Capítulo 2

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Abro os olhos meio grogue. Esfrego-os com as costas das mãos e me sento na cama para que eu possa acordar de vez. É tão estranho a sensação do colchão em minhas pernas, o travesseiro em minha cabeça, era como dormir em uma nuvem. Sequer me lembrava da sensação. Perdi totalmente a hora, nenhum deles veio me acordar, nem sei se ainda estamos no mesmo dia. Olho pela janela à minha frente e vejo o crepúsculo que se inicia, trazendo a noite consigo.

Ponho-me de pé, pondo as famigeradas pantufas que Wanda me emprestou e, calmamente, abro a porta, olhando para os lados no corredor e vendo que não há ninguém ali. Porém ouço sons vindos do primeiro andar.

Saio do quarto virando na escada. Vou descendo pouco a pouco, com dificuldade para avançar o joelho e fazer o movimento de descida, como se eu tivesse desaprendido. Tentando não fazer barulho, mas é inútil, eles estão todos agrupados ao redor da mesa na cozinha que é bem na frente da escada que desço.

Dessa vez não vejo apenas Pietro e Wanda, há pelo menos mais 4 pessoas com eles naquela mesa. Não me atento muito em suas aparências, apenas termino de descer e deixo que Pietro se levante e venha até mim ja engatando em falar:

–Irina! Que bom que acordou! Dormiu bem? –Assinto lentamente com a cabeça meio atordoada por aquelas pessoas todas que embaralhavam minha visão desacostumada com as pessoas. –Ótimo! Eu... Eu quero te apresentar a umas pessoas, aos meus amigos. Posso?

Não respondo, apenas deixo-o falar.

–Essa é a Natasha, esse é o Allan e essa é a Addison! Galera, essa é a Irina.

–Prazer. –Falo, vendo a menina me revistar com o olhar.

–Então, é você a filha da lua?! –A menina de estatura mediana, de pele pálida, olhos castanhos escuros semicerrados, e longos cabelos cacheados pretos, da uma risada nasal debochada e comenta como se eu fosse um buque de flores mortas: –Não é mesmo o que eu esperava da última de nós. Tem certeza que é ela, Pietro?

Natasha! –Repreende o mesmo.

–Embora a Aisha tenha sido rude, Pietro, não nego que ela está certa. –Concorda uma garota ao seu lado. Cabelos loiros lisos e curtos, na altura de seu ombro. Traços finos, bem magra, usa trajes brancos. –Como tem certeza de que é ela?

–Não costumo me comunicar mentalmente com qualquer um, Addison. –Ele responde asperamente.

–O quê? –Interrompe o garoto dessa vez. Ele é alto, porte físico admirável, cabelos curtos, crespos, castanho escuro, como sua pele negra. Seus olhos resplandeciam um azul invejável, parecia haver um oceano em seu olhar. –Conseguiram se comunicar mentalmente?

–Está brincando? –Pergunta Addison enquanto Natasha apenas o olha com o cenho franzido e os olhos esbugalhados.

–Não, não estou. É ela! –Conclui Pietro passando a mão nos fios loiros em sua cabeça e eu começo a ficar mais desconfortável com tudo aquilo.

–Mesmo assim, ela não me parece nem um pouco com uma filha da lua. –Diz Natasha.

Ela me chamou de quê?

Ãhn? –Emito o som. –Espera, espera, espera! Será que alguém pode me falar do que tudo isso se trata e como vocês sabem quem eu sou...

–Somos daqui... –Fala Addison hesitando.

–Não... Não são. Reconheceria meu... –Interrompo minhas próprias palavras antes que possa terminar a frase: "Reconheceria meu povo." Tusso limpando a garganta e digo: –Reconheceria meus vizinhos. Vocês não são de Avaron.

A Filha Da GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora