A ruína

93 11 10
                                    

Segui Draco pelas ruas de Londres sem saber  nosso destino. Passamos por lugares que eu conhecia vagamente, até chegar a uma parte completamente desconhecida da cidade. As ruas eram escuras e havia pessoas enroladas em cobertas pelos cantos. Comecei a ficar assustada e andar uma pouco mais perto de Draco.

 
—  Que lugar é esse? — perguntei, quebrando o silêncio prolongado da caminhada de trinta minutos que fizemos até chegarmos em frente a uma construção abandonada.  Reparei que ao lado havia uma igreja, nunca havia entrado em uma, será que era ali que ele gostava de ir? Em uma igreja? Mas percebi que ao lado da igreja havia uma pequena casa com uma placa que dizia Centro Social St Flammel. Encarei confusa, Flammel era o nome de um bruxo muito famoso e estávamos em um lugar trouxa, tinha certeza disso.

 
— Você vai ver —  disse Draco, entrando na casa e eu o segui, curiosa. Não tinha ideia do que era um centro social e do que faríamos ali.

 
— David, que bom te ver — um trouxa grande e gordo, que usava um gorro nos cabelos e uma jaqueta de couro mesmo sendo verão, disse sorrindo quando viu Draco entrar.

 
— Rory — Draco sorriu ao apertar a sua mão. — As sopas já começaram a ser distribuídas?

 
—  Ainda não, mas você está com essa roupa toda elegante — respondeu o homem olhando Draco dos pés à cabeça e depois se virou para mim. — Ainda está com essa mina super gata. Apresenta ela, né David — completou me lançando um sorriso. Apesar de ter ficado vermelha, Rory não me deixou desconfortável, seu olhar era acolhedor e seu sorriso era  genuíno, como se seus lábios jamais falassem algo com a intenção de ofender alguém e, mesmo constrangida, sorri para ele.

 
— Essa é Astória ela é minha noi...amiga. Ela é uma amiga — respondeu um pouco sem graça.
Eu o encarei, sabia que ele havia se controlado para não agir como na festa, quando  disse com tanta prepotência que eu era sua noiva. Mesmo que eu fosse mesmo sua noiva, fiquei feliz por não ser lembrada disso naquele momento. Eu não queria ser sua noiva, na verdade, não queria ser noiva de ninguém, mas não me importava de ser sua amiga.

 
— Bem moça, se eu fosse você não deixaria nosso David escapar, ele é um bom garoto.
Percebi que ele se referia a Draco como David pela segunda vez, olhei sem entender o que estava acontecendo. Porque ele chamava Draco assim? Antes que a situação pudesse ficar ainda mais confusa, Draco me puxou para outra sala.

 
— Para onde estamos indo? O que você está fazendo e porque aquele trouxa acha que seu nome é David? — Questionei tudo entre os dentes e sem pausa.

 
—  Shhhh! Logo você vai entender — sussurrou nervoso enquanto atravessávamos  um grande corredor. Passamos por várias salas antes de chegarmos no local que ele queria.  Pude observar que uma tinha muitos brinquedos, como um quarto de brincar. Na outra, existiam vários livros, e algumas cadeiras como as de uma sala de aula. Não parava de me questionar que tipo de lugar era aquele.

Draco me levou até uma grande cozinha, o lugar era quente  devido às panelas gigantes que borbulhavam o que parecia uma poção esquisita, mas o aroma era delicioso. Uma moça baixinha com cabelos vermelhos presos a um coque nos recebeu com um sorriso.

 
— Olá, — ela falou diretamente para mim e depois se virou para Draco com as mãos na cintura — achei que tinha nos abandonado.

 
— É claro que não Sylvie, você sabe que eu jamais os deixaria. Só estava cuidando de uns problemas pessoais, mas estou aqui agora.


Sylvie franziu as sobrancelhas e, depois de nos encarar por cerca de um minuto, pegou dois aventais e os jogou sobre nós.


— Sejam rápidos, não temos a noite toda.

AstóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora