CAPÍTULO 20: Dormente

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Houve um tempo em que onde hoje há os Desertos Gelados de Dafeng, havia prósperas, lindas e infinitas tundras geladas.

As estradas de pedras construídas pelo povo das tundras traçavam caminhos entre uma miríade de edificações, torres, templos, e a colossal residência da Seita Bing Seng, de onde iam e vinham os tão respeitados monges do gelo. Seus robes azul claro e suas espadas reluzentes. As pedrinhas das ruas eram brilhantes, pareciam refletir a luz do céu.

Nessas tundras, nessa seita, havia um líder. Um líder imortal que construiu aquele paraíso gelado com as próprias mãos desde a primeira pedra. Ele foi alimentado pela força do Gelo Ancestral, que distribuía sua energia mágica por toda aquela terra coberta de neve. Este líder era Dong BaiHe.

As suindaras comuns, com seus adoráveis discos faciais em forma de pêssego, não eram comuns de se ver por lugares vastos e vazios como tundras.

Mas a magia do Gelo Ancestral, a magia de Dong BaiHe, trouxe vida ao seu primeiro companheiro espiritual, em uma ninhada de outros seis que se propagaram às nobres e aves dos demais membros do clã Dong.

A maior e mais velha dessa primeira ninhada era a mais querida de Dong BaiHe, da qual cuidou com muito carinho e dedicação. Não demorou para que ela crescesse em uma belíssima coruja de peito estufado. Penas com manchas azuladas tal qual um grupo de andorinhas a migrar. Olhos azuis tão penetrantes que pareciam carregar todos os oceanos do mundo.

Mas que nome devia dar àquela linda ave?

Os discípulos de Dong BaiHe, seus irmãos mais novos e companheiros, todos com suas suindaras também adultas, já lhe deram nomes e temperaram seus núcleos com Gelo Ancestral. Mas o momento da nomeação da coruja do grande Líder de Seita devia ser especial, memorável. Ele não podia simplesmente pensar em um nome qualquer que desse na cabeça para a criatura que iria acompanhá-lo em sua ascensão.

Foi quando numa das últimas lições de voo da coruja, Dong BaiHe viu.

Era uma noite de lua nova, o céu estava negro e as estrelas pareciam chover sobre sua cabeça. A coruja podia voar do poleiro para seus braços algumas vezes, e já estava pronta para exercícios mais complexos.

Naquela noite, a suindara alçou voo. Alto e majestoso.

O pequeno círculo preto no céu, no meio de tantas estrelas, foi coberto por sua envergadura.

Ela ia tão alto que, mesmo sendo tão grande, a curvatura de suas asas abraçou com perfeição a lua nova.

Os olhos também safíricos de Dong BaiHe contemplaram tal visão majestosa. Seus cílios brancos piscaram algumas vezes, incrédulo do que estava testemunhando.

Era como se ela tivesse se fundido a o firmamento, como um brocado de ouro e aquarela, apenas uma lua minguante a brilhar no céu. Seda azul-marinho, salpicada de tinta branca aqui e ali.

As montanhas reluzentes de gelo ao redor pareciam formar uma abóbada circundando a coruja, alinhada ao zênite da lua nova. A cena embasbacou o Líder de Seita Dong. Com o tempo tão frio, lágrimas congelaram em suas bochechas.

Ele murmurou duas palavras:

"Yue Chi."

Coruja semelhante à lua

A lenda da descoberta do nome de quem seria futuramente conhecido como Lua de Inverno foi passada por todas as gerações da Seita Bing Seng e espalhada em todas as gerações de cultivadores pelas terras ao redor. Cada descrição mais vívida do que a outra. Cada palavra parecia contornar as penas da suindara que transcendeu eras.

Coruja Voando Alto [XIANXIA ORIGINAL] {BL & GL}Onde histórias criam vida. Descubra agora