Capítulo 6

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Algo faiscou naqueles olhos âmbar, mas ele manteve a expressão neutra. Estaria magoado

por ela revelar que não o conhecia? Tentou se colocar na posição daquele estranho. Imaginar

como se sentiria se o pai de seu bebê de repente não lembrasse mais dela.

Chrysander puxou uma cadeira para o lado da cama e se sentou. Em seguida, esticou o

braço e segurou sua mão. Dessa vez, apesar do instinto a estimular a fazê-lo, ela não se

retraiu.

– Sou Chrysander Anetakis. Seu noivo.

Marley lhe procurou o rosto tentando reconhecer a veracidade daquelas palavras, mas ele a

encarava com semblante calmo, sem nenhum sinal de emoção.

– Sinto muito – disse ela, engolindo em seco quando a voz falhou. – Não me lembro…

– Eu sei. Conversei com o médico. O que você lembra não é importante no momento. É

primordial que descanse e se recupere para que eu possa levá-la para casa.

Marley umedeceu os lábios, o pânico ameaçando dominá-la.

– Casa?

Chrysander anuiu.

– Sim, casa.

– Onde fica? – Detestava perguntar. Odiava o fato de estar deitada ali, conversando com um

completo estranho. Mas, ao que parecia, ele não o era. Aquele homem era alguém de quem

fora íntima. Por quem era obviamente apaixonada. Estavam noivos e ela carregava um filho

dele. Aquilo não devia mexer com algo dentro dela?

– Está se esforçando muito, pedhaki mou – disse ele com voz suave. – Posso ver pelo seu

semblante. Não deve apressar as coisas. O médico disse que tudo voltará no tempo certo.

Marley lhe apertou a mão e, em seguida, baixou o olhar aos dedos unidos aos dele.

– Será? E se isso não acontecer? – Uma onda de medo a invadiu, apertando-lhe o peito,

estreitando sua garganta e a fazendo lutar para respirar.

Chrysander esticou a outra mão e lhe tocou o rosto.

– Acalme-se, Marley. Seu nervosismo não faz bem nem a você nem à criança.

Ouvir seu nome naqueles lábios a fez experimentar sensações estranhas. Era como se ele

falasse de uma estranha, embora Marley se recordasse do próprio nome. Mas temera que, na

confusão da perda de memória, tivesse entendido mal e que com tudo mais o nome também

fosse um pedaço esquecido de sua vida.

– Pode me contar alguma coisa sobre mim? Qualquer coisa?

Estava quase a ponto de suplicar. Lágrimas lhe faziam a garganta se estreitar e os olhos

arderem.

– Haverá muito tempo para conversarmos mais tarde. – Chrysander retrucou com ternura. –

Estou tomando as providências para levá-la para casa.

Era a segunda vez que ele mencionava a casa, embora ainda não tivesse mencionado onde

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora