Sobrevivendo em meio a uma guerra

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Quando o dia de ir para Hogwarts chegou, eu estava esperançosa e assustada. Esperançosa por todo o  aprendizado e por encontrar no no lugar que seria meu novo lar. Além de assustada com a possibilidade de ser um fracasso total nas duas coisas. Eu não me considerava interessante ou bonita, não possuía nenhum atrativo que fizesse com que alguém desejasse minha amizade. Tudo que conhecia estava em livros e agora teria que viver no mundo real.

– Vamos Astória, nós não temos o dia todo – Daphne berrou na porta do meu quarto, ela estava indo para o seu terceiro ano, era da Sonserina e contava ótimas histórias sobre como ela se divertia com suas amigas Pansy Parkinson e Emily Bulstrode.

 
— Você acha que vou para Sonserina, como você?

 
— Eu não sei, mas acredito que não. Sonserina não combina com a sua personalidade.

  – Porque diz isso?

 
– Porque sim – disse após pensar por alguns segundos.

 
Eu dei os ombros, como se não me importasse. Era verdade que nós duas não combinávamos em nada, então provavelmente  Daphne estava certa, Sonserina não seria a minha casa. Porém, minha irmã se enganou, apesar de por pouco não ter ido parar na Corvinal, o chapéu seletor resolveu que Sonserina seria o meu lugar. E em meio às palmas, não tão animadas, mais uma Greengrass era recebida em sua mesa.

 
Meu período em Hogwarts foi  como eu ansiava: solitário, contudo tranquilo. Logo percebi que não viveria grandes aventuras, nem teria muitos amigos,  mas isso não foi um grande problema.  - Existe uma liberdade em ser invisível. Ninguém espera nada de você, não precisa corresponder a nenhuma expectativa e poderia fazer o que desejasse.-  Eu desejava ler todos os livros possíveis e me formar em alguma coisa significativa.

 Dividia o dormitório com Melinda Bobbin, Barbara Lince e June Francis. Elas não entendiam minha paixão pela leitura e me achavam esquisita, exatamente como todos, porém eram boas para mim. Diferente do que todos pensam os sonserinos são bem unidos, lealdade é o nosso lema. Então,  tratavam-me bem, apesar de nunca termos desenvolvido nenhuma conexão de fato.

Dapnhe também não era minha amiga, éramos irmãs, e de alguma forma isso era importante, mas cada uma cuidava da sua própria vida. Eu gostava de ser inteligente, de tirar boas notas e me dedicar aos estudos. Daphne gostava de quadribol, andar com suas amigas pelo castelo e beijar meninos pelos corredores.
Lembro a primeira vez que a vi aos beijos com um garoto,  Zabini era seu nome. Fiquei estatelada, com os olhos arregalados sem ter o que dizer. Ela o empurrou quando me percebeu ali parada.

 
– O que está fazendo aqui Astória? – questionou arrumando os cabelos bagunçados.

 
– Achei.. achei que nós não.... Daphne você vai morrer –  eu falei, desesperada.
Ela riu, como se tivesse acabado de ouvir a coisa mais engraçada do mundo. Emburrei logo a cara, odiava que rissem de mim.

 – Mas nós não podemos – respondi, lógica.

 – Ai irmãzinha, às vezes me esqueço de como você é inocente. Nós não podemos amar, isso não quer dizer que não podemos fazer outras coisas.

 – Mas..

 – Olhe Astória você é muito nova para entender, talvez nunca entenda, mas espero que sim. Para o seu bem. Você precisa tirar essa ideia de romance da cabeça, precisa sair um pouco dos livros e viver a realidade, se quiser sobreviver. Uma vida sem amor não quer dizer uma vida sem divertimentos, você não precisa amar um rapaz, ou uma garota – acrescentou sorrindo marotamente – se quiser beijá-los. Você só precisa gostar da sensação, entendeu?

AstóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora