garota continuava recebendo as mensagens, uma pior que a outra. Toda o conforto e a sensação boa que sentia foi embora rapidamente. Aya tinha um psicológico fraco, ela não aguentava ler os textos em seu celular, sentia-se culpada, nervosa, furiosa, insuficiente e uma tristeza tão grande que mal podia suportar.
Além das mensagens que diziam pra ela cometer suicídio ou se automutilar, havia também os xingamentos. Aya não ousou sair da cama, nem pra ir pra escola, ouviu a campainha tocando, provavelmente era Kenma e Kuroo, que sempre passavam em sua casa antes de ir, mas não se incomodou em atender, não ver ver, falar ou ouvir ninguém, sua própria mente era uma prisão a qual ela não conseguia sair e no momento, ninguém conseguia entrar.
Não comeu, não foi ao banheiro, nada, Aya literalmente ficou na cama o dia todo, até pouco depois das seis, onde ela se levantou, colocou uma roupa qualquer e saiu de casa. Andou sem rumo, deixando suas pernas a levarem onde queriam. Os céus que estavam cinzas desde manhã, logo começou a dar os primeiros pingos de chuva, que caiu em montes depois, mas Aya não se importou, apenas parou quando seu corpo mandou.
Em frente ao túmulo dele. Koyomi Sakusa.
Aya sentou-se em frente ao mesmo, abraçando os joelhos e desabando no choro. Era a primeira vez que estava lá.
— Kou... me desculpe por não conseguir te visitar nenhuma vez sequer, você deve ter me xingado tanto por isso. - riu melancólica, entre as lágrimas e as gotas de chuva que se misturavam em seu rosto. - Eu sinto tanto sua falta, você não tem noção de como eu precisava você aqui comigo agora. Depois de você, ficou tudo tão difícil. - sua voz era embargada, ela sussurrava praticamente pra si as palavras. - Você deveria estar aqui. É minha culpa você não estar, me perdoa... por favor.
Aya chorava cada vez mais alto, o som da chuva forte contra o chão parecia ensurdecedor pra garota, ela não aguentava mais o barulho do mundo. Seu peito doía, fazia tanto tempo que Aya não lidava com a dor desse jeito, fazia tanto tempo que Aya não lidava com a realidade cinza e melancólica que era sua vida. Ainda escutava os barulhos da chuva, mas ela parou de repente de pingar sobre si.
— Você sabe que o chão é sujo, não sabe? E a água da chuva também? - assim que Aya escutou a voz conhecida, levantou a cabeça, dando de cara com os cabelos pretos, segurando um guarda-chuva.
— Omi... - seus olhos encheram de lágrimas novamente, desviando o olhar. - O que faz aqui?
— Eu venho aqui todos os dias depois do treino. - ele suspirou. - Sinto falta dele. Mas te ver aqui é uma surpresa, nunca mais ouvi falar de você.
— Eu sei... foram tempos complicados pra mim.
— E pelo jeito continuam sendo. Meu irmão não ia querer isso, Kiyoshi, vamos, levante desse chão imundo. - ele estendeu a mão. Aya hesitou um pouco, mas pegou na mesma, sentindo seu corpo arrepiar devido ao frio.
Kiyomi Sakusa, irmão de Koyomi Sakusa, era uma das pessoas que Aya considerava mais próximas de si. Ele tinha uma flor branca na mão, que depositou no túmulo do irmão com cuidado e depois juntou as palmas da mão, como uma forma de prestar respeito ao mais velho.
— Eu te levo pra casa.
— Não precisa.
— Não quero saber, Aya, você desapareceu, me deve explicações.
Aya assentiu e eles caminharam até a casa da garota, Sakusa nem esperou ser convidado pra entrar. O garoto praticamente ordenou Aya ir tomar um banho e assim ela fez. E foi até que bom, seu corpo inteiro estava gelado devido a chuva e o banho quente a ajudou relaxar um pouco. Ela colocou um moletom e uma calça e foi até a cozinha de novo, onde Kiyomi bebericava o chá de camomila que havia feito. Aya sentou na sua frente, o garoto lhe entregou outra xícara com o mesmo chá.
— Você mora aqui agora, então?
— Sim... me mudei depois que Kou se matou, eu não ia aguentar ficar na mesma casa, mesmo bairro, tendo as mesmas memórias e... - ela suspirou, passando as mangas do moletom nos olhos, afim de não chorar na frente do garoto. - Me desculpe por sumir.
— Aya... saiba que eu não te culpo pela morte dele. Você não precisava ter saído da minha vida assim. Da vida de todo mundo. Yukino ainda fala de você, ela sente sua falta.
— Você sabe que ela foi a primeira a dizer que era minha culpa, não sabe? Todos disseram que a pessoa que eu mais amei no mundo se matou por minha culpa, Sakusa! Como você acha que eu deveria ter continuado lá?
— Todos se arrependem por isso. Não foi sua culpa, você não sabia que ele faria isso, se não, tenho certeza que nunca terminaria.
— Eu não quero ver nenhum deles. Nunca mais. Eu fiquei sozinha todo esse tempo, só eu e a porra da minha cabeça me torturando. Eu vi ele se jogando, eu vi o corpo dele sendo tirado daquela merda de rio e depois de tudo isso, vocês ainda tiveram coragem de me culpar por isso. - disparou, deixando as lágrimas caírem livremente. Aya respirou fundo, limpando o rosto. - Vai embora, por favor. Eu já tenho coisa demais na cabeça pra pensar e você aqui não me ajuda.
— Você está irreconhecível, sinceramente. A Aya alegre e animada de todos os dias pulou da ponte também?
— Por que você não vai se foder? É do seu irmão que a gente tá falando aqui.
— Ele tá morto tem quase dois anos, que caralho, Aya.
— Quando você ficou tão insensível assim? - Aya soluçou, se levantando. - Vai embora, Kiyomi. - ele se levantou, assentindo.
— Desculpe, Aya. Você sabe que eu sou um babaca quando eu quero. - Sakusa se aproximou da garota, a puxando para um abraço. - Eu senti sua falta.
Aya desabou mais uma vez ali. Se deixando totalmente entregue e vulnerável, o abraçando de volta. Ela realmente precisava de um abraço amigo, mas de alguém que não insistiria em saber o que há de errado. Sakusa sabia que se passava muito mais na cabeça de Aya do que o falecimento do irmão, mas ele deixou quieto, se fosse pra dizer, já teria sido dito por ela.
— Eu também senti sua falta.
— Por favor, não suma mais. Eu não vou dizer pros outros que me encontrei com você até você estar pronta, mas me dê algum sinal de vida de vez em quando.
— Tudo bem. - Aya se afastou. - Eu acho que eu preciso dormir. Não durmo faz dois dias.
— Sim, você está péssima. Sabe que pode me contar o que for, não sabe?
— Eu sei... não é nada demais, alguns problemas na escola.
— Onde está estudando agora?
— Nekoma. Eu voltei esse ano pra escola.
— Como assim? Você ficou um ano parada?
— Como eu disse... tempos complicados.
Os dois se despediram e o mais alto foi embora. Aya se sentia aliviada ao ver o velho amigo de novo, por mais fechado que Kiyomi fosse, eles sempre tiveram uma amizade próxima, tanto que ela conheceu o irmão do garoto através dele. Koyomi e Aya eram do mesmo ano, só estudavam em salas diferentes e um dia qualquer que Aya estava na casa deles, que a mesma foi pra ver Sakusa, acabou conhecendo o mais velho lá e não se separaram desde então. Pelo menos, não até ele ir.
Aya suspirou, subindo até seu quarto e procurando seu celular. Estava evitando o aparelho o dia todo, mas era inevitável não ver. Abriu as mensagens, tendo algumas de Kuroo ali, que ela não fez muita questão de esconder e outra do mesmo número.
''Cuidado pra não fazer esse garoto se matar também.''
N/A - eu to TRISTE eu chorei escrevendo esse, meu deus, tadinha da minha bebe, ainda nem começou o sofrimento direito. ENFIM, espero que vocês estejam gostando, as interações com o Kuroo vão aumentar também.
Koyomi se chama assim pq eu tava procurando alguns nomes e acidentalmente esse apareceu, e como eu já tinha na cabeça que ele seria irmão do Sakusa, Kiyomi e Koyomi combinaram, tipo Atsumu e Osamu, então eu amei KKKKKKKKKKKK
Obrigada por lerem, até o próximo szsz
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𝐒𝐏𝐀𝐑𝐊𝐒, kuroo tetsuro
FanfictionOnde a tempestade chega no mar calmo em que a vida do capitão do time de vôlei se encontrava. art da capa @kwonrugger no twitter capa feita por @olimpia_valdez