Capítulo 19

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CHRYSANDER ADENTROU o Imperial Park Hotel dispensando os funcionários que se

apressavam em cumprimentá-lo. As portas do elevador estavam sendo mantidas abertas para

que ele entrasse e fosse levado ao último andar. Instantes depois, Chrysander penetrava na

suíte luxuosa geralmente reservada aos hóspedes VIP. O irmão o encontrou na sala de estar e

ele o encarou com expressão furiosa.

- Por que não a levou de volta ao apartamento? - Chrysander quis saber.

- Ela se tornou histérica à simples menção de voltar para lá - justificou Theron. - Estava

disposta a correr o mais rápido e para o mais longe possível. Tive de prometer que não a

levaria de volta para a cobertura. - Chrysander soltou um xingamento baixo e fechou os olhos.

Em seguida, ergueu a mão e beliscou o nariz em um gesto extenuado. - Ela está à beira de um

colapso - prosseguiu Theron. -Traga aquela terapeuta até aqui para conversar com Marley.

Talvez ela possa ajudá-la.

Chrysander encarou o irmão com o olhar penetrante.

- Parece preocupado com ela.

- Marley está gerando meu sobrinho. - Os lábios de Theron se contraíram em uma linha

fina. - É como você disse. Não há nenhum sentimento de culpa na expressão ou nas ações de

Marley. Ela age como se tivesse sofrido a mais profunda das mágoas. Foi triste vê-la naquele

jeito. De repente, queria fazer tudo que fosse possível para protegê-la daquela dor.

- Onde ela está agora? - perguntou Chrysander.

- Dormindo - respondeu o irmão. - Ela adormeceu no caminho para cá e nem se mexeu

quando a carreguei pelo elevador e a coloquei na cama.

Chrysander se encaminhou ao quarto, determinado a se certificar de que ela estava segura.

Cruzou o aposento imerso em penumbra e estacou ao lado da cama. Mesmo durante o sono, a

testa de Marley se encontrava franzida em uma expressão de desespero.

Esticando o braço, ele lhe tocou o rosto e lhe afastou um cacho de cabelos macios para trás

da orelha. Marley não se mexeu. O rosto pálido estava recostado contra o travesseiro,

emoldurado pelos cachos escuros. Olheiras profundas se destacavam acima das maçãs

descoradas do rosto e a vermelhidão das pálpebras deixava claro que ela estivera chorando.

Chrysander sentiu uma pontada de dor aguda no peito diante daqueles sinais de estresse.

Enquanto retornava à sala de estar, retirou o celular do bolso para chamar a terapeuta.

Quando terminou, fechou o aparelho e se dirigiu a Theron.

- Onde a encontrou?

Theron lhe entregou um drinque.

- Ela estava em um jardim a alguns quarteirões de seu apartamento. - O irmão exibiu uma

expressão pesarosa quando o encarou. - Estava descalça, sem um casaco ou suéter. Parecia

perdida, sem se dar conta do que acontecia ao seu redor.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora