Aya se xingava de tantos nomes que era impossível de entender seus próprios pensamentos. O clima pesado que havia se formado na mesa deixava os três ali constrangidos. Aya respirou fundo, tinha que medir mais as palavras antes de falar com os outros.
— Me desculpem, eu não queria ser desagradável . - disse baixo.
— N-não tem problema, Kenma que foi intrometido.
— Perdão, Aya.
— Não precisa se desculpar. Não tinha como você saber e não me importa mais, já faz um tempo.
Os dois ficaram um pouco surpresos com o jeito que ela disse, soou tão indiferente, como se fosse algo normal. Kuroo ficou preocupado, afinal, não tinha como não ficar. Dizer que alguém que você costumava amar se matou de um jeito tão simples, era estranho.
— É por isso que você entrou um ano atrasada?
— Sim... mas eu não sei se eu quero falar sobre isso, me perdoem.
— Te entendemos completamente.
Aya sentiu um alívio enorme no peito quando Kuroo trocou de assunto, ignorando totalmente o que tinha acontecido. Kenma também havia entendido o recado, então agora eles conversavam sorbe um assunto completamente diferente de antes.
Talvez isso significava ter amigos. Eles perceberam seu desconforto e estarem lá por você. Era algo novo pra Aya, não que ela nunca tenha tido, já teve alguns, mas desconheceu a palavra amizade no momento em que ele partiu. Todos se viraram contra ela, alegando que a culpa do garoto se jogar da maldita ponte era da garota.
Claramente não era, não era como se ela tivesse o empurrado. Mas ela não conseguia não se culpar por isso, afinal, quem havia terminado o relacionamento alguns dias antes havia sido ela, não ele. Quem havia o feito sofrer por dia foi ela, não ele.
Quando Aya percebeu, já caminhava de volta pra casa, apenas com Kuroo ao seu lado, que a olhava claramente preocupado.
— Kenma...?
— Ele se despediu no momento em que saímos da sorveteria. Você tem certeza que tá bem?
— Só me perdi pensando mesmo. - deu de ombros, voltando a olhar pra frente.
Kuroo não sabia muito bem mais o que dizer, então a acompanhou até a porta de sua casa em silêncio. Aya estava presente ali, mas sua mente parecia tão distante, mal parecia que a garota estava acompanhada. Tetsuro não entendia o porque de estar tão preocupado, desde o primeiro momento em que viu Aya, a achou interessante e queria conhecer mais da garota dos olhos azuis acinzentados que tanto rondava sua mente. Ao chegarem em frente a casa da garota, ela pareceu voltar de onde quer que estava, o encarando.
— Aya... se você precisar conversar ou de qualquer coisa, saiba que pode contar comigo. - disse, pensando em cada palavra, não queria uma bola fora agora. Ele estremeceu um pouco quando Aya o olho de cima a baixo, mordendo o lábio com força.
— Não precisa sentir pena, sabe...
— N-não é pena, de modo algum. - balançou as mãos exageradamente. - É que... somos amigos, certo? E amigos podem falar uns com os outros, enfim... o que eu quero dizer, você não precisa carregar tudo sozinha.
Aya suspirou, se sentando no chão, abraçando os próprios joelhos. Kuroo se sentou ao seu lado, os dois agora estavam sentados na calçada em frente a casa da mesma, Aya não sabia muito bem o que dizer, há quanto tempo não desabafava com alguém? E ainda não sabia de Kuroo era cem por cento confiável.
— Eu fiquei triste bastante tempo... - começou, Kuroo a encarou, prestando atenção em cada palavra. - Mas agora eu não me sinto mais assim. - respirou fundo. - É confuso porq... deixa pra lá, eu não consigo dizer de qualquer maneira, até amanhã.
Kiyoshi se levantou, tirando a sujeira do chão de suas roupas e girando os calcanhares pra entrar na sua casa, agora só queria ficar embaixo da coberta, protegida de tudo e todos. Mas foi impedida quando Kuroo agarrou seu braço, a puxando contra seu corpo e a abraçando.
Ela arregalou os olhos, a sensação que sentiu aquele dia continuava, as faíscas continuavam. E agora mais fortes do que nunca, já que seus corpos estavam colados. Por mais que uma descarga elétrica tenha invadido seu corpo, ela se sentia... bem. A tempos não abraçava alguém, nem sua mãe. Mal se lembrava que calor humano era tão bom assim e estar nos braços de alguém era aconchegante, até demais.
Mas logo o sentimento de culpa invadiu seu peito, por que tinha o direito de abraçar um garoto sendo que ela tinha deixado seu amor ir? Aya tinha mesmo o direito de ser feliz? Ainda mais com outra pessoa? E por que ela pensou em ser feliz com Kuroo? Nada fazia sentido pra ela.
Ela se afastou, com lágrimas nos olhos e com a mão no peito do garoto, o empurrando pra longe. Apenas lhe deu as costas e andou até sua casa, batendo a porta. Kuroo tinha os olhos arregalados, vendo a porta sendo fechada em sua cara, que idiota, o que tinha acabado de fazer? Ele nem sabia se a garota se sentia confortável pra isso.
Bufou estressado consigo mesmo, voltando pra casa e chutando todas as pedras em seu caminho, apenas pensando em mil maneiras de se desculpar amanhã, se é que ela falaria com ele amanhã.
Aya já se encontrava deitada em sua cama, abraçando um travesseiro, sua cabeça estava tão confusa que a própria se perdia em seus pensamentos. Aya não se sentia no direito de ser feliz mais, de ter amigos, de ter um confidente e principalmente, gostar de outra pessoa. No fundo, ela sabia que estava assim por gostar de passar o tempo com Kuroo. Desde a primeira vez que eles se viram, o garoto sempre se mostrou preocupado com ela e ela nunca viu pena ou compaixão em seu olhar, foi uma das coisas pra ela se aproximar ao menos um pouco do garoto, mas ela realmente, não se sentia no direito.
Com o passar da madrugada, ela dormiu por pelo menos duas horas, já estava de bom tamanho.
As vezes, Aya podia jurar via o mundo em preto e branco, como nos dias de hoje, dias que ela se sentia tão desgastada que nem as cores do mundo queriam se apresentar à ela. Dias assim eram os piores, por mais depressiva que Aya fosse, ela sempre amou as cores do mundo, sempre amou como ficavam no papel, na tela branca ou em qualquer outro lugar.
Agora que ela andava até a estação de trem mais uma vez, o mundo parecia cinza, opaco. Aya se pegava tentando se recordar algum momento bom em sua vida, mas os dias sempre pareceram assim, opacos, cinzentos. Apenas as memórias ruins, que por mais que ela tentasse esquecer, prevaleciam em sua mente, como parasitas.
Ao entrar no vagão de sempre, com seus fones do máximo, viu Kuroo ali, que a olhava com uma cara preocupada e com razão, Aya tinha uma cara mais cansada do que de costume e parecia péssima.
Assim que seus olhares se cruzaram o mundo pareceu colorido de novo.
Continua.
N/A - autora eh assassina por acabar os capítulos nos piores momentos.
já to ate vendo isso JSNHFNJNFFD eu espero que vocês tenham gostado gente, como eu acabei why him, eu provavelmente vou postar aqui com mais frequência! Até o próximo sz
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𝐒𝐏𝐀𝐑𝐊𝐒, kuroo tetsuro
FanficOnde a tempestade chega no mar calmo em que a vida do capitão do time de vôlei se encontrava. art da capa @kwonrugger no twitter capa feita por @olimpia_valdez