CAPÍTULO 4: Dependente - Parte II

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No dia seguinte, Tai Fei o levou para fora do edifício principal para caminhar um pouco pelos estandes de falcoaria.

Yue Chi estava acostumado com os estandes sofisticados para suindaras e as torres altíssimas com poleiros infinitos na Seita Bing Seng e no Palácio de Gelo, mas definitivamente não podia dizer que aquele estande era rudimentar.

A estrutura era totalmente varrida da neve, parecia haver um trabalho minucioso em manter o local limpo do gelo escorregadio. A terra tinha uma cor fria e estéril, os baques das pessoas pisando e correndo sobre ela eram secos como os de quem pisava nos deques das outras áreas.

E havia muitas, muitas, muitas aves.

Aves dos mais diversos tamanhos e tipos. Os céus da área eram totalmente rasgados por falcões, corvos, águias e corujas.

Não distante deles, bufos e mochos podiam ser vistos juntamente com cultivadores usando capas longas e bengalas. As corujas viravam as cabeças na direção do novo filhotinho e atentavam seus enormes olhos a ele.

Pareciam dizer "nunca vi uma coisinha assim antes!"

As águias eram as maiores e mais imponentes que já tinha visto, e elas nem mesmo eram das espécies que eram conhecidas por serem as maiores. Variando entre uma águia-das-neves comum ou uma águia-cinzenta-de-inverno, algumas se empoleiravam tão elegantemente sobre os muros e variados postes dedicados no espaço, que podiam ser confundidas com estatuetas.

Conforme caminhava, Tai Fei inconscientemente mostrava todo seu mundo para a corujinha.

Passou pelas portas de uma torre, a mais alta entre as pequenas construções no perímetro.

Adentrando o pagode, Yue Chi pôde ver andares se estendendo na direção do céu, com janelas de onde iam e vinham muitos e muitos corvos. Não sabia nem mesmo dizer se a torre tinha um teto efetivamente, tantas as manchas negras que tampavam sua possível visão do firmamento.

O fenômeno fez seu coração afundar e sua alma formigar, sentimentos de nostalgia e saudade dos velhos tempos nas tundras geladas da Seita Bing Seng e de sua querida torre inundaram os pensamentos de sua cabecinha sem penas.

Com a mão livre, Tai Fei agarrou um bolo de cartas e livretos que um cuidador da edificação lhe entregou com uma respeitosa reverência, e rapidamente procurou entre elas pelo selo de mariposa da Seita Mu Can.

A carta era a mais importante ali, e pelo modo como se sentia tremer dentro das mãos do Líder de Seita, ele tinha grande ansiedade para lê-la. Sentou-se numa mesa ali mesmo, e prontamente lhe foi trazido um pouco de chá. Finalmente, pôs-se a ler.

"Um belo dia, Tai-Zhangmen.

Primeiramente, agradeço o contato antecipado. Para ser sincera, os abrigaríamos de qualquer forma se apenas viessem, mas foi uma grande gentileza da parte do senhor nos avisar de antemão.

Já preparei quartos para o senhor, para a Mestra de Armas, para uma comitiva de até dez pessoas e é claro para a nossa pequena convidada de honra. Por favor, fique à vontade para me avisar se precisar de mais. Ficarei feliz em receber A-Ruan em nossa residência.

Meus sinceros pêsames por todas as perdas. Por favor, não se preocupe, eu e meu irmão cuidaremos de dar as notícias a ela aos poucos. Já lidamos algumas vezes com coisas assim, são assuntos complicados e delicados.

Ela terá uma boa vida nos nossos campos verdejantes.

Sobre Shaobing, já sabe o que sinto. Não vou impedi-lo de dormir em minha casa, por todos os fatores anteriores, mas não pode esperar que eu vá apenas deixá-lo saquear o templo de Yue Chi. Sei muito bem o que pretende fazer com aquele lugar.

Coruja Voando Alto [XIANXIA ORIGINAL] {BL & GL}Onde histórias criam vida. Descubra agora