Décimo

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Ele perderia o helicóptero. Sabia que sim. Sempre soubera. De qualquer forma, continuava correndo. Sempre fazia aquilo. A folhagem da floresta lhe bloqueava o caminho. Rasgava as folhas, abrindo caminho até a clareira. A respiração era audível até mesmo para seus ouvidos. Mas ainda ouvia as hélices rotativas do helicóptero. Próximo. Mais próximo. Barulhento.

- Tenho de conseguir desta vez - gritou para si mesmo. - Terei de conseguir ou serei capturado.

Mas sabia que não conseguiria, embora continuasse a correr, correr, correr.

Como sempre, depois do pesadelo, Naruto se sentava, com o peito arfando pelo esforço e ensopado de suor. Deus! Dessa vez era real. As hélices daquele helicóptero pareciam... De repente, percebeu que ainda ouvia o mesmo som. Estaria acordado? Sim, estava lá. Lá estava Sakura, dormindo profundamente a seu lado. Não estava na guerra. Aquele era o Canadá e, por Deus, ouvia um helicóptero! Cambaleando, pôs-se de pé e cruzou a cabana, pisando descalço no chão frio. Desde o dia em que haviam deixado passar aquele avião, a pistola sinalizadora permanecia em uma prateleira, próximo à porta. Naruto a pegou em seu caminho em direção à saída. Quando disparou, saltando a varanda e caindo no chão, ainda estava nu, mas a pistola sinalizadora segura na mão.

Com a mão esquerda lhe servindo de viseira, analisou o céu. O sol brilhava no nível do topo das árvores. Sentiu os olhos lacrimejar porque a luz era muito clara. Não conseguia ver nada e tinha apenas seis sinalizadores. Não devia desperdiçá-los. Agindo em um impulso, disparou dois deles para cima.

- Naruto, isso é um...

- Helicóptero.

Sakura saiu para a varanda, e lhe atirou a calça jeans. Quando acordara, a princípio com a intuição de que o amante não se encontrava mais a seu lado e depois com o som do helicóptero, vestiu-se rapidamente. Agora, ela também usava a mão em concha para proteger os olhos da luz do sol e procurara no céu a fonte do barulho.

- Ele deve ter visto os sinalizadores - gritou Naruto, animado. - Está voltando!

- Não vejo nada. Como sabe?

- Pelo som.

Ao que parecia Naruto estava certo. Dentro de segundos, o helicóptero surgiu sobre o topo das árvores e circundou sobre a cabana.

Naruto e Sakura começaram a acenar com os braços e gritar, embora fosse óbvio que os dois homens sentados no helicóptero os estivessem visualizando. Podiam até mesmo identificar seus largos sorrisos através do vidro.

- Eles nos viram! Oh, Naruto!

Sakura se atirou nos braços fortes e ele a ergueu do chão, rodopiando.

- Conseguimos, querida, conseguimos!

A clareira em torno da cabana era larga o suficiente para acomodar um helicóptero. Enquanto ele descia, os dois correram de encontro à aeronave de mãos dadas. Sakura não prestava atenção na dor em sua perna. O piloto, acomodado no assento direito, retirou o cinto de segurança e desceu do helicóptero. Acocorado-se para evitar as hélices, correu ao encontro deles.

- Srta. Haruno, certo? - O sotaque sulista era grave. Sakura balançou a cabeça positivamente, sentindo-se, de repente, tímida e sem voz. Em um reflexo se encostou ao braço de Naruto.

- Naruto Uzumaki - apresentou-se ele, estendendo a mão e cumprimentando o piloto com um aperto forte. - Estamos muito felizes em vê-los.

- Também estávamos. O pai da srta. Haruno nos contratou para procurarmos por ela. As autoridades não estavam obtendo sucesso.

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