Capítulo 21

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Camila chegou na Lagoa pontualmente. Faltavam cinco minutos para as seis quando estacionou o carro. Caminhou devagar em direção ao píer, já contando com o habitual atraso de Lauren.

Porém, quando chegou na pontezinha que ligava o píer à ciclovia, viu que Lauren já estava lá sentada, olhando a paisagem, de costas para a menor.

Assim que deu dois passos em direção a ela, Lauren se virou, como se sentisse a presença de Camila. Quando a viu, abriu um sorriso tão lindo que a latina não teve como não sorrir de volta.

Lauren se levantou e caminhou em direção a ela. Ficaram paradas uma na frente da outra, meio sem jeito. Até que Lauren a abraçou, deu um beijo carinhoso no rosto de Camila e disse simplesmente:

― Senti sua falta.

Camila aceitou, ou melhor, adorou o abraço, a frase, o beijo. Lauren parecia amorosa, despretensiosa, com uma naturalidade sem segundas intenções que nunca tinha visto nela.

Caminharam juntas até a beira do píer, onde se sentaram lado a lado, com os pés apoiados na espécie de degrau que tinha embaixo, perto da água. Por um momento, pareceu que tinham voltado no tempo, numa das inúmeras vezes em que tinham ficado ali do mesmo jeito.

Lauren olhou para Camila, deixando o encantamento que dela emanava atingi-la, sem medo. Não conseguiu conter a vontade que teve. Num impulso, pegou a mecha de cabelos castanhos que balançava com o vento e a ajeitou, prendendo atrás da orelha de Camila.

O gesto simples, delicado, fez o coração de Camila acelerar. Ela olhou para Lauren. Os olhos verdes estavam brilhando muito, um brilho diferente, que Camila desconhecia. Isso a surpreendeu completamente.

Então Lauren sorriu, pegou na mão de Camila e voltou a olhar para frente. Com um sorriso, sem tirar a mão da dela, a latina voltou a admirar a vista também.

Ficaram ali sentadas muito tempo. Até o sol se pôr num espetáculo à parte, o céu mudando de cor, avermelhando atrás dos prédios do outro lado da Lagoa, e uma infinidade de tons de azul surgindo e mudando até se transformarem no escuro profundo, desafiado apenas pelas luzes de natal que enfeitavam os edifícios e que se misturavam ao brilho das estrelas. A lua estava cheia exatamente igual à da véspera.

Lauren sentia o coração aquecido apenas com a presença de Camila ao seu lado. As mãos continuavam entrelaçadas. Moveu os dedos acariciando delicadamente os dela, antes de dizer:

― Vamos?

Camila estava achando tudo perfeito. Por isso se permitiu apenas curtir o momento com calma. Aquela era uma Lauren que não conhecia, sem medos, incertezas nem barreiras, totalmente desprendida. A voz de Lauren a obrigou a sair do transe em que se encontrava. Camila olhou para ela como se a visse pela primeira vez na vida e perguntou:

― Pra onde?

A maior respondeu com um sorriso doce:

― Pensei em comer alguma coisa...

Camila também sorriu. Incrivelmente, tinha voltado a sentir fome. Respondeu:

― Ótima ideia.

Lauren já estava de pé e estendeu a mão para Camila, que aceitou sem protestar, achando fofo o jeitinho cuidadoso com que ela a ajudou a se levantar. Atravessaram a ponte e continuaram caminhando lado a lado, trocando algumas poucas palavras. Nada de importante, só amenidades.

Até chegarem ao quiosque japonês. Lauren parou e perguntou:

― Que tal? - Só para constar, porque Camila também adorava comida japonesa.

I Hate Loving YouOnde histórias criam vida. Descubra agora