A Filha Da Guerra

Capítulo 7

Horas e horas já se passaram.

O sol já se pôs e a lua nova brilha a cada minuto mais no céu.

Até agora nenhum sinal de que estejamos ao menos perto desse maldito portal.

–Eu não aguento mais! –Exclama Natasha.

–Os cavalos não aguentam mais! –Diz Wanda. –Será que estamos no caminho certo?

–Todos tivemos a mesma visão, não tem como ter sido um engano! –Digo. –É para o norte, a questão é que não temos ideia se estamos chegando perto ou não!

–Alguém quer tentar contato com alguma deusa pra ver se elas nos respondem? –Sugere Natasha.

–Pode ser uma boa ideia. Quem vai? –Pergunta Allan. –Não tem um lago sequer por aqui, não vou conseguir contata-la.

–Eu muito menos. –Fala Natasha. –O céu está limpo demais pra que Zakara me ouça.

–O sol já se pôs. –Diz Pietro.

–Selene não costuma falar comigo quando não é lua cheia. –Pra falar a verdade nem sei como falar com ela, nunca tentei busca-la, era sempre ela que vinha falar comigo.

–Addison e Wanda, é com vocês! –Fala Natasha. As duas reviram os olhos como quem já sabia que ia sobrar pra elas, então saltam de seus cavalos.

Wanda se senta cuidadosamente no chão, sobre as suas pernas, então inclina seu tronco enfiando suas mãos dentro da terra, fechando bem os seus olhos.

Já Addison permanece em pé, pedindo para que todos nos mantenhamos calados. Ela inspira fundo e começa a assoprar lentamente. Faz isso ao menos umas 3 vezes, quando de repente os ventos começam a soprar forte.

Meus cabelos começam a voar, e as árvores chacoalham seus galhos deixando algumas folhas soltas despencarem dos céus sobre nós. De tão forte a ventania, um alto e melancólico uivo se faz ouvir por toda a floresta, me causando arrepios.

Com Wanda, as coisas parecem mais calmas, de repente, o solo começa a brilhar, pequenas luzes verdes escapam pelos grânulos de terra que estão ali, iluminando todos nós nesse noite escura. Olho maravilhada para o que elas fazem, segurando-me firmemente em Pietro para que o vento não me derrube, até que a ventania e as luzes cessam ao mesmo tempo.

Ambas abrem os olhos levemente atordoadas, mas logo se localizam ficando melhor. Elas se olham e ao mesmo tempo dizem:

–Estamos perto!

–Perto quanto? –Pergunta Natasha ajeitando seus cachos bagunçados pelo vento.

Antes que alguma delas possa responder, o chão que tinha se apagado acende novamente, mas não como antes. Agora, as luzes estão em uma fila reta, demarcando provavelmente uma trilha em direção ao portal. O vento passa a soprar também na mesma direção que as luzes indicam.

–Acho que é pra gente seguir... –Diz Allan.

Wanda sobe em seu cavalo com Natasha e Addison vai para seu cavalo com Allan. Minhas pernas já estão dormentes de tanto ficar nessa posição, espero que elas estejam certas, que estejamos mais perto do que pensemos.

Assim, voltamos a cavalgar, dessa vez ainda mais velozes, determinado a acompanhar essas luzes.

Por aproximadamente uns 5 minutos, cavalgamos incessávelmente até darmos de cara com o que tanto procuramos.

Dois imensos portões bem à nossa frente. Não havia nenhuma estrutura atrás, ou na frente, eram simplesmente duas portas gigantes, revestidas por cipós, musgos e raízes que ali se fixaram, indicando que esses portões estão aqui há muito tempo. Tanto tempo a ponto de ninguém sequer reparar na existência deles, embora fiquem afastados o suficiente de qualquer aldeia que possa ter pelas redondezas.