teto branco.

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Aya encarava o teto branco de seu quarto, não sabia a quanto tempo estava naquela posição, não sabia se já tinha se passado algumas horas ou apenas alguns minutos. Julgou que já era mais de cinco da manhã pelo barulho dos pássaros do lado de fora e os raios que invadiam seu quarto pelas frestas da janela.

Fechou os olhos com força, como se isso a fizesse dormir a qualquer momento, mas sabia que não era tão fácil assim. A garota parecia encarar o teto branco como se procurasse algo, talvez conforto ou até mesmo algum tipo de motivação pra fazer algo realmente produtivo no dia de hoje.

Mas como todos os outros dias nesses últimos quinze meses, não encontrou, não tinha nada de novo ou mágico ali.

Dormir era difícil pra garota, sair de casa era difícil, sair do quarto era difícil. Fazer qualquer coisa que exigisse o mínimo de esforço era difícil.

Durante doze meses ela não pôs os pés pra fora de casa e nos últimos três meses, sua mãe a forçou a isso, alegando que seria o melhor, então todos os dias era obrigada a andar, nem que seja por cinco minutos, na rua de sua casa. Ela sabia que sua mãe estava certa, mas apenas não queria. 

Tateou seu celular na mesinha de canto, piscando algumas vezes quando o brilho forte se acendeu no seu rosto, vendo que eram cinco e quarenta da manhã. Não tinha conseguido dormir nem por uma hora que fosse essa noite, assim como a noite passada. 

Por mais que estivesse exausta, sua mente não desligava um momento sequer, então suas madrugadas consistiam em ver vídeos aleatórios no celular e encarar o teto do seu quarto.

Se levantou, odiava a sensação de ter sempre os olhos pesados pelo sono que nunca chegava, mas odiava mais ainda sua mãe lhe dando uma bronca pelas manhãs, dizendo que ela deveria acordar logo.

Foi ao banheiro, lavando o rosto e sentindo o choque da água gelada, a fazendo ''acordar'', observou seu reflexo no espelho, estava péssima, como sempre. A mecha azul do seu cabelo já estava desbotada, e tinha enormes círculos pretos embaixo de seus olhos, até seus olhos azuis pareciam cinzas agora. Foi até a cozinha, vendo sua mãe preparando o café da manhã, e sentiu seu estômago embrulhar, odiava comer nesse horário.

— Acordou cedo. - a mais velha disse.

Se eu ao menos tivesse acordado, estava ótimo.

— Uhum. Você também.

— Sim, vou fazer sua matrícula hoje. - Aya a olhou incrédula.

— Eu disse que não iria voltar pra escola esse ano.

— Você precisa, Aya. Já perdeu seu segundo ano, vai ter que refaze-lo, não pode atrasar mais sua vida.

Por que? Por que ela não entende que eu não consigo?

— Eu vou ano que vem. Eu juro.

— Você jurou isso pra mim ano passado. Já faz praticamente dois anos, você precisa superar. Sabe que ele não gostaria de ver você assim.

Que porra? Como você poderia saber o que ele gosta ou não?

— Quando as aulas começam? - perguntou, com a voz baixa.

— Semana que vem. É uma boa escola, você vai gostar de lá.

Impossível.

— Eu não vou entrar em nenhum clube e não pretendo fazer amigos, se eu vou, você não vai me forçar a mais nada.

— Combinado. Só de você ir é um passo muito grande. Obrigada. - sorriu fraco.

Aya sabia que sua mãe não fazia isso por mal e o fato dela não querer ir era um problema só dela. Mas ela também não contestava de modo algum as decisões de sua mãe, a mais velha já era mais do que compreensiva e sempre esteve lá por Aya, então apenas o que podia fazer, era obedecer.

𝐒𝐏𝐀𝐑𝐊𝐒, kuroo tetsuroOnde histórias criam vida. Descubra agora