No dia seguinte, Lauren acordou com uma ressaca moral horrível. Camila não só a tinha buscado no teatro, como também a enchera de cuidados e mimos. Tinha dormido com a cabeça apoiada no peito dela, com o coração da menor batendo em seu ouvido.
Era o dia da estreia, mas a ansiedade de Lauren não era por causa disso. Passou o texto mentalmente na cabeça várias vezes. Chegou ao teatro duas horas antes, fez um aquecimento corporal intenso e, quando voltou ao camarim para se maquiar, Bel veio correndo em sua direção, quase gritando:
― Adivinha? Você recebeu flores!
Tinha um magnífico buquê de flores de cores vivas junto com as coisas dela. Lauren abriu e leu o cartão sorrindo:
"Muita merda pra você, meu amor! Da sua maior fã, que te ama muito, muito, muito... E muito!" E a assinatura de Camila, com a caligrafia impecável dela.
Lauren tinha contado sobre a superstição que todas as pessoas de teatro têm: desejar boa sorte dava azar. Por isso, deseja-se merda. Gracinha como sempre, Camila tinha lembrado. As flores eram lindas, e Lauren amou, é claro.
Se maquiou e se vestiu com uma alegria enorme no coração. Quando já estava pronta, ligou para ela:
― Oi, amor! Amei as flores, são lindas! Claro que você é muito mais...
Quase podia vê-la sorrindo só pelo tom de voz:
― Não, você é mais.
As duas riram, felizes. Lauren perguntou:
― Já chegou?
― Já. Tá todo mundo aqui: a Dinah, a Normani, a Ally, o Troye, o Harry e o Louis. Estamos esperando a porta abrir.
O assistente chamou o elenco para o palco.
― Amor, tenho que ir.
― Arrasa, tá? Te amo! Beijo...
― Te amo! Beijo...
Desligou, guardou o celular e correu para o palco. Todos já estavam lá. Alexandra pediu que fizessem uma roda, de mãos dadas:
― A direita dá e a esquerda recebe.
Todos sabiam o que queria dizer: a palma da mão direita virada para baixo e a da esquerda para cima, formando um circuito de energia fechado e perfeito. Deu algumas últimas instruções, incentivou todos, olhou nos olhos de um por um enquanto dizia:
― Vamos fazer com humor e sensualidade. Concentração, foco, energia. Ritmo - concluiu, sorrindo, apertando as mãos nas dela com mais força e sendo imitada por todos:
― Seguro minha mão na sua para que juntos possamos fazer aquilo que eu não posso fazer sozinho.
Puxou um vocalize parecido com um mantra:
― Uhm...
As vozes subindo em um crescendo, em sintonia, até gritarem em uníssono:
― Merda!
Bateram palmas. Alguns se abraçaram e, só depois que o palco ficou vazio, Alexandra ordenou:
― Pode abrir!
Impossível descrever esse momento em que o burburinho do público entrando chega ao ouvido dos atores, confirmando que, em questão de minutos, vão entrar em cena. Por mais experiência que se tenha, é um friozinho inevitável. O primeiro sinal tocou, e o segundo um pouco depois. A gravação de agradecimento aos patrocinadores entrou.
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I Hate Loving You
Teen FictionO ódio poderia ser tudo o que havia entre Camila e Lauren, se ele não fosse apenas uma cortina de fumaça camuflando o intenso amor que as unia, ainda que contra a vontade de ambas. O grande desafio era c conciliar as diferenças destas personalidades...