Capítulo 4

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Comigo levarei apenas o que tenho.

A roupa em meu corpo e o cantil de água para a viagem. É pouco, porém acho que nada mais será necessário, afinal de contas não sei o que irei encontrar, ao menos se eu precisar fugir não terá nada que me deixe lenta.

O sol nasceu há pouco, não tomei o café da manhã pois a ansiedade já não me permite por nada pra dentro. Meu estômago se revirou a noite inteira, acho que nunca tive tanto medo antes.

Fecho a janela de meu quarto e desço as escadas rapidamente de volta ao primeiro andar onde todos já estão ali reunidos em um silêncio mortífero em volta da mesa.

Me aproximo calmamente e digo:

–Eu... Eu queria agradecer vocês pela ajuda que me deram, de verdade... e quero desejar boa sorte com... Com a missão de vocês. Mas, eu tenho que ir.

Espero retaliações por parte de Natasha ou um olho revirado, talvez uma despedida mais calorosa de Wanda, mas todos permanecem quietos e é Pietro quem abre a boca:

–Hum, tá, deixa só eu pegar meu cantil. –Ele diz limpando os lábios com o guardanapo, rapidamente se pondo de pé.

–Não precisa, Wanda me deu um.

–Eu sei, to pegando um pra mim.

–Não to entendendo...

–Eu vou com você! –Ele afirma bagunçando os cabelos loiros.

Ãhn?

–Vou com você até o palácio de Avaron.

–Eu não pedi que me acompanhasse.

–E eu não pedi permissão. –Ele responde sinicamente andando pela cozinha.

–Enlouqueceu? –Questiono detestando a ideia de tê-lo atrás de mim como uma sombra.

–Você era uma prisioneira, corre perigo voltando pra lá sozinha.

–O lugar está abandonado, Pietro. Você viu! –Rebato

–Mesmo assim! Podem ter ladrões!

–Agradeço, mas acredito que eu saiba me virar. –Respondo com deboche.

–Você não tem nem uma faca, Irina.

–Eu tenho magia.

–E acabou presa da última vez, não foi?

Como uma faca de dois gumes, esse vem direto no meu peito.

Eu penso em responde-lo. Eu quero responde-lo e falar para que todos ouçam: Não! Eu não tinha magia! Porque se eu tivesse nada disso jamais teria acontecido. Se eu tivesse sido um pouco mais cuidadosa com meus poderes, eu poderia ter salvado a todos. Eu poderia ter impedido tudo isso...

Porém, as palavras se criavam em minha mente, mas não saiam. Ao invés disso me resumo à uma simples letra:

–...É.

Dou as costas a ele e saio andando rumo a porta da frente. O mesmo me segue a passos velozes me ultrapassando e se interpondo no meio do meu caminho, forçando-me a parar e escuta-lo:

–Não é minha intenção atrapalhar sua viagem, Irina. –Havia algo de estranho quando ele falava. –Eu só quero ajudar, juro. Depois você não precisa mais ver a minha cara, mas me deixa ir com você... Me deixa garantir que vai ficar tudo bem.

Reluto cerrando os pulsos, eu preferiria mil vezes ir sozinha e me livrar disso tudo de uma vez, mas, acredito que ter alguém pelo menos pra vigiar ao redor não será uma má ideia, além do mais, assim posso ir a cavalo.

A Filha Da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora