Camila e Lauren não trocaram mais nenhuma palavra naquela noite. Para falar a verdade, nem se olharam. Quando entraram no quarto, trocaram de roupa uma de costas para a outra. Deitaram-se, apagaram as luzes e demoraram muito para adormecer. Lauren acordou no meio da noite sufocando. Tentava puxar o ar e não conseguia, o peito chiava como um apito. Tinha asma desde criança, mas era uma daquelas coisas horríveis com as quais nunca se acostuma. Considerava está a maior de todas as suas fraquezas, por isso detestava que as pessoas soubessem. Levantou, tateando a bolsa à procura da bombinha. Quando percebeu, Camila tinha acendido a luz e estava em pé ao seu lado, a mão em seu ombro, com uma expressão preocupadíssima.
A latina foi acordada por um barulho estranho que vinha da cama de Lauren. Acendeu a luz, e ela estava de pé, remexendo na bolsa. Respirava com dificuldade. Parecia tão frágil, bem diferente da imagem de autossuficiência, sarcasmo e sedução que Camila fazia dela.
Tocou o ombro de Lauren, perguntando:
― O que você tá procurando?
Lauren fez um sinal com a mão e Camila entendeu na hora. Fez com que a maior sentasse na cama e começou a revirar a mala, procurando. Não demorou muito para encontrar a bombinha. Entregou para Lauren e ajoelhou ao lado dela na cama. Obedecendo à vontade irresistível que sentia, a abraçou.
Depois de usar a bombinha, Lauren foi sentindo os pulmões voltarem a se abrir, o ar entrando, o chiado passando. Já estava se sentindo melhor, mas não queria se mexer, queria continuar aproveitando o perfume delicioso, o calor gostoso do abraço da latina. Uma sensação de entrega, de proteção...
Sentimentos dos quais normalmente fugia, mas, naquele momento, tinha um desejo insensato de curtir.
A menor acariciou os cabelos dela, perguntando:
― Você está melhor?
Lauren não tinha como mentir. Acenou com a cabeça dizendo que sim. Estranhamente, a latina não se afastou. A maior se arrepiou só de perceber como a pele de Camila estava quente... Os olhos se encontraram, questionaram-se, responderam-se.
Os olhos castanhos desceram para os lábios tão próximos dos dela. Bastava se aproximar um pouco para que se tocassem. Os olhos verdes brilharam de contentamento, louca para saciar o desejo pelos prazeres que aquela boca prometia.
Lauren estava ali, parecendo tão desprotegida. Ela a olhou nos olhos castanhos, tocando Camila de uma forma profunda. Estremeceu ao perceber que Lauren ia beijá-la e sentiu um desejo insano de beijá-la também, mas, então, houve uma mudança nos olhos de Lauren e o olhar de predadora que a latina odiava voltou a brilhar.
Camila estava decidida a não ser mais uma na imensa lista de conquistas dela. Desviou a boca dos lábios que já roçavam nos seus e falou baixinho no ouvido de Lauren:
― Você acha mesmo que pode comigo? - Uma raiva fria a movia. Empurrou a morena com força, a obrigando se deitar.
Sentou em cima de Lauren, imobilizando com o corpo e também com o olhar. Beijou o pescoço de forma deliberadamente provocante, as mãos acariciando os seios debaixo do baby doll. Então, passou a língua lentamente no biquinho de um dos seios, antes de colocá-lo na boca e sugá-lo por inteiro.
Isso bastou para que a crise de asma voltasse. Lauren voltou a respirar com dificuldade, ofegando, tentando puxar o ar sem conseguir. Camila pegou a bombinha, colocou na boca de Lauren, apertou três vezes, como a tinha visto fazer.
― Está vendo? - Sorriu ironicamente. ― Sabia que você não aguentava...
Camila voltou para a própria cama e apagou a luz, deixando Lauren imóvel, estática, morrendo de ódio. Não estava acostumada a se render daquele jeito. Muito menos a ser rejeitada. E, entre todas as mulheres do mundo, isso tinha que acontecer justo com essa. A latina tinha provocado, dominado e derrotado de uma forma vergonhosa. Mas, se ela queria jogar, tudo bem. No dia seguinte, sem a desvantagem da asma, seria completamente diferente. Nesse tipo de jogo, Lauren não admitia perder para ninguém.
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I Hate Loving You
Teen FictionO ódio poderia ser tudo o que havia entre Camila e Lauren, se ele não fosse apenas uma cortina de fumaça camuflando o intenso amor que as unia, ainda que contra a vontade de ambas. O grande desafio era c conciliar as diferenças destas personalidades...