sorveteria.

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Mais um dia tinha se passado.

Aya almoçara com Kuroo novamente, dessa vez, Kenma foi arrastado junto. Já era fim de aula, Aya juntava suas coisas pra ir embora, o loiro iria pra sua casa hoje fazer o trabalho, mas apenas a noite, já que segundo ele, o mesmo tinha o treino diário depois das aulas. Aya não se importou com o horário, não é como se ela fosse pra cama cedo de qualquer forma.

Ao chegar em casa, chamou por sua mãe, mas pelo silêncio, deduziu que ela não estava. Era difícil a mais velha parar em casa, então não era uma surpresa. Se desmanchou do excesso de roupa que usava, ficando apenas com a blusa branca e a saia, indo até a cozinha e abrindo a geladeira.

Tinha um prato feito ali e um pequeno bilhete de sua mãe, avisando que era seu jantar. Aya suspirou, sentindo seu estômago embrulhar, ultimamente a única coisa que conseguia ingerir era algo adocicado, com preferência de chocolate.

Juntou suas roupas e as levou na lavanderia, colocando de qualquer jeito na máquina de lavar e foi ao seu quarto, se jogando na cama. Olhou ao redor, estava uma completa zona, com certeza precisava arrumar o lugar antes de Kenma vir ou sabe-se lá o que o garoto iria pensar dela.

Choramingou, se levantando da cama, fazia tempos que não arrumava o local, sua mãe já havia desistido de pedir, já que Aya nunca a obedeceu, sempre alegando que faria mais tarde. Começou recolhendo as embalagens das porcarias que ela comeu, depois jogando as roupas no cesto, deu um leve organizada pra deixar o lugar ao menos apresentável e varreu de qualquer jeito.

Parecia outro lugar. 

A cama ela deixou do jeito que estava, não importava, odiava arruma-la de qualquer jeito. Pela falta de exercício em um ano, ela ficava ofegante ao menor movimento e parecia ter corrido uma maratona após arrumar o quarto, então já estava cansada, mas decidiu tomar um banho.

Debaixo da água, se lembrou que não ficou tão cansada assim quando trocou toques com Kuroo, no dia anterior. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios, mas logo se desfez, não sabia o porque estar sorrindo tanto e nem o porque de ter o moreno em seus pensamentos.

Talvez seja porque ele e o loiro foram as primeiras pessoas que ela teve contato - sem ser sua mãe -, depois de longos e melancólicos meses, talvez seja por causa do toque do garoto em sua mão, que ao se lembrar, as faíscas pareciam surgir de novo.

Aya não sabia dizer se havia gostado ou não disso, mas com certeza se sentia um pouco melhor de ter amigos novamente. Se é que ele podia os chamar assim, afinal, não tinha passado muito tempo ao lado dos garotos, mas decidiu que não se faria de difícil ou os afastaria.

Aya gostou de se divertir.

Após sair do banho, já era quase seis horas da tarde e o loiro disse que viria perto das sete então tinha um tempo ainda pra ficar sem fazer nada, como sempre. Se jogou na cama, mexendo no seu celular até passar o tempo.

Percebeu que eram sete e meia quando a campainha tocou, Aya ajeitou o moletom preto que usava em seu corpo e desceu, abrindo a porta e se deparando com o loiro jogando, como de costume. Eles se cumprimentaram e Aya deu espaço pro mesmo entrar, o levando até seu quarto.

— Eu acho melhor digitar e imprimir na escola. -  ele disse, enquanto conversavam sobre.

— Sim, eu também. - suspirou. - Escrever a mão é um saco.

— Eu não sei porque insistem em fazer a mão se já tem tecnologia pra isso. - ele disse, dando de ombros.

Aya concordou, pensava igual. Eles demoraram menos de duas horas pra terminar, Kenma digitava absurdamente rápido, então não demorou muito. Assim que terminaram, antes do loiro ir embora, Aya recebeu uma mensagem.

'' ? - 21h02;

- Aya!
- Kuroo aqui.
- Quer dar uma volta? Kenma está na sua casa, não?
- Vamos nós três!''

Aya leu, pensando sobre o assunto, talvez se Kenma fosse não seria nada mal, mas ficar a sós com Kuroo a deixava um pouco tímida. Ela olhou pro loiro, que mexia alguma coisa em seu celular.

— Kenma-san. - ele a olhou. - Kuroo nos chamou pra dar uma volta.

— Uh... não sei, acho que vou pra cas... - Kenma encarou os olhos atentos de Aya, pareciam que imploravam pro garoto ir. - Ok, pode ser.

Aya sorriu levemente, digitou uma resposta pro moreno e salvou seu número. Pediu licença pro loiro, iria trocar de roupa, usava apenas um moletom surrado que ficava como um vestido nela, por mais que ela não ligasse tanto pra se arrumar, até ela sabia que aquela blusa não era de sair de casa.

Colocou uma blusa cinza, tão grande quanto o moletom, mas não era tão acabada com ele, era mais apresentável. Uma calça preta com alguns rasgos e um tênis preto surrado, que usava desde sempre. Ouviu a campainha tocar, ficando surpresa pela velocidade do garoto, então ela e Kenma foram de encontro ao mesmo.

— Onde vamos? - Kenma perguntou impaciente.

— Eu estava pensando em irmos tomar um sorvete, o que acha Aya?

— Hm? Ah... pode ser. Mas eu não conheço nenhuma...

— Tem uma a uns dez minutos daqui. Você mora aqui a quanto tempo, Aya?

— A vida toda. 

Os dois a olharam surpresos, não sabia como ela não conhecia e Kuroo se perguntou como nunca a tinha visto antes, já que ele sempre passou por a rua dela, talvez ela não fosse muito de sair. Eles caminharam até o lugar, Kuroo e Kenma tinham uma conversa agradável e Aya ficava apenas de ouvidos atentos, dando alguma opinião quando era pedida.

— Como assim você não sabe o seu sabor de sorvete preferido? - o moreno perguntou, indignado com o fato.

— Faz um tempo que eu não como e... eu sempre só comi o de chocolate.

— Aya, você não conhece a parte boa da vida então. -Aya soltou um riso melancólico.

— Talvez não.

Kuroo pediu uma tigela gigante pros três dividirem e tinha tantos sabores que Aya mal podia distinguir. Apenas encarava a tigela cheia de bolas coloridas, de fato, lhe parecia bem apetitoso.

— Esse é de quê? - perguntou depois de dar uma colherada no sorvete rosa. - É horrível.

— É chiclete e é o melhor. 

— Ele parece uma criança, é o sabor favorito dele desde que tinha onze. - Kenma disse, colocando uma colherada de sorvete de café na boca.

— Tem gosto de pasta de dente de morango. - Aya disse.

Kuroo a encarou, completamente ofendido pelas palavras da garota, mas ela parecia não dar a mínima, apenas continuou experimentando cada sabor, no final da tigela, ela decidiu que seu favorito era o de café, igual o de Kenma.

— Vocês dois tem péssimos gostos.

— Eu acho que seu paladar é meio infantil. - Kenma disse, tirando um riso anasaldo de Aya e fazendo Kuroo revirar os olhos. - Aya, você namora?

Aya piscou algumas vezes, tentando digerir a pergunta, os dois garotos a olhavam atentos. Ela sentiu seu estômago revirar, se pudesse, sairia dali correndo no exato momento que a pergunta foi feita. Ela respirou fundo algumas vezes, por mais que ela tivesse superado parcialmente o assunto, nunca falou sobre, nem com sua mãe, ela sempre deixou tudo guardado pra si.

— Não... por que? - engoliu seco.

— Desculpe, eu vi o porta retrato no seu quarto e presumi que fosse seu namorado.

— Ele era, mas... ele se matou.


Continua.

𝐒𝐏𝐀𝐑𝐊𝐒, kuroo tetsuroOnde histórias criam vida. Descubra agora