Part II - Um bom pai

884 87 79
                                        

Chanyeol respirou fundo antes de pegar a filha no berço, somente a luz do abajur iluminando o quarto inteiro enquanto o choro ecoava pelo apartamento inteiro. Não sabia mais o que fazer, estava cansado e ver a pequena menina chorando daquele jeito era uma tortura para o professor, que suspirou alto antes de colocar a filha em cima da cama. Ela estava com os olhinhos inchados e o cabelo apontando para todas as direções enquanto continuava a chorar, a boquinha pequena aberta como se alguma coisa doesse, e Chanyeol só queria que ela falasse para lhe dizer o que doía.

Já tinha trocado ela, já tinha dado um banho quente e amamentado, tinha até dado um pouco de uma sopa e ela tinha comido tudo. Mas mesmo depois de dormir por um tempo, ela acordou chorando, aquele choro que uma hora ou outra Park descobriria que era de dor; mas naquele momento, ele não sabia de nada, de nada mesmo. Bagunçou os cabelos, se ajoelhando em frente a cama e pegando o celular jogado sobre a mesma, abrindo o Google para ver se conseguia achar alguma coisa, já que toda a sua pesquisa era sobre bebês atualmente. Digitou qualquer coisa, colocando a mão grande e quente na barriga gordinha da filha, pedindo mentalmente para que aquele choro passasse enquanto tentava achar alguma coisa, só alguma explicação... Mas como sempre, nunca achava nada que prestasse no final.

O desespero corria por todo o seu corpo. E era naqueles momentos que mais queria ligar para Sooyoung, pedindo socorro e para que ela viesse buscar a filha, pois não dava mais, havia alguma coisa de errada acontecendo e ele não queria mais ver a filha chorando daquele jeito; não queria nunca mais. Jogou o celular na cama novamente, pegando a pequena Joy no colo, vendo que o choro dela não iria passar tão cedo. Pegou a manta cor-de-rosa e jogou por cima dos ombros pequenos da filha, caminhando descalço até a sala, acendendo a luz enquanto caminhava de um lado para o outro, a cabeça doendo por não ter dormido nada naquela noite.

Tudo bem, ele tinha outra pessoa para chamar, estava bem no andar de baixo, mas já passavam das quatro horas da manhã e chamar uma pessoa que você só tinha conversado uma vez era sacanagem, mesmo que ele tivesse proposto ajuda. Baekhyun era um cara legal. Pelo menos era o que aparentava mas, mesmo assim, ser filho da puta ao ponto de chamar o vizinho de baixo para lhe ajudar cuidar da própria filha era demais — no máximo poderia chamar o porteiro, ele era pai, deveria saber de alguma coisa. Era o que Chanyeol pensava enquanto caminhava para a cozinha pequena, já querendo pegar o interfone para ligar para o homem e pedir por ajuda. Mas parou no mesmo instante, chacoalhando o corpo da filha de um lado para o outro, ouvindo a campainha tocar.

Nunca em sua vida rezou tanto para que fosse a vizinha do lado, que tinha quatro filhos e sabia exatamente o que fazer em uma situação dessas; realmente, nunca sonhou tanto com uma mulher como naquele momento. Envolveu mais Joy na manta, sentindo as unhas pequenas arranharem seu peito desnudo enquanto saía da cozinha e seguia até a porta, digitando a senha para abrir. Algumas semanas atrás, os vizinhos iam bater na sua porta por estar tocando muito alto ou por estar ouvindo música num volume elevado, às vezes os vizinhos lhe achavam jogado em frente à porta de casa por estar bêbado demais, ao ponto de não se lembrar da senha da própria casa; mas como tudo tinha mudado, agora estava ali, abrindo a porta com as olheiras alcançando as bochechas e dando de cara com a pessoa que, no fundo, já esperava que iria encontrar, já que nenhuma porra de vizinho saia de casa para ajudar. Nada de nenhuma velhinha legal morando no último andar. Baekhyun usava um pijama listrado e as mesmas pantufas da primeira vinda ao seu apartamento, mas agora ele tinha a cara inchada e os cabelos lisos estavam para cima do mesmo jeito que os cabelos de Joy, que escondeu o rosto na curva do pescoço do pai, chorando ainda mais alto.

— O que eu falei sobre me chamar quando precisasse? — Byun perguntou ainda de olhos fechados, a voz rouca pelo sono. Chanyeol realmente não queria atrapalhar, era demais depender de um vizinho para saber cuidar da própria filha. — Já deu banho nela?

Joy's HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora