A Confusão de Ernie

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    A água corre, majestosa como em uma valsa, enquanto a recolho do rio espelhado, com ajuda de um balde de madeira. Há uma esmeralda sendo refletida na água...mas esmeraldas não voam! Viro-me tomada pelo desespero, quando vejo Ernie voando bem acima de mim.

   -Ernie! Meu Deus, você saiu da proteção! - Grito surtando ao imaginar o que o Ministério da Magia vai fazer comigo se souberem que tenho um dragão.

   Jogo o balde na grama, já não me importando com a rotina de tarefas. Corro em direção a minha casa, o mais rápido que consigo, se não estivesse tão desesperada amaria esse momento. O vento batendo contra mim, fazendo meu cabelo voar, bagunçando meu vestido e me entregando uma dose de adrenalina.

   Vou direto à cozinha buscar alface, Ernie adora alface. Abro a geladeira com um puxão rápido e forte, vejo o alface bem na minha frente, pego arrancando o plástico e jogando no chão, enquanto volto a correr para fora de casa, como se minha vida dependesse disso... Na verdade ela depende, sou menor de idade e o perigo não acaba aí, eu recusei a matrícula em Hogwarts quando tinha 15 anos e se eu expor o mundo bruxo aos trouxas vou para... será que eles realmente me mandariam para Azkaban?

   Paro no meio do campo, na mesma violência que uma batida, meu coração está disparado e todos meus sentidos aguçados. Fios castanhos chicoteiam contra meu rosto ofegante, enquanto levanto o alface para Ernie.

  -ERNIE! - Por favor me note! Dependo disso, Ernie. - ERNIE! ERNIE! - Ela abaixa a cabeça centímetros, na verdade metros, parecendo finalmente me ver, ela agora voa em direção ao chão.Meus cabelos voam desordenadamente e a parte da frente do meu vestido parece estar colada ao meu corpo.

Quanto mais perto ela fica, mais o vento se intensifica, começo a rir e a admirar esse momento, esquecendo dos seus riscos, finalmente ela pousa no chão, suas escamas verde esmeralda estão reluzentes com o sol que bate,ela está linda. Dou passos calmos e lentos, em sua direção, lhe oferecendo alface e ela faz o mesmo.

  -Tome. - Retiro uma folha e jogo no chão cautelosamente, pretendendo fazer um caminho com ele até a proteção. Ernie abaixa sua cabeça e come o alface, faço ela andar mais um pouco e lhe dou novamente, nesse momento só espero que esse alface seja o suficiente, vamos andando aos poucos em direção a floresta e consigo total cooperação dela, o que me alivia, afinal talvez o Ministério nem fique sabendo do desastre de hoje.

Adentramos na floresta, me sento um pouco mais confiante, talvez eles realmente não vão saber do dia de hoje,entrego mais uma folha de alface e ando mais um pouco para trás, tento me localizar e localizar a proteção, observando a floresta ao nosso redor, devo continuar reto por mais 15 árvores e depois virar à direita, andar por mais 30 árvores e chegaremos na proteção.Volto a lhe entregar folha de alface mais algumas vezes, olho para trás após de chegar a árvore 30 e vejo sua casinha.

  -Chegamos, Ernie. - Vou pegar outra folha quando noto que acabou, merda. Posso tentar a atração de cheiro... mas ela está na puberdade, será que já liga meu cheiro com segurança? Bom... melhor perder a mão do que ir para Azkaban. Estico minha mão em sua direção devagar, ela começa a vir para perto, tento controlar o máximo que posso minha respiração.

Seu focinho chega muito perto da minha mão, ela a cheira e logo depois levanta um pouco a cabeça, dou passos para trás tentando atraí-la, agora é a hora da verdade...Ela me segue mansa, vamos entrando na proteção, quando tenho certeza que entramos, decido testar uma coisa. Me aproximo um pouco mais dela, tocando seu focinho agora e massageio, tentando passar a ideia de despedida, dou um sorriso e me afasto, Ernie levanta voo indo para sua cama. Saio da sua área, pegando minha varinha no grande bolso a frente do meu vestido, me viro para a proteção.

  -Scutum praesidium. - Lanço novamente o feitiço para reforça-la Dou uma última olhada em Ernie, que está enrolada na cama dormindo, meus lábios se esticam em um leve sorriso. Coloco a varinha de volta ao bolso e ando pela floresta em direção ao meu lar. Ri ao passar um replay do dia de hoje, quanta animação para um dia só.

A floresta está mais escura que antes, preciso chegar logo em casa, na beira da floresta percebo que todas as luzes de casa estão acesas, paro assim que noto. Quem está lá?

O Poema em Ruínas Onde histórias criam vida. Descubra agora