Prólogo - Izumi

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Como sempre, vou postar a playlist no meu perfil



Izumi chegou naquele bar usando um vestido curto, justo apenas nos quadris, decote generoso. A cor preta destacava sua pele clara, seus olhos e cabelos compridos escuros, soltos escondidos atrás da orelha, destacando ainda mais o brinco de ouro em formato de estrela que ela usava. Os lábios estavam desenhados pelo batom vermelho, um delineado leve que apenas destacava a pinta que ela tinha embaixo do olho direito. Ela sentiu vários olhos em si quando entrou no ambiente escuro e sombrio, exatamente o que ela queria

Pouco depois de chegar, ela já estava dançando em meio aos corpos espremidos e quentes, ela mexia o corpo o mais sensualmente que conseguia. Em alguns momentos, ela sentia mãos explorarem suas curvas mas não se importava, aquela atenção era exatamente o que seu ego machucado precisava

Cansada, ela parou no bar, escolheu o drink pela cor e virou de uma vez, o líquido rosa queimou sua garganta e ela bateu o copo na bancada

-Outro!

-Vá com calma gatinha - Uma voz avisou antes de colocar outro copo na sua frente - Nesse ritmo vai acabar na cama de um estranho

-Estou aqui exatamente para isso!

-Levou um fora?

-Fui traída, depois de três anos com o mesmo cara

-Esse cara deve ser um idiota - Lhe serviu outro drink - Você é linda. Eu nunca trocaria você

-Obrigada - Ela tomou outra vez mas sentiu a boca mais amarga

-Eu vou sair daqui uns quinze minutos, adoraria dançar com você

Ela sorriu quando o dono daquela voz bonita saiu para atender outra pessoa e ela correu para o banheiro. Aquela bebida não lhe fez bem, afinal, não estava acostumada a beber, então ela forçou o dedo na garganta e colocou tudo para fora

Ela chegou a pensar em ir embora, mas tinha ido ali para festejar, se distrair e esquecer o namorado idiota que havia lhe traído. Quando seus irmãos descobrissem - Ela não conseguia esconder nada deles - Iria ouvir um sermão infinito por ter fugido do campus da Universidade, viajado vários quilômetros, até podia ouvir as palavras sobre responsabilidades, correr riscos desnecessários, coisas perigosas e assustadoras que aparecem no jornal. Precisava fazer algo para valer a pena

Ela lavou a boca na pia, arrumou o batom e voltou para a pista, apesar da cabeça estar zunindo e o estômago embrulhado. Izumi voltou a dançar animada, apesar do mau estar. Um quadril se juntou ao seu, mãos subiram por sua coxa, subiram por sua barriga e pararam perto do seu seio. A morena ondulou ainda mais o corpo quando ouviu a voz bonita dizer baixarias no seu ouvido. Izumi queria que seu ex namorado a visse agora

Depois que sentiu ambos os seios serem apertados e uma boca quente no pescoço, ela parou de registrar as coisas com lógica. Sentiu seu corpo ser levado para fora e o ar gelado a fez tremer. Izumi viu um carro prata quando a mente apagou

Izumi sonhou com o dia que encontrou o namorado na cama com sua prima, sentiu o coração doer. Ela o amava, planejava seu futuro ao lado dele, filhos e uma casa simples. Ela iria trabalhar meio período, cuidaria da casa e dos filhos, prepararia um belo jantar e a noite ela e o marido se amariam até o amanhecer. Izumi era uma sonhadora, idiota.

O sonho ruim fez sua mente despertar, apesar da confusão ela sabia que não estava no seu quarto. As paredes eram mais escuras, a cama menos confortável que a sua, a luz mais clara. Além disso, ela sabia que não estava sozinha

Ela permaneceu parada, ouvindo. Sentiu mãos no seu corpo, delicadas mas fortes, apertando sua cintura, seu seio e suas pernas. Ela não teve coragem de abrir os olhos quando sentiu o seio esquerdo ser mordido e chupado, sons obscenos preenchendo o quarto. Izumi permaneceu parada, ainda era cedo para surpreender. As mãos separaram suas pernas e ela soube que era hora de agir

Ela chutou o ombro daquela pessoa, ainda não conseguia identificar nada dela. Assim que a pessoa caiu no chão, ela buscou algo, suas mãos se fecharam no abajur e ele se estraçalhou contra o rosto da pessoa ainda no chão. Ela reconheceu a lamúria e os xingamentos, era a mesma pessoa da balada que lhe deu a bebida

Ela não perdeu tempo pensando, correu para fora do quarto, e por sorte o quarto dava em um corredor comprido, não haveria erros, ela seguiu o corredor e ouviu passos atrás de si antes de abrir a porta e enfrentar o frio, a neve e o medo

Ela correu, os pés doíam e queimavam por causa do contato direto com a neve, os galhos arranharam seu corpo nú, sangrou e ardeu, mas ela não parou

Poderia ter sido idiota o bastante para se meter naquela situação, mas uma coisa que seus irmãos lhe ensinaram é lutar. O irmão caçula lhe ensinou a lutar com as palavras, o irmão mais velho lhe ensinou a lutar com o corpo. Ela não pararia de correr, de lutar. Ela estava decidida a não desistir

Izumi estava cansada, em momento nenhum parou para olhar para trás, não queria saber se estava sendo seguida ou não, apesar dela ouvir o som de um motor ao longe

Estava no seu limite quando chegou ao pé da montanha, e o trenó elétrico lhe alcançou. A pessoa não era muito alta, estava vestida com roupas quentes e negras, apenas os olhos estavam expostos. Uma onda de adrenalina tomou conta dela, Izumi correu o máximo que pode, mas a neve alta a limitou

Seus cabelos foram puxados e ela sentiu um aperto na garganta. Ela arranhou o braço, mordeu e por fim conseguiu ficar livre, tossindo e sem ar. Antes que a pessoa lhe segurasse, ela conseguiu torcer o pulso e socar sua garganta. Ela tentou chutar seu corpo, mas seus membros inferiores estavam rígidos pelo frio

Ela lembrou que seu irmão lhe disse uma vez, se for cair, caia lutando, e foi isso que ela fez. Lutou, chutou, mordeu e golpeou o máximo que conseguiu, mas era inútil. O frio limitou sua capacidade física e cognitiva, e aquela pessoa de negro conseguiu a vencer

Quando seu corpo caiu na neve, seu pescoço foi apertado e o ar lhe faltou, ela desejou pelo menos orgulhar seus irmãos por ter lutado até o fim

Winter NightsOnde histórias criam vida. Descubra agora