Part. V - Convites a primeiros encontros

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Sooyoung tinha o rosto limpo e os cabelos molhados quando se aproximou da cama que Joy estava dormindo, a barriguinha da criança subia e descia com calma, os bracinhos abertos e levantados para cima dava um ar de graça para a cena extremamente fofa que era aquela, fazendo a mulher suspirar, aquele peso no peito de saudades passando assim que conseguiu colocar os olhos na filha, fazendo os olhos se encherem de lágrimas, mas daquela vez era por um motivo bom, e não por um motivo tão ruim como o de antes. A mulher prendeu os cabelos antes de se sentar com cuidado na cama, conseguia ouvir o barulho de algo fritando na panela, parecia realmente uma típica noite em família, uma família que um dia ela sonhou em ter com algum homem que amasse muito, mas parecia que nada dali se encaixava.

As unhas estavam pintadas de verde quando colocou a mão em cima da barriguinha da filha, que mexeu a boquinha como se estivesse mamando, fazendo um sorriso grande nascer nos lábios ainda inchados pelo choro da mulher. Era a mãe daquela coisa pequena e incrivelmente perfeita, daria a sua vida por ela sem pensar duas vezes, e era isto que estava fazendo quando enfrentou os seus pais. Nunca em sua vida pensou que apanharia daquele jeito, mas as marcas espalhadas pelo corpo denunciavam o que a religião deles pregava: sexo somente depois do casamento, todas as mulheres da família devem seguir isso... E Sooyoung manchou o nome da família, ninguém poderia saber o que estava acontecendo, era completamente errado. Isso não entrava na cabeça da mulher, que mordeu o lábio inferior com força, apertando com delicadeza a barriga de Joy, se arrumando na cama enquanto começava um carinho singelo e gostoso na filha que começava a roncar pelo sono pesado. Ela não estava mais com febre, mas a mulher ainda se sentia quente e tonta.

— Eu não vou deixar que encostem em um fio de cabelo seu — disse baixo, o sussurro tomando conta do cômodo escuro. Andava repetindo muito aquilo, quase como um mantra para a deixar firme e aguentar tudo o que estava acontecendo, pois aquele pequeno ser humano não era um erro como jogaram na sua cara diversas vezes. Joy era a sua felicidade, o motivo de estar vivendo. — Eu te amo tanto... Mais tanto — continuou a dizer baixo, acariciando com as costas dos dedos o rostinho gordinho, apertando de leve as bochechas da filha, que abriu um pequeno sorriso enquanto sonhava.

— Ela é realmente a melhor coisa que eu já fiz — a voz rouca de Chanyeol fez Sooyoung se virar assustada, ela ainda estava com o mandíbula marcada por dedos, e mesmo na escuridão Park conseguia ver aquele avermelhado que ia se tornando roxo conforme as horas. — Eu preparei uma coisa para você comer, e se quiser dormir na cama com ela, por mim tudo bem... O sofá é bem confortável — disse se encostando na porta, vendo a mulher concordar com a cabeça. Estava mais preocupado com o que tinha acontecido com ela do que com o que poderia acontecer nos dias seguintes. Já tinha conhecimento da família dela, já sabia desde o começo que eles eram religiosos somente pelo pingente que ela usava no começo da estrela de Davi; mas nunca em sua vida pensou que aquela mulher bonita estaria tão machucada por um erro tão maravilhoso como era Joy. — Quer conversar sobre o que aconteceu?

— Prefiro manter isso somente para mim por enquanto — Soo disse com calma, a voz dela era baixa e suave, como ele sempre lembrava, mas agora estava mais machucada que antes. — Posso ficar aqui por uma semana antes de eu voltar para o meu apartamento? — Perguntou se virando novamente, tirando as mãos da filha. Ela usava uma camiseta grande que um dia foi de Chanyeol, a calça de moletom larga nas pernas e os cabelos molhados, Chanyeol já tinha a visto de todos os jeitos possíveis, mas nunca viu ela tão vulnerável como naquele momento.

— Você sabe que eu nunca vou recusar nada para o seu bem e o da minha filha — Park disse sério, cruzando os braços enquanto a observava, Sooyoung se levantou da cama forçando um sorriso nos lábios, arrumando uma mecha de cabelo antes de caminhar até a porta, saindo do quarto sem fazer nenhum barulho.

Joy's HouseOnde histórias criam vida. Descubra agora