Part. VIII - Primeiras palavras

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Sooyoung prendeu os cabelos, se sentando na cama grande enquanto um desenho infantil passava na televisão do quarto de hospital. Não tinha conseguido dormir, mas estava muito melhor do que no começo da noite; nunca se sentiu tão mal em sua vida como naquele momento, mas agora aquela sensação ruim não importava quando a sua pequena estava dormindo tão gostoso naquela cama grande.

Tinham dado um medicamento a ela, para acalmar e para a mesma não voltar a ter convulsão, esta que foi mais um susto do que alguma coisa séria, mas ela teria que voltar dali umas semanas para fazer alguns exames novamente, e que era para Sooyoung ficar de olho em qualquer tipo de sintoma que ela tivesse. A mulher se deitou com cuidado ao lado da filha, o quarto já estava iluminado com a luz do sol fraco da manhã, fazendo a neném se mexer desconfortável com a luz no rosto enquanto a mãe se deitava ao lado, a fazendo voltar a dormir ao reconhecer o cheiro que somente Sooyoung tinha naquele momento.

Suspirou alto, foi um dos maiores sustos que já tomou na vida, e provavelmente, se tivesse acontecido alguma coisa com a mesma, estaria se culpando, e bom, seria a culpada pelo resto de sua vida, mas nada tinha acontecido e aquilo era o importante. Abriu um pequeno sorriso, levantando uma das mãos para tocar no narizinho pequeno, tirando um suspiro de Joy com o carinho, a fazendo abrir os lábios enquanto levantava as mãozinhas, as colocando na cabeça como ela sempre fazia quando estava dormindo, bagunçando os cabelos lisinhos antes de voltar a ressonar baixinho. Era a coisa mais preciosa do mundo, era o tesouro que antes não queria ganhar, e agora era o mais especial do mundo, nunca sentiria aquele amor novamente por alguém como sentia pela própria filha.

Respirou fundo, sentindo uma lágrima escorrer pela bochecha enquanto descia os dígitos pela bochecha gordinha de Joy, que com um espasmo do sono que tinha, segurou a mão da mão, enlaçando dois dedos da mulher que deixou a cabeça tombar no travesseiro do hospital, aquele choro que não tinha cessado ainda voltando, fazendo um soluço ficar abafado, acordando sem querer a neném que abriu os olhinhos inchados meio assustada, apertando o dedo da mãe que continuou na mesma posição, tentando se acalmar, nem ao menos vendo a pequena menina se virar um pouco agitada, daquele jeitinho feliz que ela tinha, olhando para a mãe com os olhinhos brilhando. Joy também conseguia demonstrar amor, mesmo ainda não sabendo colocar aquilo em palavras. Mas em uma surpresa, Sooyoung levantou os olhos, os mesmos se enchendo de lágrimas novamente ao sentir a mãozinha pequena e gorda da filha em seu rosto.

Joy mexia a boquinha com cuidado, fazendo a mulher sorrir ainda mais, fechando os olhos enquanto sentia o carinho desajeitado da filha, e mesmo que os dedinhos gordinhos estivessem puxando os seus cabelos enquanto ela enfiava a mão nos fios presos, ela não se importava, era o melhor jeito de Sooyoung não se sentir tão culpada como ela estava sentindo. Pois não seria o pai de Joy, ou o médico, que falaria que ela não tinha de culpa de nada, era diferente, a culpa não passaria antes dela afirmar que estava tudo bem, ou que a própria filha mostrasse isso, como a pequena Park estava fazendo naquele momento.

— Ma — Joy disse baixinho, fazendo a mulher abrir os olhos assustada, mesmo que os mesmo tivessem brilhando. Uma animação crescendo no peito da mulher, que poucas vezes tinha ouvido a palavra "mama" sair da boca bonitinha da filha. Joy era uma menina de poucas palavras.

— Está me chamando, princesa? — Perguntou levando a mão livre até os cabelos da filha, que se agitou na cama, batendo os pezinhos, fazendo um sorriso grande nascer nos lábios da mulher. — Quer dizer alguma coisa para a mamãe? — Perguntou novamente, vendo a boquinha se mexer agitada, os dentes brilhando branquinhos enquanto elas se mexia, as perninhas gordinhas batendo no colchão.

— Mama — disse claro logo em seguida, fazendo a mulher abrir os olhos surpresa, o sorriso aumentando ainda mais no rosto, assim como as lágrimas que escorreram logo em seguida com as palavras soltas e sem conexão ou sentido que a filha soltou, fazendo a mulher soluçar alto. — Mama — chamou de novo, fazendo a mulher se abraçar com a filha, que continuava a se mexer agitada, abrindo os bracinhos para devolver o abraço da mãe, apertando com a força que tinha a cabeça da mulher, que deixava as lágrimas escorrerem livres pelo rosto. O peito finalmente ficando aliviado.

Joy's HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora