CAPÍTULO 2: Insistente - Parte II

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Tai Fei se levantou, desamarrando o fecho de sua grossa capa para deixá-la no chão atrás de si, e ter mais liberdade nos braços para vasculhar os livros nas prateleiras da sala.

O tamanhinho de Yue Chi não lhe permitia ter um parâmetro muito confiável de altura para as pessoas, mas aquele garoto parecia ser alto e esguio. Ou talvez fossem só seus robes, que diferentemente de todos os cultivadores que viu perambulando por aí, era muito menos grosso e cheio de camadas de cobertura e forros com peles.

Eram robes simples, em tons esverdeados, azulados e terrosos criando padrões geométricos elegantes e bonitos que contornavam sua figura longilínea. Os únicos forros de pele visíveis que tinha se encontravam ao redor de sua cintura, botas e pescoço, dando-lhe uma aparência confortável e afável sem quebrar a graciosidade.

Não tinha mangas largas, elas eram relativamente justas ao seu braço com guardas alaranjadas e bordados de pinheiros em linha branca.

Os olhinhos novos de Yue Chi acompanharam o caminho dos pinheiros brancos pelas prateleiras, até que aquelas benditas mãos geladas apanharam um grupo de livros.

O Líder de Seita Tai voltou para a mesa, deixou os livros sobre ela, espalhados e abertos em algumas páginas, e pôs-se a ler.

As poucas horas que se passaram ali foram de silêncio total. Estava aconchegado no calor do cachecol, que depois se uniu a mais um grupo de tecidos pesados e até mesmo um pedaço de pele de lobo.

Ficou quietinho e quentinho por toda aquela sessão de leitura, salvo os poucos momentos em que o Líder de Seia Tai tirava os olhos dos livros e tocava levemente seu corpo com aqueles dedos gelados, não podendo evitar as guinchadinhas baixas que saíram. Mas nisso, Tai Fei prontamente puxava um pedaço do tecido de volta para cima, e assoprava suavemente seu hálito quente para esquentá-lo.

Uma coisa era certa, proporcionalmente, o que estava vivendo agora era um luxo bem maior do que o que o próprio Líder de Seita vivia.

Em todas as minhas outras existências, eu nunca estaria numa posição assim neste momento... Será que estou livre da minha maldição? Será que minha imortalidade me tirou dela?

Tai Fei, depois de ler por mais algum tempo, finalmente soltou um longo suspiro, fechou a maior parte dos livros, e apoiou um deles aberto ao lado do filhote. Ele apoiou o dedo indicador sobre uma das páginas e pôs-se a lê-la em voz alta.

"Suindaras-safira

Nativas do Deserto Gelado de Dafeng, migradas para a região das Florestas Boreais de Lan Ying, as suindaras-safira podem ser identificadas por seu padrão diferenciado de cores das penas em comparação às outras suindaras. As penas de voo são majoritariamente brancas, com as penas secundárias estampadas com pequenas marcas azuis similares às marcas pretas das corujas-das-neves. Todas apresentam írises azul-safira, o que dá nome à espécie.

A espécie não apresenta dimorfismo sexual, podendo ser apenas identificadas pela presença ou não da cloaca. Porém, alguns machos tendem a apresentar uma pequena mancha azulada no centro da testa antes de desenvolverem as penas mais estruturadas, ainda filhotes.

Filhotes de suindara-safira podem ser identificados pela presença de manchas azuladas nas partes de pele e penugem onde um dia estará o seu padrão próprio de manchas azuis das penas de voo. Não se deixar levar apenas pela cor dos olhos, pois outras espécies de suindara também possuem olhos azuis intensos, como as suindaras-da-pradaria e suindaras-estribo."

Ele deu uma pausa com um riso meigo, antes de prosseguir:

"Apesar de as suindaras-safiras terem um azul muito mais bonito, se minha opinião aqui importa."

Coruja Voando Alto [XIANXIA ORIGINAL] {BL & GL}Onde histórias criam vida. Descubra agora