Prólogo

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Citibank Hall – São Paulo – Brasil - 2017

Aurora não poderia deixar de ficar impressionada com a quantidade de pessoas reunidas no local, extasiadas com a apresentação que estava para começar. Tantas pessoas, de diferentes idades para assistir a um grupo de kpop, não os tinha ouvido tocar ainda, esta era sua terceira missão na terra como guardiã protetora e só fazia apenas três meses que havia começado, estava absorvendo aos poucos a cultura dos humanos.

Achou difícil acreditar que aquele tanto de gente caberia no Citibank Hall. Poderia usar suas asas para ficar em cima da estrutura do show, mas infelizmente a parte de cima é fechada, o local seguia o formato semelhante a um anfiteatro, com um seguimento de três plataformas que serviam como uma serie de camarotes e plateias. A última coisa que desejaria seria chamar atenção de humanos justamente quando está começando a pegar o jeito de como as coisas funcionam. Aurora lembrava amargamente do maldito dia em que uma criança viu sua verdadeira forma "angelical", o que lhe rendeu uma baita bronca desua chefe, só de imaginar aquele olhar.

Lhe dava calafrios até hoje!

Haviam luzes em vários lugares, sustentadas por suportes nas paredes, no chão, nas bases das plataformas e laterais,todas voltadas com único sentido apontando para o palco, com esforço buscou o foco de sua missão, precisava ficar perto da humana que teria que vigiar, mas a mesma insistia em sair do seu campo de visão. Quando conseguiu visualizar sua silhueta em meio às sombras e formas da multidão que se aglomerava na pista próxima ao palco, tentou chegar mais perto para não perdê-la de vista novamente, entretanto o universo tinha planos para atrapalhá-la.

Imediatamente as luzes apagaram, gritos podiam ser ouvidos inundando o espaço, deixando-a desorientada, tinha certeza que até mesmo fora do Hall seriam escutados, as meninas adolescentes cada vez mais se desesperando e apontando freneticamente para frente. Estava de costas para o palco no momento, porém, quando virou-se para tentar discernir em meio a multidão foi tomada pela visão, subitamente, por uma fração de segundo esqueceu como era respirar, suas mãos começaram a tremer e suar, um sentimento de sufocamento estava lhe apertando.

"Mas o que está acontecendo comigo?", pensou, precisava se controlar.

A jovem sacudiu a cabeça devagar

Tocou sua face e sentiu uma lágrima em sua bochecha.

Diante de sua frente, sete homens enfileirados lado a lado, absurdamente lindos, cada um possuía uma beleza digna de um arcanjo. Só podiam ter sido esculpidos pelo próprio Deus. Mas não fora isso o que mais chamou sua atenção, suas vozes, aquelas vozes em harmonia umas com as outras, não se ouvia mais os gritos em sua volta, apenas sua respiração ofegante.

O calor queimava o pescoço de Aurora. Ela precisou de toda sua energia para se controlar e não voar em direção a eles. Riu de si mesma, mas não havia graça. A partir daquele momento, sentiu que estava ferrada.

Nas profundezas de sua mente, Aurora ouviu a voz de sua Chefe, explicando pacientemente o quanto é proibido o contato direto dos guardiões com os humanos, exceto se for explicitamente mencionado na missão. Caso seja quebrada a regra, o guardião receberá uma punição severa. Claro que jamais teria qualquer tipo de relação com os humanos, pensou.

Mero engano. (...)

My Eternal KarmaOnde histórias criam vida. Descubra agora