Décimo Terceiro

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O suor lhe escorria pela face e lhe cobria o corpo todo. O peito se encontra úmido, quando Naruto deixou-se desabar sobre ela. Sakura abraçou-o com força. O instinto maternal aflorou. Queria acalentá-lo como a uma criança.

Pareceu transcorrer uma eternidade até que Naruto encontrasse forças para se mover, mas nenhum dos dois tinha pressa para se separar. Por fim, ele rolou para o lado e se deitou de costas, saciado. Sakura observou o rosto tão lindo. Os olhos azuis se encontravam cerrados. As linhas que lhe pregueavam os cantos dos lábios haviam relaxado consideravelmente desde que ele traspusera a porta da frente. Recostou a face ao peito largo e acariciou o abdômen definido, enterrando os dedos entre os sulcos dos músculos úmidos.

- Não foi só comigo que colocou isso em prática, certo? - De alguma forma, Sakura sabia que fazia tempo que ele não completava um ato de amor.

- Não.

- Não era por medo de eu engravidar, não é verdade?

- Não, não era.

- Por que fazia amor dessa forma? - Ele abriu os olhos e Sakura os observou. Estavam contidos. Aquele homem, que ela considerava totalmente destemido, estava com medo de uma mulher despida, deitada, impotente, ao lado dele e totalmente apaixonada. Qual ameaça poderia apresentar? - Por que impôs esse tipo de disciplina a si mesmo? - Perguntou com voz suave. - Diga-me.

Naruto cravou olhar no teto.

- Houve uma mulher. - Ah, a mulher, pensou Sakura. - O nome dela era Hinata. Conheci-a logo depois que voltei da guerra. Eu estava arrasado. Amargo. Furioso. Ela... - Naruto fez um gesto desamparado. - colocou tudo sobre perspectiva. Deu um foco em minha vida. Eu estava cursando engenharia civil na faculdade de Vancouver. Iríamos nos casar tão logo eu me formasse no curso. Pensei que tudo estivesse bem. Estava. - Fechou os olhos outra vez e Sakura percebeu que ele se aproximava da parte mais dolorosa da história. - Então, ela engravidou e, sem meu conhecimento, fez um aborto. - Cerrou os punhos e a mandíbula se contraiu pela fúria. Sakura quase deu um salto quando ele se voltou abruptamente para encará-la. - Ela matou meu filho. Depois de presenciar todas aquelas mortes, ela... - A respiração de Naruto se tornou tão pesada que a fez temer que ele estivesse tendo um ataque cardíaco. Sakura pousou uma das mãos no peito musculoso e lhe sussurrou o nome.

- Sinto muito, querido. Sinto muito mesmo. - Naruto inspirou profundamente até encher os pulmões de ar.

- Sim.

- Ficou furioso com ela desde então.

- A princípio. Depois, passei a odiá-la demais para me sentir apenas furioso. Havia compartilhado tantas confidências com Hinata. Ela sabia o que se passava em minha mente, o que sentia em relação às coisas. Estimulava-me a falar, sobre o campo de prisioneiros e tudo que aconteceu lá.

- Sentiu como se ela tivesse traído tal confiança?

- Sim. - Com a ponta do polegar, limpou uma lágrima que escorria pela face de Sakura. - Ela me segurou nos braços, enquanto eu chorava como um bebê, contando-lhe sobre os companheiros de guerra que vi... mortos - completou Naruto com um sussurro rouco - Contei-lhe o inferno por qual passei em minha fuga e o que fiz para sobreviver até ser resgatado. Mesmo depois que lhe descrevi a forma como me deitei em meio a corpos em putrefação para não ser capturado...

- Naruto, por favor, não. - Sakura o abraçou e o aconchegou ao corpo.

- Ela teve a coragem de destruir nosso bebê. Depois de eu ter visto bebês sendo despedaçados. Provavelmente, também matei alguns, ela...

- Shhhh, não faça isso.

Sakura lhe aninhou a cabeça contra os seios e murmurou palavras doces, enquanto lhe acariciava os cabelos. As lágrimas lhe turvaram a visão. Sentia o sofrimento de Naruto e desejava poder passá-lo todo para ela. Beijou-lhe o topo da cabeça.

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