Falta de opção

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- Eu não posso me casar com Draco Malfoy- Exclamei horrorizada com o que acabava de escutar.

- Claro que pode! Ele muito rico e está procurando uma esposa.

A ideia de Draco Malfoy estar procurando uma esposa me pareceu muito improvável, mais improvável ainda era o fato dele me querer como tal.

- Porque ele iria querer se casar comigo?

- Ora Astória, o sangue que correm em suas veias é puro, a mais antiga magia. Os Malfoys prezam que a linhagem siga assim. Olha- argumentou Odile aproximando- se — Veja como um acordo, você dará a eles um filho e eles te darão todo o dinheiro e segurança que poderia ter.

Sabia que sua intenção era me convencer, contudo, a maneira que ela falava tudo aquilo fazia parecer que eu me casaria com todos os Malfoy de uma única vez. O que me deixava ainda mais dissuadida.

— Prefiro morrer a me casar com um comensal da morte — retruquei decidida.

— É isso ou uma vida de miséria com seu pai morto. É isso que quer Astória? Carregar a morte do seu pai nas costas? Viver sabendo que poderia ter feito algo para lhe dá uma oportunidade de viver e não o fez?

Nunca na minha vida odiei tanto Odile como naquele momento. E houve muitos momentos em que a desprezei, mas nada comparado com esse. Como ela poderia colocar sobre mim uma responsabilidade como essa?

— Além disso —prosseguiu erguendo o queixo — Já disse para Narcisa que você casaria.

Sai da sala aborrecida. Estava sendo negociada como uma mercadoria. Vendida como as mulheres do passado que não tinham poder nenhum de escolha. Como invejei Daphne naquele momento por fugir de tudo aquilo, por ter tomado as rédeas da própria vida.

Quanto a mim, não havia nada que pudesse fazer depois dessa chantagem que estava sendo submetida. Se era meu destino casar com Draco Malfoy me casaria, talvez não fosse assim tão ruim, sabia que nunca poderia ama-lo de verdade e, no fundo, isso era até reconfortante. Teria uma família sem correr o risco de morrer, exatamente como Odile. Incrível como acabamos nos parecendo com nossos pais, mesmo quando nos esforçamos tanto para ser diferente. Era como se minha vida seguisse um roteiro, teria um marido, filhos, passaria meus dias em festas sem sentido e em jantares com pessoas da sociedade falando sobre amenidades como se fossem importantes. O roteiro de um filme de terror. Totalmente sem perspectiva, porém viva. Viva e morta. Viva e sem amor. Pensar sobre isso era sufocante, sentia toda esperança escorrendo sobre meus olhos, não via nada no meu futuro além de desespero. Tudo que havia sonhado teria que ser deixado de lado.

Naquela noite, chorei até conseguir dormir, e ao acordar meu travesseiro ainda estava molhado. Então lembrei de tudo que acontecera e tive vontade de chorar novamente, mas fui interrompida por Odile que abriu bruscamente a porta. A olhei confusa, ela nunca entrava no meu quarto, não lembro um dia em que tenha vindo pessoalmente me acordar, geralmente isso ficava a cargo de Babette ou de algum elfo- doméstico.

— Você está com uma aparência tenebrosa — foi a primeira coisa que disse ao me ver.

Sempre tão gentil.

— Se arrume — prossegiu impaciente—  Fomos convidados para um almoço na mansão Malfoy hoje. Quero você pronta às onze e meia. Use uma roupa decente e por favor, faça algo em relação a isso — disse apontando diretamente para meu rosto.

Não tive chance de responder, pois antes que pensasse em algo para dizer Odile bateu a porta tão bruscamente quanto abriu. Meu cérebro ainda estava tentando processar toda aquela informação. Almoço na mansão Malfoy? A mesma mansão que abrigou prisioneiros e comensais? Merlim eu estava vivendo um pesadelo, sem dúvidas.

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