CAPÍTULO 24: Inerente

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Os bosques de Wenrou Die eram suaves, agradáveis para se passear e contemplar. Mas como qualquer território coberto por um teto de copas de árvores, no cair da noite, as sombras eram densas e avassaladoras.

Em um aglomerado de sombras escuras, três semblantes surgiram ao encontro de uma quarta figura. Esta, de costas, virada para um tronco.

"Chefe."

A figura não se virou.

"Chefe?"

Ela apenas olhava para aquela árvore.

"... Chefe?"

"Caramba, Jiu, o que você quer?! Não sabe ouvir quando eu falo baixo não? Tá com o ouvido sujo? Sinceramente..."

"Desculpa, Chefe!" O rapaz tinha a voz trêmula, parecendo mais uma vítima assustada do que uma ameaça para desavisados perdidos no meio das àvores... "Checamos o perímetro, a maldição foi quebrada."

"As amoreiras crescem para cá?"

"Perdão?" Jiu se confundiu.

"Aqui. Amoreiras. Elas crescem?"

"Não crescem, Chefe. Jiu, deixe que eu faço isso." Um outro homem do trio empurrou o rapaz para o lado, se dirigindo diretamente à pessoa ainda de costas para a árvore. "As amoreiras de Wenrou Die ficam só no território controlado dos Mu Can."

"Que droga."

"Como Jiu ia dizendo, a maldição foi quebrada."

"Vocês têm certeza?"

"Sim. Shaobing desapareceu, aparentemente foi morto. É possível ver o fundo do pântano agora, não há mais yaos ali."

"Não isso, as amoreiras. Vocês têm certeza que não crescem para cá?"

"Chefe! De que importam as amoreiras agora?! Viemos pelo Templo de Bai'E!"

"Seus idiotas, eu já sabia que o templo foi aberto!"

"... Já?!"

"É claro que já, Gao! Estaríamos conseguindo andar por aqui se o arranjo ainda estivesse lá? Que coisa, eu mandei checarem as árvores por mim. Vocês acharam que era disso que eu 'tava falando?"

"Do que mais estaria?" Jiu perguntou confuso.

"A seda, caramba, a seda! Eu estou procurando a seda!"

"Ah... Você inda tá nisso..."

"Eu não consigo entrar nessa maldita cidade e quando eu tenho gente pra ir por mim, vocês fazem isso! Agora é tarde demais, vamos ter que voltar amanhã cedo." A pessoa finalmente se virou, e os três capangas conseguiram ver um braço espalmando a própria testa debaixo da sombra do chapéu cônico.

"M-Mas, Chefe, já saímos de dia duas vezes, vamos acabar sendo descobertos..."

"Então a gente volta outro dia." Bufou, ainda de braços cruzados e xingando os céus. "Que coisa! Uma mulher não pode nem mais contrabandear seda honestamente em paz?!"

"Chefe, podemos falar dos manuscritos, por favor?" Gao insistiu.

"Claro, claro, tanto faz. Eu imagino que eles já foram levados."

"Exato. Pelos You Sun." Gao confirmou, perguntando calmamente: "Qual nosso próximo movimento?"

"Os You Sun têm os esquemas deles. Se eu conheço aquele falcoeiro biruta que é o líder deles, vai destruir aqueles manuscritos ou guardar pra sempre no cafofinho lá em Lan Ying. Pra alguém que odeia tanto um deus, ele só pensa nele, HAHAHA! Lao Tang. Você. Vem aqui."

Coruja Voando Alto [XIANXIA ORIGINAL] {BL & GL}Onde histórias criam vida. Descubra agora